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Onze multimilionários aceitaram se somar à iniciativa lançada por Bill Gates e Warren Buffett, os dois americanos mais ricos do mundo, de doar a metade de sua fortuna a organizações de caridade. O clube de ricos filântropos tem agora 92 pessoas. Carlos Miguel Pereira comenta.

  • Data :27/01/2013
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28 de janeiro de 2013

Multimilionários se comprometem a doar metade de sua fortuna

France Presse

NOVA YORK, 18 Set 2012 (AFP) - Onze multimilionários aceitaram se somar à iniciativa lançada por Bill Gates e Warren Buffett, os dois americanos mais ricos do mundo, de doar a metade de sua fortuna a organizações de caridade.

Entre os novos integrantes do clube de ricos filântropos, que agora tem 92 pessoas, estão o diretor-geral da Netflix Reed Hastings, o co-fundador da Intel Gordon Moore e o ex-presidente da gigante canadense de bebidas alcoólicas Seagram Charles Bronfman.

A promessa de doação (‘giving pledge’) foi lançada em 2010 pelo co-fundador da Microsoft Bill Gates e pelo investidor Warren Buffett, que desde então tentam convencer outros milionários de todo o mundo a doar pelo menos 50% de sua riqueza a instituições de caridade.

O grupo compreende também o fundador da CNN Ted Turner, o co-fundador da Oracle Larry Ellison e o cineasta George Lucas.

Um dos doadores, Peter Lewis, presidente da companhia de seguros Progressive Insurance, informou em sua promessa de doação que visará a “promover a democracia (e) uma ampla participação cívica”, apoiando grupos de reflexão, de formação de funcionários e jornalismo investigativo, entre outros.

Ele também destacou que doaria recursos para uma área considerada um tabu: o das leis “superadas e ineficazes” dos Estados Unidos “sobre a maconha”.

Lewis disse já ter financiado iniciativas para a adoção de leis que permitam o acesso à maconha com fins terapêuticos e que nunca escondeu ser usuário destas terapias, às quais recorre para atenuar as dores que sofre após a amputação parcial de uma perna.

Notícia publicada no Portal G1 , em 18 de setembro de 2012.

Carlos Miguel Pereira comenta*

Em que consiste a riqueza de alguém? Num sentido estreito e puramente materialista, é habitual medir a riqueza pela posse de propriedades imobiliárias, muito dinheiro e um vasto patrimônio financeiro. É nesse sentido que estes homens que a notícia refere são denominados de multimilionários.

No entanto, se alargarmos o âmbito em que aplicamos o conceito de riqueza, estas assunções começam a vacilar. A ideia de riqueza depende do valor que alguém atribui a determinada posse, mas também está relacionada com os proveitos que essa posse consegue gerar. Alguém que possua cem hectares de uma terra remota, rochosa e estéril, pode dizer que tem muito, mas poderá considerar-se rico quando não consegue extrair qualquer serventia daquilo que possui? Dificilmente. Uma premissa aceita de um modo unânime é a de que todos os homens desejam ser felizes. Ainda não encontrei quem não quisesse ser feliz. A felicidade é o valor mais elevado a que aspira a humanidade. Sendo assim, a verdadeira riqueza não pode deixar de ser algo que proporcione ou ajude a proporcionar felicidade. Poderá ser o património financeiro essa riqueza? O dinheiro, sendo importante, será o ponto nevrálgico para a construção da felicidade? Em 1974, o economista Richard Easterlin publicou num artigo científico, o resultado de uma vasta pesquisa efetuada em diferentes países, em que procurava perceber se o crescimento econômico melhoraria o bem-estar humano, chegando à conclusão inquietante de que, acima de um determinado nível de rendimento (suficiente para satisfazer as necessidades básicas), não existe uma relação direta entre rendimento financeiro e felicidade.

Então, que tipo de riqueza poderá estar na origem da felicidade? Santo Agostinho pensava que a felicidade era a alegria nascida da verdade. Ele acreditava que não poderíamos ser felizes se não conseguíssemos vislumbrar quem somos e perceber que agimos em coerência com aquilo que somos. Para fazermos isso, é necessário compreender as nossas potencialidades, distinguir vocações e conhecer os nossos sentimentos mais profundos, agindo de acordo com eles. É deste trabalho que nasce a virtude e é da aplicação correta das virtudes que vem a mais genuína felicidade. A virtude não é de geração espontânea, não brota da inatividade. Ela apenas pode ser forjada no labor diário e perseverante. Dessa forma, aquilo que não é profícuo não tem aptidões para alcançar uma vida plena, de ascendência espiritual legítima e de bem-estar permanente. Apenas a aplicação dos tesouros íntimos no serviço do próprio crescimento espiritual, do progresso social e do bem-estar de toda a comunidade pode gerar uma vida de riquezas abundantes e alegrias que as palavras não podem descrever.

A decisão destes multimilionários de doarem mais de metade das suas fortunas a instituições filantrópicas e patrocinarem causas que possam mudar para melhor a face do nosso mundo é uma atitude benemérita e inteligente. Ao tomarem esta atitude, estes homens, considerados os mais ricos do mundo segundo uma visão restrita do conceito de riqueza, colocam o dinheiro no lugar a que deveria ser definitivamente relegado: Um instrumento ao serviço das nossas causas íntimas, do bem-estar e do progresso individual e coletivo. Ao perceberem que a quantidade de dinheiro que possuem não está diretamente relacionado com a felicidade, pretendem também deixar uma mensagem aos seus filhos e herdeiros: A facilidade e o desafogo econômico que o dinheiro proporciona é um desafio considerável. Para quem é criado na opulência, pode tornar-se difícil compreender a responsabilidade social que o dinheiro acarreta e as oportunidades proporcionadas para gerar riquezas muito maiores, deixando-se muitas vezes seduzir por uma vida egoísta, fútil e desregrada. Uma vida inútil é uma vida infeliz, mesmo quando está rodeada pelos maiores luxos e mordomias que o dinheiro pode comprar.

A nossa maior riqueza é aquilo que de melhor possuímos, é o melhor que conquistamos ao longo de um trabalho árduo de muitas vidas. E se fomos abençoados com um determinado talento, qualquer que ele seja, temos a responsabilidade de o aplicar o melhor possível, fazê-lo render juros, em benefício da nossa própria felicidade e do melhoramento do nosso mundo.

“O Senhor não te identificará pelos tesouros que ajuntaste, pelas bênçãos que retiveste, pelos anos que viveste no corpo físico. Reconhecer-te-á pelo emprego dos teus dons, pelo valor de tuas realizações e pelas obras que deixaste, em torno dos próprios pés.” - Emmanuel

  • Carlos Miguel Pereira trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.