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  • Indiano compra camisa de ouro de R$ 491 mil

Apelidado de ‘o homem de ouro’, Datta Phuge costuma usar anéis, pulseiras grossas e um medalhão de ouro. A camisa, usada em ocasiões especiais, pesa um total de 3,3 quilos. É uma vestimenta extravagante, mas Phuge defende sua exótica roupa. Raphael Vivacqua Carneiro comenta.

  • Data :21/07/2013
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21 de julho de 2013

Indiano compra camisa de ouro de R$ 491 mil

Rajini Vaidyanathan BBC News, Mumbai

Um empresário indiano comprou uma camisa feita inteiramente de ouro e que vale US$ 250 mil (cerca de R$ 491 mil).

Apelidado de “o homem de ouro”, Datta Phuge costuma usar anéis, pulseiras grossas e um medalhão de ouro.

A camisa pesa um total de 3,3 quilos. É uma vestimenta extravagante, mas Phuge defende sua exótica roupa.

“Algumas pessoas me perguntam por que eu uso tanto ouro. Mas sempre foi o meu sonho. As pessoas têm diferentes aspirações. Algumas pessoas da elite querem ter um Audi ou um Mercedes, e ter carrões. Eu escolhi o ouro”, afirma.

Seguranças

Como se trata de uma vestimenta pouco prática, a camisa só é usada em ocasiões especiais, como festas e eventos.

Phuge conta que ela desperta uma reação de misturas. Alguns ficam impressionados e outros acham que se trata de ostentação.

De toda forma, a fim de garantir sua paz quando veste a roupa de ouro, Phuge conta com diversos seguranças, entre 30 a 40 pessoas.

A camisa foi feita sob encomenda por uma empresa especializada. Tejpal Rankar, da Rankar Jewellers, conta que a companhia pesquisou diferentes cortes e padrões e procurou fazer com que a roupa não fosse muito dura e pesada para usar.

A equipe de estilistas da empresa fez a camisa de ouro utilizando fios italianos e uma máquina especial.

Rankar conta que a inspiração foram imagens antigas de reis indianos e suas armaduras. A camisa é forrada com veludo para evitar de arranhar seu dono.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 15 de abril de 2013.

Raphael Vivacqua Carneiro comenta*

As joias da atriz Elizabeth Taylor, vendidas este ano, custaram 115 milhões de dólares; apenas um colar de pérolas custou 11,8 milhões. O jogador de futebol Romário tem em sua garagem uma Ferrari de 1,3 milhão de reais, dividindo espaço com vários outros carros de luxo. Qual a diferença entre colares, carros de luxo e uma camisa de ouro? Apenas estética, nada mais. E qual a semelhança entre si? Superfluidade, extravagância, ostentação. Feitas as devidas abstrações geográficas e culturais, uma atriz norte-americana, um esportista brasileiro ou um empresário indiano, ao adquirir tais objetos, está apenas tentando ser feliz ao seu modo, dando vazão às suas fantasias e sonhos de posses materiais e admiração alheia.

A busca da felicidade é um anseio legítimo e natural de todos os seres humanos. Contudo, quase sempre o homem a procura onde ela não está. Daí as frustrações e desgostos serem sentimentos comuns, em nosso mundo, tanto a ricos quanto a pobres. Segundo a Doutrina dos Espíritos, a felicidade completa não é atingível neste mundo, porque este é um mundo de expiações e de provas. Entretanto, depende apenas do homem a suavização de seus males, para se tornar tão feliz quanto possível na Terra.

A noção de felicidade terrena é relativa ao ponto de vista de cada indivíduo: o que para um representa o céu, para outro seria um inferno. Para uns, a felicidade é viver na tranquilidade do campo; para outros, num grande centro cultural. Para uns, é estar cercado pela família; para outros, é ser livre para aventurar-se. Invertam-se os personagens e as situações, e o que era fonte de prazer, passa a ser de aflição. Há, contudo, uma felicidade que é comum a todas as pessoas. Quem não aprecia sentir-se amado e respeitado? Quem não gosta de ter as suas necessidades saciadas? Traduzindo isso numa lei geral, o Espiritismo sintetiza sabiamente o seguinte conceito: “com relação à vida material, a felicidade é a posse do necessário; com relação à vida moral, é ter a consciência tranquila e a fé no futuro”.

É subjetiva a fronteira entre o que é supérfluo e o que é necessário. Conforme a ambição, a extravagância e o apego material, aquele que não consiga manter um determinado padrão social, ou que não possa satisfazer suas paixões, pode acreditar que lhe falta o necessário. Mas este indivíduo seria mesmo alguém digno de lástima, quando ao seu lado há tantos morrendo de fome e frio, sem ter onde repousar a cabeça? A sabedoria consiste em ajustar a distinção entre o necessário e o supérfluo; isso constitui um dos segredos para a felicidade terrena.

“Não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes os comem; acumulai tesouros no céu; porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração”, ensinava Jesus. Quando a fraternidade reinar entre os povos, o momentâneo supérfluo de um suprirá a momentânea insuficiência do outro; e cada um terá o necessário. O rico será como aquele que possui grande quantidade de sementes: se as espalhar, elas produzirão para si e para os outros; se, entretanto, comê-las sozinho ou desperdiçá-las, elas nada produzirão e não haverá o bastante para todos. Do ponto de vista moral, ser rico é uma prova tão difícil para o homem, quanto estar na miséria material. Enquanto o miserável é tentado a queixar-se da Providência divina, o rico é atraído a todos os excessos que o poder favorece. Dispondo de fartos meios para fazer o bem e o mal, o rico fica sujeito a sucumbir a grandes tentações, podendo tornar-se egoísta, orgulhoso e insaciável, julgando possuir o bastante apenas para si mesmo. Deus experimenta o pobre pela resignação e o rico pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder. A riqueza e o poder fazem nascer as paixões que nos prendem à matéria e nos afastam da perfeição espiritual. Por isso, Jesus dizia: “mais fácil é passar um camelo pelo buraco de uma agulha, do que entrar um rico no reino dos céus”.

A desigualdade das riquezas é um fenômeno compreensível, no estágio em que se encontra o desenvolvimento espiritual da humanidade. Hipoteticamente falando, se toda a riqueza do mundo fosse igualmente repartida entre os homens, passado pouco tempo esse equilíbrio estaria desfeito. A razão para isso é muito simples: os homens não são igualmente aptos, nem igualmente laboriosos, nem igualmente previdentes. Ademais, as grandes descobertas e empreendimentos necessitam de certa concentração de recursos. Nada disso, entretanto, exime o homem dos deveres da caridade e da busca por diminuir a distância e os contrastes entre as camadas sociais.

Falando em contrastes, a Índia, assim como outros países emergentes ou em desenvolvimento, apresenta indicadores sociais muito ruins. Apesar do crescimento econômico registrado nas últimas décadas, a Índia possui a maior concentração de pessoas miseráveis no mundo. Cerca de 30% da população, ou seja, mais de 300 milhões de habitantes vivem abaixo da linha de pobreza, com menos de um dólar por dia, o que se reflete no estado de subnutrição de 43% das crianças menores de cinco anos. Num cenário como este, uma camisa de ouro de 250 mil dólares não representaria a salvação geral, mas sem dúvida ajudaria a aliviar o sofrimento de muitos. E daria uma gota a mais de consciência tranquila – que é fonte de verdadeira felicidade – a alguém que hoje recorre a 40 seguranças para viver.

  • Raphael Vivacqua Carneiro é engenheiro e mestre em informática. É palestrante espírita e dirigente de grupo mediúnico em Vitória, Espírito Santo. É um dos fundadores do Espiritismo.net.