Carregando...

  • Início
  • 'Por que tirar Deus do Real?'

O filósofo François-Marie Arouet, que assinava como Voltaire, escreveu que “se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo”. Pode-se dizer que, muitas vezes, se uma polêmica não existe, é preciso criá-la. É o caso da discussão sobre o fato de constar nas cédulas do real a frase “Deus seja louvado”. Claudio Conti comenta.

  • Data :16/02/2013
  • Categoria :

19 de fevereiro de 2013

“Por que tirar Deus do Real?”

por Antonio Carlos Prado e Laura Daudén

O filósofo François-Marie Arouet, que assinava como Voltaire, escreveu que “se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo”. Pode-se dizer que, muitas vezes, se uma polêmica não existe, é preciso criá-la. É o caso da discussão que agora se abre sobre o fato de constar nas cédulas do real a frase “Deus seja louvado”. Foi ajuizada em São Paulo uma ação civil pública com o melhor e mais republicano dos objetivos: proteger a liberdade religiosa. Assim, a ação pede que tal frase seja retirada das notas. “Imaginemos a cédula de real com a seguintes expressões: Alá seja louvado, Buda seja louvado, Salve Oxóssi, Deus não existe (…)”, diz um trecho da representação. A alegação é que o Estado é laico, o que implica neutralidade nas questões religiosas. Ocorre, porém, que a expressão Deus não se refere a uma religião específica: para os seguidores do budismo, por exemplo, Buda é Deus. Também para os crentes em Oxóssi, ele é uma divindade – ou seja, Deus.

Matéria publicada na Revista ISTOÉ , em 14 de novembro de 2012.

Claudio Conti comenta*

Com o advento da internet, a informação é disseminada com grande facilidade. Neste contexto, os meios de divulgação buscam a atenção do leitor com grande intensidade, numa batalha sem fim entre eles.

Para tentar alcançar ou se manter no topo, é necessário a atualização frenética das notícias. Muitos degeneram para informação inútil, sem conteúdo, fomentando desatinos dos mais diversos entre os leitores. Outros, todavia, não se preocupam ou não dispõem de tempo para verificar o conteúdo daquilo que escrevem e divulgam.

A notícia em questão, talvez visando forçar determinada direção na opinião do leitor, apresenta equívocos lamentáveis. Para os budistas, Buda não é Deus, sequer consideram a existência de um Deus; Oxossi, por sua vez, também não é considerado o Deus na Umbanda.

A conceituação de Deus é deveras complexa e varia nas diversas vertentes de pensamento e religiões, motivo de muita discussão e divagações ao longo do tempo. Desta forma, nomes diferentes podem significar conceitos diferentes. Qual seria o efeito de alterar a palavra “Deus” para “Alá”? Podemos imaginar?

Para aqueles que creem em Deus, a permanência ou retirada da citação “Deus seja louvado” nas notas do Real não deve causar nenhuma mudança em suas vidas ou crenças.

Cada um deve estabelecer seu sistema de crenças e valores pessoais, atendendo a sua própria vertente de pensamento ou religião. Uma vez estabelecido o sistema, opiniões diversas não causam nenhum efeito negativo no indivíduo.

Particularmente, para o espírita, não deve fazer diferença alguma, haja vista que, de acordo com o que é apresentado em O Evangelho Segundo o Espiritismo , Deus não é para ser “louvado”, mas “amado”, como nos ensina Jesus: “AMAR a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

  • Claudio Conti é graduado em Química, mestre e doutor em Engenharia Nuclear e integra o quadro de profissionais do Instituto de Radioproteção e Dosimetria - CNEN. Na área espírita, participa como instrutor em cursos sobre as obras básicas, mediunidade e correlação entre ciência e Espiritismo, é conferencista em palestras e seminários, além de ser médium pscógrafo e psicifônico (principalmente). Detalhes no site www.ccconti.com .