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Zhou Yuehua, que tem o corpo parcialmente paralisado por conta de uma poliomelite adquirida na infância, continua fazendo seu trabalho. Ai Qi, seu marido, a carrega nas costas em região montanhosa da China. Cristiano Carvalho Assis comenta.

  • Data :03/03/2013
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3 de março de 2013

Médica com corpo paralisado é carregada por marido para atender pacientes

China -  Uma médica chinesa que tem o corpo parcialmente paralisado por conta de uma poliomelite adquirida na infância, não foi impedida de continuar fazendo seu trabalho. Zhou Yuehua, de 43 anos, conta com a ajuda de seu marido para se locomover para os lugares e atender seus pacientes. Ai Qi, de 48 anos, carrega a esposa nas costas pelos arredores da vila Xihe, que fica numa região montanhosa do sudoeste da China.

Zhou se formou em medicina e decidiu retornar à sua cidade de origem. Mas encontrou muitos desafios pela frente, já que o local é uma região rural e não possui os meios de transportes adequados para sua locomoção. Sem a ajuda e a dedicação de Qi seria praticamente impossível que a médica cumprisse com suas tarefas.

O percurso que o casal faz todos os dias é de 13 quilômetros, com a duração de quatro horas de caminhada. O mais impressionante é que o atendimento é gratuito e quase três mil moradores são consultados e medicados sem pagar por absolutamente nada.

Em entrevista dada ao site Austrian Times , Zhou reconhece todo o esforço e a dedicação do marido. “Não há muitas estradas, e os caminhos são todos através das montanhas. Eu não conseguiria chegar a lugar nenhum se não fosse pelo meu marido. Ele é, literalmente, o meu maior apoio”, afirma a médica.

Já o marido, muito modesto, prefere dizer que apenas a ajuda. “Ela não cobra, ela nunca diz que não pode vir e ela nunca desiste de um paciente. É uma honra ser as pernas dela”, conta Ai Qi admirado.

Notícia publicada no Jornal O Dia , em 8 de janeiro de 2013.

Cristiano Carvalho Assis comenta*

Grandes ensinamentos tiramos quando lemos a reportagem. Quantos livros, conhecimentos, sofrimentos e aprendizados precisaremos para seguir o exemplo do casal.

Se nos imaginássemos em uma situação como a relatada, qual seria a nossa forma de reagir? Primeiro, no papel da médica. Muitos de nós teríamos nos “encostado” pelo INSS, devido à doença, ou deixado de ir por falta de acesso. E ainda, quantos, mesmo com toda a saúde e financeiramente estáveis ou sem problemas no transporte, seriam capazes de atender às pessoas sem receber nada em troca? No decorrer da leitura, vemos que ela ainda possui sua deficiência desde o nascimento e nem isso foi uma justificativa para ter deixado de ser médica.

No lugar do marido, como reagiríamos? Já somos capazes atualmente de fazer o que nosso cônjuge nos pede sem ficarmos com raiva ou contrariados? Se tivermos que deixar de lado nossas vontades para fazer algo que não seja do nosso interesse, normalmente ficamos contrariados e com raiva. Mas se fazemos, demonstramos enfaticamente com a cara fechada ou com respostas monossilábicas que não estamos satisfeitos. Ou então cobraremos com juros reciprocidade mais tarde. Ficar como o marido, de forma humilde e satisfeito por estar ajudando, sem cobrança é coisa rara.

Podemos ver assim que as dificuldades e os desafios que a vida apresenta não são determinantes para fazer ou não alguma coisa. O que realmente dita e faz a diferença nestes momentos é a vontade bem direcionada de cada um para superar suas dificuldades. Léon Denis, em seu livro O Problema do Ser e do Destino , nos diz: “Dirigi incessantemente vosso pensamento para esta verdade: podeis vir a ser o que quiserdes. E sabei querer ser cada vez maiores e melhores. Tal é a noção do progresso eterno e o meio de realizá-lo; tal é o segredo da força mental, da qual emanam todas as forças magnéticas e físicas. Quando tiverdes conquistado esse domínio sobre vós mesmos, não mais tereis que temer os retardamentos nem as quedas, nem as doenças, nem a morte; tereis feito de vosso “eu” inferior e frágil uma alta e poderosa individualidade!”

A maioria de nós, quando vemos as limitações à frente, desistimos e dizemos que não realizamos por causa delas. Os homens ou mulheres que conhecem o poder da vontade não veem as limitações como um ponto final, mas como um ponto de interrogação, que os levam a se perguntar e descobrir qual o meio de realizar suas vontades, mesmo com todas as limitações. Já têm a noção de que há vários caminhos para chegarmos a um mesmo objetivo e não reagem como nós, infantilmente, que achamos que só a nossa forma é única, sendo normalmente a mais confortável e sem esforço.

Os maiores empecilhos para nossa evolução são o egoísmo, o orgulho e o nosso instinto de conservação excessivo, que nos faz querer o “primeiro eu”. Mas, para crescermos espiritualmente, precisaremos equilibrar esses sentimentos egoístas através da  renúncia e do sacrifício, sem revolta e com muito amor, da forma mostrada na reportagem. E, para isso, desenvolvamos o amor, o desprendimento e a humildade em nossos corações.

  • Cristiano Carvalho Assis é formado em Odontologia. Nasceu em Brasília/DF e reside atualmente em São Luís/MA. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Maranhense e colaborador do Serviço de Atendimento Fraterno do Espiritismo.net.