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Projeto OLPC (One Laptop Per Child) distribuiu centenas de tablets a crianças na Etiópia, que não apenas desconheciam tecnologias do gênero, mas que jamais haviam visto uma única palavra impressa — e teve uma bela surpresa. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :25 Nov, 2012
  • Categoria :

27 de novembro de 2012

Crianças etíopes hackeiam o Android em cinco meses

**Projeto OLPC (One Laptop Per Child) distribuiu centenas de tablets a crianças na Etiópia, sem qualquer tipo de instrução — e acabou com uma bela surpresa. **

Por Carlos Eduardo Ferreira

Quais são os pré-requisitos de um bom aprendizado? Um professor atencioso com uma respeitável bagagem cultural? Talvez. O problema é que, em certas regiões da África, não apenas é difícil encontrar adultos instruídos como é bastante raro topar com alguém que saiba ler e escrever.

Isso dificulta as coisas, é claro — mas também serve de estopim para algumas propostas realmente criativas, como a mais recente empreitada do projeto OLPC (One Laptop Per Child). Munidos de milhares de Motorola Xoom, alguns membros da organização partiram para a Etiópia, a fim de distribuir os exemplares para diversas crianças que não apenas desconheciam tecnologias do gênero, mas que jamais haviam visto uma única palavra impressa.

De nenhum conhecimento a um “hack” de Android

O diferencial? As caixas foram apenas deixadas lá, sem qualquer tipo de instrução — pelo menos, nada além de “Que tal estas caixas? Façam o que quiserem com elas”. A ideia era simples: aplicar uma lição de autodidatismo às crianças e, posteriormente, colher os resultados da experiência que seriam registrados em um cartão de memória embutido em cada Xoom.

Eis a grata surpresa, entretanto, conforme descreveu o próprio fundador da OLPC, Nicholas Negroponte, durante conferência realizada no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets):

“Nós deixamos as caixas no vilarejo. Fechadas. Lacradas. Sem qualquer tipo de instrução e sem ninguém para explicar. Eu achava que as crianças iriam brincar com as caixas! Mas em alguns minutos, uma criança não apenas abriu a caixa como também encontrou o botão on/off. Ele jamais havia visto um botão on/off. Ele ligou o tablet. Em cinco dias, eles estavam utilizando uma média de 47 aplicativos por criança por dia.”

E ele continua:

“Em algumas semanas, passaram a cantar músicas em inglês pelo vilarejo. E após cinco meses eles hackearam o Android. Isso porque algum idiota da nossa organização ou do Media Lab havia desabilitado a câmera. Eles descobriram que havia uma câmera e alteraram o Android [negrito nosso].”

O experimento da OLPC começou no início deste ano e se propunha a verificar se as crianças poderiam aprender a ler e a escrever em inglês. De fato, a experiência foi além dos meninos e meninas. Conforme alguns estudos prévios da organização mostraram, é comum que os filhos acabem aprendendo e ensinando os próprios pais.

Fonte: MIT

Leitor colaborador : Bráulio Wendel

Notícia publicada no Portal Tecmundo , em 31 de outubro de 2012.

Breno Henrique de Sousa comenta*

Esta maravilhosa notícia é um tapa na cara do preconceito de quem acredita que existem povos, raças ou pessoas de segunda classe, ou dos que enxergam os países pobres como sendo formados por pessoas de categoria inferior. Nada mais errado que isso.

As crianças têm grande flexibilidade mental e capacidade de aprendizado. Esta capacidade pode ser estimulada ou não de acordo com as condições sociais, econômicas e culturais. Eu diria até que estas crianças relatadas na reportagem superam a média das crianças dos ditos países ricos do mundo.

É mesmo incrível o que um ser humano é capaz de fazer, desde que lhe deem oportunidade.

Somos todos espíritos imortais, revestidos de corpos diferentes, mas, essencialmente, somos todos espíritos e isso nos faz detentores das mesmas potencialidades. Ninguém é melhor que ninguém, apenas nos encontramos em uma posição que nos favoreceu, ou, ainda, somos produto dos nossos esforços pessoais, fator fundamental, sem o qual, mesmo diante de condições favoráveis, não prosperamos.

O Espiritismo tão pouco valoriza a condição de vítima. Do ponto de vista terreno, político e social, essas crianças africanas, assim como a maior parte das crianças do mundo, são vítimas de um sistema cruel e excludente. Enquanto cidadãos conscientes, devemos trabalhar pelo bem de todos e pela igualdade de direitos e oportunidades. Porém, do ponto de vista espiritual, sabemos que nada acontece por acaso. A reencarnação explica o porquê das pessoas nascerem em tão diferentes condições, porém não justifica cruzar os braços diante disso, pois, se sofremos as consequências do nosso passado, podemos fazer um futuro diferente intervindo pelo bem do próximo.

Parabéns a instituição pela iniciativa de incluir os excluídos e por demonstrar ao mundo que todos somos capazes, não importa em que parte do mundo estejamos.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.