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Jesus nasceu em Belém em uma época determinada com precisão, e seu nascimento virginal ’não é um mito, mas uma verdade’, disse Bento XVI em seu livro ‘A infância de Jesus’, onde afirma que no Evangelho não se fala de boi e jumento no presépio. Sergio Rodrigues comenta.

  • Data :21/01/2013
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22 de janeiro de 2013

Em livro, Papa afirma que nascimento virginal de Jesus “não é mito”

Jesus nasceu em Belém em uma época determinada com precisão, e seu nascimento virginal “não é um mito, mas uma verdade”, disse Bento XVI em seu livro “A infância de Jesus” apresentado nesta terça-feira, no qual também afirma que no Evangelho não se fala de um boi e um jumento no presépio.

No livro, que a partir de amanhã estará nas livrarias de 50 países, o papa diz que no Evangelho “não se fala em animais” no lugar onde nasceu Jesus, mas tratando-se de um presépio, “o lugar onde comem os animais, a iconografia cristã captou rapidamente esse motivo e “preencheu essa lacuna”, e nenhuma representação descarta o boi e o jumento.

No texto, o pontífice também desmente São Agostinho, que afirmou que a Virgem Maria teria feito um voto de virgindade e teria se comprometido com José para que a protegesse, afirmando que essa reconstrução “está fora do mundo judeu do tempo de Jesus”.

“É certo que Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo e nasceu da santa Virgem Maria?. Sim, sem reservas”, afirma o Pontífice, para quem há dois pontos na história de Jesus nas quais a ação de Deus intervém diretamente no mundo material: “o parto de Nossa Senhora e a Ressurreição no Sepulcro, no qual não permaneceu nem sofreu a corrupção”.

Bento XVI ressalta que se a Deus só fosse permitido agir na esfera espiritual, e não na material, “então não seria Deus”, mas que sim, Ele “tem esse poder e, com a concepção e a ressurreição de Jesus Cristo, inaugurou uma nova criação”.

“A infância de Jesus”, terceiro livro da trilogia de Joseph Ratzinger-Bento XVI (são usados os dois nomes, já que a começou como cardeal) sobre Jesus, foi editado em nove idiomas, entre eles o português, e sai com uma primeira edição global de um milhão de exemplares. Com 176 páginas, a obra é dividida em quatro capítulos e um epílogo.

O primeiro capítulo é dedicado à genealogia do Salvador nos evangelhos de Mateus e Lucas, ambos muito diferentes, segundo o papa, mas com o mesmo significado teológico-simbólico: a colocação de Jesus na história.

Bento XVI diz que Jesus não nasceu e apareceu em público em uma data imprecisa, mas sabe-se muito bem quem é e de onde vem, e que pertence a uma época “perfeitamente datável e a um ambiente geográfico perfeitamente indicado”. Jesus nasceu - escreve o papa, lançando mão do Evangelho de Lucas - no ano 15 do império de Tiberio César.

O segundo capítulo fala do anúncio do nascimento de João Batista e de Jesus, e no mesmo Bento XVI escreve que lendo o diálogo entre Maria e o anjo Gabriel, se vê como Deus através de uma mulher busca “uma nova entrada no mundo”. María, ressalta o papa, “aceitou a vontade de Deus, tentou compreender e se mostrou como uma mulher valente”.

O terceiro capítulo aborda o nascimento em Belém e ao contexto histórico do nascimento de Jesus, o império romano que sob Augusto se estende entre Oriente e Ocidente e que com sua dimensão universal “permite a entrada no mundo de um portador de salvação universal”.

Já o quarto capítulo fala sobre os Reis Magos, que representam, segundo o papa, a humanidade “quando faz o caminho para Cristo”. O pontífice explica que embora alguns ponham em dúvida a adoração dos reis, está convencido de que se trata de um acontecimento histórico, mas ressalta que, seja verdade ou não, ela não afeta nenhum aspecto essencial da fé.

No epílogo, com base no Evangelho de Lucas, Bento XVI conta o último episódio da infância de Jesus, quando aos 12 anos foi ao Templo de Jerusalém debater com os doutores da Lei. O papa diz que muitos apresentam Jesus como um liberal ou um revolucionário, mas que o que se destaca é seu comportamento contra as falsas devoções.

EFE

Notícia publicada no Portal Terra , em 20 de novembro de 2012.

Sergio Rodrigues comenta*

O Papa tenta dar uma sobrevida ao dogma da virgindade de Maria, adotado pela Igreja e que hoje encontra dificuldades para se sustentar, contestado que é por muitos.* “Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas: não os vim destruir, mas cumpri-los”* (Mateus, 5:17-18), anunciou Jesus aos seus discípulos. Este enunciado de Jesus deixa claro que ele não veio para destruir a lei de Deus, mas, ao contrário, para dar-lhe cumprimento, ensinando à humanidade o seu verdadeiro sentido, dentro das naturais limitações que o grau de evolução dos homens da época o permitia.

Tendo vindo ratificar a Lei de Deus e ensinar o seu verdadeiro sentido, pois era ela interpretada e praticada de maneira equivocada pelos homens, que a distorciam, com interpretações diferentes do seu verdadeiro sentido, Jesus não poderia derrogá-la logo em seu primeiro momento na carne, ou seja, ao nascer para o mundo físico. O Espiritismo ensina que as Leis Naturais são inderrogáveis. Nem mesmo o Cristo poderia descumpri-las. Assim, o corpo de Jesus foi concebido e nasceu para a vida material como todos os corpos dos espíritos que reencarnam no planeta, isto é, obedecendo-se as Leis Naturais que regem a reprodução da espécie. Seu corpo tinha todas as propriedades inerentes à matéria e somente pela matéria poderia ser gerado. Como também deixou em outro dos seus ensinamentos: “o que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”.

A concepção de seu nascimento adotada pela Igreja e outros segmentos do Cristianismo contraria a lei de Deus e, desse modo, não pode ser aceita. Trata-se de um dogma de fé, sem qualquer possibilidade científica, que tem de ser aceito pelos seguidores dessas crenças sem oposição, ainda que, nos dias de hoje, possa parecer absurdo. O Espiritismo não admite dogmas de fé. Para o Espiritismo, a fé tem de ser acompanhada da razão, sem a qual se enfraquece e não nos sustenta nas provas da vida. A introdução dessa crença nos dogmas da Igreja, acredita-se, objetivou fortalecer a teoria adotada do endeusamento de Jesus, que visa identificá-lo com o próprio Deus, para valorizar os seus ensinamentos, o que também contraria o que disse o Cristo. Seus eninamentos, no entanto, devem ser reconhecidos, valorizados e seguidos pelo exemplo que ele nos legou, sem necessidade de confundi-lo com a própria Divindade.

Desse modo, tendo sido gerado como todos nós o fomos, a virgindade de Maria é mais um dado que faz parte do sistema de crenças da Igreja. Durante muito tempo, a prática de relação sexual foi considerada pecaminosa. Não poderia, portanto, dentro dessa concepção, admitir-se que Jesus tenha sido fruto de um ato pecaminoso, daí ter sido criado o dogma da virgindade de Maria.

  • Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.