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Malala Yousafzai é uma das estudantes mais conhecidas do país. Mesmo jovem, ela ousou fazer o que muitos outros não tiveram coragem: criticar publicamente o Talebã. Ela fazia campanha pela educação das meninas no país. Luiz Gustavo C. Assis comenta.

  • Data :10/01/2013
  • Categoria :

10 de janeiro de 2013

Paquistanesa de 14 anos baleada na cabeça por criticar Talebã é operada

Uma menina de 14 anos que foi baleada pelo Talebã após fazer críticas ao grupo no Paquistão foi operada nesta quarta-feira.

Malala Yousakzai está em estado de saúde estável, depois que médicos conseguiram retirar a bala de sua cabeça.

O violento episódio tem dominado o noticiário do Paquistão e provocado revolta dentro e fora do país.

Autoridades e ONGs de direitos humanos condenaram o ataque e alertaram para os desdobramentos que ele pode causar, segundo a correspondente da BBC em Islamabad, Orla Guerin.

Malala Yousafzai é uma das estudantes mais conhecidas do país. Mesmo jovem, ela ousou fazer o que muitos outros não tiveram coragem: criticar publicamente o Talebã. Ela fazia campanha pela educação das meninas no país.

Ela foi baleada na terça-feira quando viajava com outras garotas na região do Vale do Swat, parte ultraconservadora do país. Um homem com barba teria atirado em Malala – não está claro se o ataque ocorreu antes de as meninas embarcarem na van ou durante o trajeto.

Ela foi atingida na cabeça e, segundo algumas testemunhas, também no pescoço. Após ser levada para um hospital local, ela foi transferida por helicóptero para um mais especializado em Peshawar.

Um porta-voz do Talebã confirmou que o grupo é responsável pelo ataque a Malala, sob a justificativa de que a menina é “anti-Talebã e secular, e não poderia ser poupada”.

Consequências

De acordo com a correspondente da BBC, até mesmo para a realidade sangrenta que predomina no Paquistão, o crime provocou fúria no país. O ataque foi condenado pelo premiê Raja Pervez Ashraf, que enviou um helicóptero para transferir Malala para Pashawar.

O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, disse que o ataque contra Malala não afetará a luta do país contra os militantes islâmicos e em favor da educação feminina.

No entanto, o diretor do Comitê Indepentende de Direitos Humanos do Paquistão, Zohra Yusuf, disse que “esse trágico ataque contra uma criança tão corajosa” envia uma mensagem assustadora para todos que lutam para as mulheres e meninas paquistanesas.

O crime foi criticado também pela maioria dos partidos políticos paquistaneses, celebridades de TV e outros grupos de direitos humanos, como a Anistia Internacional.

A campanha articulada de Malala em prol da educação de meninas lhe rendeu admiradores e reconhecimento dentro e fora do país. Ela apareceu em TVs nacionais e internacionais falando de seu sonho de um futuro em que a educação no Paquistão prevalecesse.

Sua luta começou quando ela tinha apenas 11 anos. Sob um pseudônimo, a estudante escrevia regularmente um diário para o Serviço Urdu da BBC enquanto o Talebã controlava a região de Swat três anos atrás e a educação de meninas era proibida.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 10 de outubro de 2012.

Luiz Gustavo C. Assis comenta*

Choca-nos, ainda, lermos esta notícia em pleno século XXI. Contudo, devemos tentar, à luz da doutrina espírita, explicar os fatos e as situações, como o caso relatado, para que o leitor possa compreender e entender, através da análise dos fatos reais, os diversos postulados espíritas.

Portanto, as questões que surgem ao nos depararmos com a história de Malala Yousakzai, são: Como, ainda, podem existir pessoas que atentam contra a vida de uma menina de quatorze anos apenas porque ela defende a educação de meninas em seu país, e critica o regime Talibã por conta dessa luta? Por que algumas pessoas nascem em países com regimes tão fechados, e outras em regimes democráticos em que podem expor suas opiniões sem correrem risco de serem mortas? Por que uns nascem com tantas facilidades e outros com tantas dificuldades? Por que povos tão evoluídos intelectualmente, tecnologicamente e moralmente, e outros que adotam costumes tão antigos, que, para nós, parecem ser tão bárbaros?

Todas essas questões podem ser explicadas através da multiplicidade das existências, isto é, da reencarnação.

Explicam-nos os espíritos amigos, em O Livro dos Espíritos , de Allan Kardec, uma das obras basilares de nossa doutrina, que todos os espíritos foram criados simples e ignorantes, e que, através da reencarnação, vão passando por diversas provas para se depurarem e evoluírem. Ora, acontece que nem todas as pessoas estão no mesmo nível evolutivo. Por isso, na Terra, encontramos seres em diversos patamares de entendimento e de compreensão da vida.

Allan Kardec, em O que é o Espiritismo , ensina-nos:

“Admitindo para as almas um mesmo ponto de partida — única doutrina compatível com a justiça de Deus —, a presença simultânea da selvageria e da civilização, na Terra, é um fato material que prova o progresso que uns já fizeram e que os outros têm de fazer.

A alma do selvagem atingirá, pois, com o tempo, o mesmo grau da alma esclarecida; mas, como todos os dias morrem selvagens, essa alma não pode atingir esse grau senão em encarnações sucessivas, cada vez mais aperfeiçoadas e apropriadas ao seu adiantamento, seguindo todos os graus intermediários a esses dois extremos”.

Assim, se existem pessoas em diversos níveis evolutivos, existem povos que, da mesma forma, também, se encontram em degraus diferentes de evolução, pois “os Espíritos encarnam em um meio simpático e em relação com o grau do seu adiantamento.” (Allan Kardec, em O que é o Espiritismo .)

Desta maneira, encarnar em lugares com tantas dificuldades, com tantos óbices, pode indicar que um espírito está no mesmo nível evolutivo daquele povo, ou precisa encarnar neste ambiente por prova ou expiação, ou, ainda, como missão para ajudar aquele povo a evoluir em determinado aspecto.

Neste ponto, destacamos, uma das leis de Deus é a Lei do Progresso, e que, independente da vontade de alguns, todos precisam evoluir. Vejamos a resposta dos espíritos à questão 797, de O Livro dos Espíritos :

“Como poderá o homem ser levado a reformar suas leis?”

Resposta: “Isso ocorre naturalmente, pela força mesma das coisas e da influência das pessoas que o guiam na senda do progresso. Muitas já ele reformou e muitas outras reformará. Espera!” (Grifo Nosso.)

Portanto, estimados leitores, mesmo com todas as dificuldades, mesmo com todas as resistências, tenhamos a certeza de que o progresso chegará a esta região do mundo, também. É lógico que há pessoas que não aceitam e que farão oposição, inclusive de forma violenta, a tudo que vá de encontro às suas crenças e ideias. Mas, por outro lado, como já vimos, a mudança chegará naturalmente e por influência das pessoas que servirão como guias para que o progresso ocorra.

Como sabemos, Malala Yousakzai, não desencarnou no atentado, mas mesmo que ela não queira continuar lutando da mesma forma, sua história já servirá para a discussão das crenças e costumes de seu povo, inclusive já tendo chamado atenção do mundo para sua causa. Sabemos, também, que caso ela desista, outras pessoas surgirão para questionar, para lutar a favor do progresso. Estamos entrando na transição para o mundo de Regeneração e o progresso chegará a todas as partes do mundo, por mais que pareça demorar, e por mais que existam pessoas que se oponham a ele.

Afinal, como nos explica Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos , “o homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas ideias pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações”.

  • Luiz Gustavo C. Assis é psicólogo, trabalhador do Centro Espírita Maranhense, em São Luís do Maranhão, e da equipe do Espiritismo.net.