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Cientistas descobriram na Turquia um caso de vampirismo na vida real. Direnc Sakarya e seus colegas da Universidade de Istanbul relataram uma pesquisa que sugeriu o caso inédito na última edição da revista científica Psychotherapy and Psychosomatics. Claudio Conti comenta.

  • Data :05/08/2013
  • Categoria :

6 de agosto de 2013

Cientistas identificam caso de vampiro na vida real

Redação do Diário da Saúde

Vampiro de verdade

Cientistas descobriram na Turquia um caso de vampirismo na vida real.

Direnc Sakarya e seus colegas da Universidade de Istanbul relataram o caso inédito na última edição da revista científica Psychotherapy and Psychosomatics .

Uma pesquisa entre psiquiatras sugeriu que o “vampirismo” poderia ser associado com uma ‘doença mental’, como “transtornos esquizofreniformes”, histeria, transtorno psicótico grave, retardo mental grave “agressor sexual”.

Apesar disso, nunca se estabeleceu uma ligação entre o vampirismo e condições médicas reconhecidas, como transtorno dissociativo de identidade (TDI), transtorno pós-traumático (TPT), ou possíveis antecedentes traumáticos.

Vampirismo na prática

O artigo científico relata o caso de um homem de 23 anos de idade, casado, terceiro de seis irmãos, com um histórico de “vício” para beber sangue que já dura dois anos.

Ele costumava cortar seus braços, peito e abdômen com lâminas de barbear para coletar o sangue em um copo e bebê-lo.

O interesse inicial em beber seu próprio sangue posteriormente virou-se para o sangue dos outros. Estas “crises” foram caracterizadas por um forte desejo de beber o sangue imediatamente, uma necessidade “tão urgente quanto respirar”.

Ele gosta do cheiro e do gosto de sangue, apesar de achar isto um comportamento “insensato”. Ele também gosta de sugar ferimentos ou picadas na pele de outras pessoas para saborear sua “iguaria”.

O vampiro da vida real já foi preso várias vezes, depois de atacar pessoas para esfaqueá-las ou mordê-las com a intenção de coletar e beber seu sangue.

Ele forçou seu pai a obter sangue em bancos de sangue.

Vida de vampiro

Os cientistas tentaram descobrir as razões do vampirismo realizando um cuidadoso levantamento de sua história familiar e de tratamentos médicos.

No Questionário de Traumas Infantis, ele só apresentou uma pontuação elevada, em abuso emocional. No entanto, é amnésico sobre sua infância entre os 5 e 11 anos de idade.

O vampiro não apresenta problemas afetivos, transtorno do pensamento formal, comportamento desorganizado e nem delírios.

Todos os demais exames - eletroencefalograma, ressonância magnética e inteligência (QI) - deram resultados normais.

Transtorno dissociativo de identidade

Finalmente, usando dois critérios sobre experiências dissociativas, os médicos concluíram um diagnóstico de transtorno dissociativo de identidade (TDI), após uma marcação de 86/100 na escala de experiências dissociativas, ainda que a repetição do exame tenha dado 54/100.

O vampiro da vida real também atendeu aos critérios para ser diagnosticado com Transtorno Depressivo Grave (crônico) e abuso de álcool.

Apesar de seus comportamentos criminosos, ele não preenche os critérios para o diagnóstico de transtorno de personalidade antissocial ou de transtorno esquizofrênico.

Quanto aos sintomas de transtorno de estresse pós-traumático, os cientistas especulam que eles podem ter sido reforçados por sua próprias experiências criminais.

Felizmente, na vida real, quem é mordido pelo vampiro não desenvolve o mesmo transtorno.

Na verdade, os médicos afirmam que o diagnóstico, e o tratamento embasado nesse diagnóstico, foram suficientes para curar o vampiro.

Notícia publicada no Diário da Saúde , em 12 de fevereiro de 2013.

Claudio Conti comenta*

O artigo em análise aborda a questão do “vampirismo”, isto é, o hábito de beber sangue humano. Estamos especificando o sangue humano para diferenciar do consumo de sangue animal em pratos culinários ou “in natura”.

Este artigo apresenta um resumo do trabalho científico publicado no periódico Psychotherapy and Psychosomatics, sob o título “‘Vampirism’ in a Case of Dissociative Identity Disorder and Post-Traumatic Stress Disorder” (2012). Sendo um resumo, muita informação não é apresentada, conduzindo, desta forma, a uma avaliação limitada do estudo.

Uma ideia equivocada é passada logo nos dois primeiros parágrafos, que diz: “Cientistas descobriram na Turquia um caso de vampirismo na vida real” e “relataram o caso inédito”.

Os autores do artigo científico, logo no início, declaram que estudos descrevendo este comportamento são publicados em periódicos psiquiátricos desde os anos 60, citando dois como exemplos, cujos títulos são: “Vampirism: a review with new observations” (1964) e “Vampirism: a legendary or clinical phenomenon?” (1984).

O que é inédito, conforme concluído pelos mesmos autores, é o relato seguindo o rigorismo científico de um caso de vampirismo associado a transtorno dissociativo de identidade. Esta associação, todavia, é que vale ser ressaltada numa análise sob a ótica espírita, pois o paciente relata experiências que podemos considerar como sendo decorrentes de processos obsessivos.

Os relatos do paciente que podem ser considerados como decorrentes de processo obsessivos são: a) se encontrara em algum lugar sem saber como chegou; b) outras pessoas o chamavam por diferentes nomes; c) dizer que “existem dois ‘eu’ em mim"; d) via um homem alto e um menino; e) o menino que ele via o forçava a atos violentos e tentativas de suicídio e; f) conversava consigo mesmo.

Outra questão interessante é que o hábito de beber sangue surgiu após uma doença que levou à morte de sua filha com apenas quatro meses de idade e em duas situações esteve em contato com sangue decorrente de violência: uma delas presenciou o assassinato de seu tio quatro anos antes; ao abraçá-lo, o sangue se espalhou pelo seu rosto; o outro caso ocorreu três anos antes, quando um amigo degolou uma vítima.

Como suposição apenas, pois carece de maiores detalhes, estes eventos podem ter servido como estímulo, cujo efeito tenha sido trazer à tona reminiscências desagradáveis de experiências vividas em outras existências, que alterariam o comportamento do indivíduo de alguma forma; no caso em questão, pode ter dado surgimento ao desejo de consumir sangue. O acesso de reminiscências de outras existência ao consciente não necessariamente é completo e, por isso, nem sempre é claro ou perceptível e os efeitos podem ser os mais diversos, dependendo de como o indivíduo reage ao estímulo.

Apesar de se disseminar na mídia espírita que a Organização Mundial de Saúde – OMS reconhece a obsessão, isto não é bem o que acontece. Não existe nenhum reconhecimento de processos obsessivos e/ou manifestação de espíritos de forma involuntária ou desejada.

O item F44.3 do Código Internacional de Doenças – CID 10 diz o seguinte:

F44.3 Estados de transe e de possessão

“Transtornos caracterizados por uma perda transitória da consciência de sua própria identidade, associada a uma conservação perfeita da consciência do meio ambiente. Devem aqui ser incluídos somente os estados de transe involuntários e não desejados, excluídos aqueles de situações admitidas no contexto cultural ou religioso do sujeito.”

Percebemos que a OMS reconhece o transe no âmbito religioso ou cultural, mas não afirma se tratar de manifestação de espíritos e, quanto ao transe involuntário, também não há nada a este respeito, porém, como fora incluído no CID 10, supõem-se que, uma vez estes transes acontecendo, algo necessitaria ser feito para fins de tratamento.

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .