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  • 'Por que meu filho teve de morrer assim?', diz editor da BBC em Gaza

Mashhrawi, editor de fotografia da seção árabe do Serviço Mundial da BBC, perdeu seu filho de 11 meses, Omar, durante um bombardeio em sua casa na Cidade de Gaza. O bebê morreu no hospital, com queimaduras na maior parte do corpo. Nara de Campos Coelho comenta.

  • Data :17/04/2013
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16 de abril de 2013

‘Por que meu filho teve de morrer assim?’, diz editor da BBC em Gaza

A família do jornalista da BBC Jehad Mashhrawi está entre as vítimas civis da recente onda de ataques entre Israel e a faixa de Gaza.

Mashhrawi, editor de fotografia da seção árabe do Serviço Mundial da BBC, perdeu seu filho de 11 meses, Omar, durante um bombardeio em sua casa na Cidade de Gaza. O bebê morreu no hospital, com queimaduras na maior parte do corpo.

A cunhada de Mashhrawi também morreu. Seu outro filho, Ali, e seu irmão estão no hospital com ferimentos graves.

“O que o meu filho fez para morrer assim?”, lamentou Mashhrawi. “Qual foi o seu erro? Ele tem dez ou onze meses, o que ele fez?”

A violência vem aumentando em Gaza e no sul de Israel depois que ataques israelenses na quarta-feira mataram mais de dez palestinos, entre eles o chefe do braço militar do Hamas, Ahmed Said al-Jabari.

Nesta quinta-feira, o governo de Israel divulgou imagens da operação que matou Jabari. O vídeo aéreo mostra o carro de Jabari sendo monitorado pelos militares. Poucos segundos depois, o carro é atingido por um bombardeio. Jabari, de 46 anos, morreu na hora.

Em um discurso, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse que o país está “preparado para tomar qualquer ação necessária” para se defender.

Pouco depois, o líder político do Hamas, Khaled Meshaal, que vive exilado no Sudão, disse que “Israel jamais derrotará a Faixa de Gaza”.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 15 de novembro de 2012.

Nara de Campos Coelho comenta*

A morte à luz do Espiritismo

Há mais de 2000 anos, o Mestre Jesus veio à Terra para nos ensinar a ciência do bem viver. Trouxe, como primeiro e mais importante postulado, o amor: a Deus, a si mesmo e ao próximo. Viveu exemplificando o que ensinava. Entretanto, era demais para o povo de então, mergulhado num orgulho alarmante, fixado num egoísmo destruidor, quando a vida não era nada e matava-se a quem fugia do sistema. O amor era uma ousadia e Jesus foi assassinado. Entretanto, a mensagem maior estaria por vir: Jesus voltara materializado para mostrar-nos a todos, especialmente ao homem do 3º Milênio, que a morte não existe. Apesar de todas as dores que lhe foram impingidas, Jesus estava ali, vivo e atuante. “Milagre! Milagre!”, disseram por todos os séculos. E o falso milagre empanou a realidade vivida pelo Mestre em benefício da humanidade inteira e a dizer: a morte não existe!

Os milênios se passaram e o homem segue em traumático sofrimento, tendo a morte, inevitável para todos, como castigo inexorável. Ausência de explicações e sensação de abandono são anexadas à dor da perda dos entes queridos, sem que Deus, para os que Nele creem, nada faça para dirimi-las. Enquanto os que em nada creem repetem: “Se Ele não conseguiu salvar Seu Filho, é porque não existe!” E a morte prossegue aterradora, como veículo do mal, fazendo vítimas em todas as fases da vida, em todas as classes sociais, em todas as circunstâncias. Não há fortuna que a evite nem poder que a faça sucumbir, a não ser o poder do conhecimento das leis da vida, que o Espiritismo veio resgatar, matando a morte.

Assim, a partir de 1857, quando Kardec trouxe a lume “O Livro dos Espíritos”, passamos a nos saber Espíritos, que mergulhamos num corpo de carne, propício para a vida na Terra, e o fazemos tantas vezes quanto as necessárias para o nosso aprimoramento moral. Quando dissemos que Jesus veio nos trazer a ciência do bem viver, é porque ela se apoia em leis divinas que precisamos conhecer e seguir para sermos felizes, entendendo a vida material como escola evolutiva. Eis que a Terra não é nosso lar, não é uma estação de férias, tampouco oportunidade para que adquiramos aquela fortuna de causar inveja aos outros, nem o poder que enlouquece. A vida na Terra é bênção divina para que nos libertemos de nossas mazelas, usando a dor, que ainda merecemos, como divino buril capaz de fazer brilhar-nos a alma antiga. Sim, alma antiga, pois nascemos antes do berço e continuamos vivos depois do túmulo. E as experiências vão se somando ao longo das encarnações que se repetem até que encontremos a sabedoria, a evolução integral. “Como aquela criancinha pode ser tão linda e inteligente, enquanto o outro menino é feio e deficiente?” A resposta vem de Jesus, quando disse: “A cada um segundo as suas obras…” Aquele corpinho pequeno e frágil abriga um Espírito que tem suas dívidas com relação às leis divinas, ensinadas por Jesus, e precisa aprendê-las e respeitá-las, pois está, como todos estamos, sob a égide da Lei de Causa e Efeito. Como nos ensina Kardec, todo efeito tem uma causa que o promove. Por isto, Jesus nos disse: “…Nenhuma de minhas ovelhas se perderá!”

E a morte? Ela é um processo natural e indispensável, que marca o fim de nossa caminhada terrena, reconduzindo-nos ao Mundo Espiritual, pátria de origem de todos nós. É quando nos desvestimos do nosso corpo de carne, instrumento divino e precioso que nos serviu, e, sempre no tempo aprazado pelas leis divinas (exceto nos casos de suicídio), assumimos a condição de Espíritos desencarnados. O corpo de carne, como nos ensinou o Apóstolo Paulo, é o corpo sujeito à corrupção, ou seja, passível de se desfazer sob os ditames das leis da vida física, enquanto o corpo espiritual permanece vivo, na dimensão espiritual. Por isto, o espírita prefere chamar a morte de desencarnação, porque significa o espírito que deixa sua roupagem carnal, permanecendo vivo e sem a dor da finitude, como nos sugere a morte. Nova encarnação, novo corpo para o mesmo Espírito.

Muitas vezes, as mortes súbitas, por causas naturais ou acidentais, nos dão a sensação de que estavam fora da hora, que o desencarnado não teve tempo de pedir socorro… Com o Espiritismo, entendemos que a desencarnação é preparada no mundo espiritual, junto aos temas importantes da vida de cada pessoa, como o casamento ou o não casamento, a formatura, como o ter filhos ou não tê-los e assim por diante. E a personagem central participa e, muitas vezes, escolhe o que lhe é mais favorável, tendo em vista o progresso espiritual a ser atingido. E uma comissão de amigos desencarnados, parentes e entes queridos que a antecederam na Pátria Espiritual, estão ali, recebendo-a e ajudando-a a se libertar do corpo físico. Nada é de surpresa.

Quando um nenenzinho desencarna, à maneira do filho do jornalista da BBC, mostrado na notícia postada aqui, o Espiritismo nos fornece o entendimento de que o corpo físico é pequeno, mas aquela alma é antiga e cheia de necessidades de ajustamento às leis de Deus. Muitas vezes, aquele único ano é fundamental para o complemento de um aprendizado espiritual, para o “ajustamento” às leis divinas que um dia ele infringiu. Disse-nos Jesus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. E a justiça a que Jesus se refere é a de Deus, muitas vezes incompreendida pelos homens, mas que se faz clara, graças à reencarnação.

A dor de quem fica é imensurável, mas quando é sustentada pelo entendimento das leis divinas, exemplificadas por Jesus, é minorada. E, pela convicção de que Deus não erra e de que somos viajores da eternidade em busca do aprendizado maior, temos a confortadora certeza de que morte não é inimiga, nem castigo, é processo natural que devemos aprender a entender, preparando-nos para ela. A separação dos entes queridos é temporária. Voltaremos a nos encontrar aqui mesmo, via reencarnação, ou no Plano Maior onde os estreitaremos em nossos braços e, comovidamente, mas plenos de alegria, diremos: “Que saudade!”

Enquanto isto, vamos aplacando a dor da saudade com prece de amor e de entendimento e, por isto, sem revolta, sabendo, com Kardec, que os Espíritos se comunicam e que existe uma grande fraternidade entre o Céu e a Terra. E usando da caridade em benefício de quem sofre teremos aplacada ainda mais a nossa dor, entendendo porque Pedro, o Apóstolo de Jesus, nos ensinou que “o amor cobre a multidão de pecados”.

  • Nara de Campos Coelho, mineira de Juiz de Fora, formada em Direito pela Faculdade de Direito da UFJF, é expositora espírita nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, articulista em vários jornais, revistas e sites de diversas regiões do país.