Carregando...

  • Início
  • Jovens com deficiência enfrentam batalha para fazer uma universidade

Vaga em universidade pública é um sonho para muitos jovens. Dominar o conteúdo exigido no vestibular, no entanto, pode não ser o principal desafio para que um aluno consiga ingressar em instituições de ensino superior. Reinaldo Monteiro Macedo comenta.

  • Data :12 Nov, 2012
  • Categoria :

19 de novembro de 2012

Jovens com deficiência enfrentam batalha para fazer uma universidade

Estudantes têm dificuldade para prestar o vestibular e até fazer atividades nas aulas

Da Agência Brasil

A conquista de uma vaga em uma universidade pública é um sonho para muitos jovens brasileiros. Dominar o conteúdo exigido no vestibular, no entanto, pode não ser o principal desafio para que um aluno consiga ingressar em instituições de ensino superior. Segundo relatos de candidatos com deficiência, as dificuldades começam antes mesmo de chegar aos locais dos exames que, muitas vezes, não oferecem a acessibilidade necessária.

Outras barreiras podem estar embutidas nas próprias questões que os alunos devem resolver nas provas, como contou Maria das Graças Morais, 21, que tem deficiência visual. A jovem, que tentou o vestibular da UnB (Universidade de Brasília) cinco vezes, coleciona relatos de problemas.

— Em uma das provas, uma questão deveria ser feita com base na observação da figura de uma bicicleta. Por incrível que pareça, na prova adaptada para o braille não havia a descrição da figura e na prova do ledor, que nos ajuda a saber o que está sendo pedido, também não havia a figura para que ele pudesse descrever o que estava vendo. Como eu poderia fazer aquela questão?

Dados do Censo da Educação Superior de 2010 apontam que em um universo de 6,3 milhões de estudantes matriculados em cursos de graduação, apenas 16.328 universitários são identificados como pessoas com deficiência. Desse número, 10.470 estão na rede privada. O dado mostra a realidade sobre a dificuldade de ingresso e permanência dos estudantes com deficiência no ensino superior no Brasil.

Ronan Alves Pereira é pai de Tomás Pereira, 20, estudante cego do 5º semestre do curso de letras e tradução em inglês da UnB. Ele também acredita que o filho foi prejudicado por condições inadequadas nas provas da universidade. Em uma das vezes, o rapaz, que nasceu cego, fez o vestibular da instituição e foram identificados erros de grafia em enunciados e de transcrição para o braille.

— É uma situação muito grave encontrar uma cadeia química incompleta ou sinais trocados em equações matemáticas: no lugar do sinal de adição, o de subtração. O resultado nunca daria certo.

Tomás lamenta por muitos amigos que não conseguiram entrar na universidade como ele e diz que há precariedade no atendimento ao aluno com deficiência.

— O atendimento ao aluno e à família das pessoas com deficiência é extremamente precário. Além disso, não há vontade política de tirar as barreiras. Os problemas são questionados, mas não temos solução. Nas respostas, a universidade é omissa, discriminadora. Identificamos várias divergências na prova, foram sucessivos recursos e uma longa jornada até conseguir entrar na faculdade. Há vários colegas que não têm oportunidade ou conhecimento dos recursos e ficam pelo caminho.

Depois de algumas tentativas, Tomás conseguiu entrar na universidade. Para garantir a vaga, contou com a ajuda do pai que checou item a item da prova tradicional com a prova aplicada ao filho, em braille. As dificuldades, no entanto, não acabaram. Ele teve de enfrentar a falta de estrutura para a locomoção dentro do campus.

— Ir ao banheiro, por exemplo, é muito complicado, pois não há identificação nas portas. Outro problema é conseguir mesa para colocar o teclado de braille, que é grande e não cabe em uma mesa comum. Nem todos os professores se dispõem a compartilhar a sua própria mesa comigo.

Diariamente o jovem é obrigado a desviar de bebedores, cadeiras e outros obstáculos com auxílio de uma bengala. É ela que o ajuda a identificar, quando há piso tátil, o caminho para onde quer chegar.

Luiz Antônio Bichir Garcia, 25, é calouro na UnB. Aluno do primeiro semestre de história, Garcia, que sofre de uma paralisia cerebral, precisa de estrutura adaptada para acompanhar as aulas. Ele é cadeirante, tem atrofia nas mãos, não lê e nem escreve. Conta com ajuda de sete tutores da universidade para gravar as aulas e os textos trabalhados pelos professores, além da locomoção pelo campus.

O pai do jovem, Luis Antônio Garcia, que o acompanha diariamente, diz que a estrutura não é adequada, mas acredita que há uma preocupação da instituição em avançar.

— O campus tem muitos problemas para o deslocamento de cadeirantes. As calçadas são esburacadas, as rampas de acesso são muito íngremes e os banheiros não são adequados. Mas a universidade oferece certo apoio aos estudantes e estamos otimistas. Acreditamos que, aos poucos, as coisas vão melhorar.

Notícia publicada no Portal R7 , em 27 de setembro de 2012.

Reinaldo Monteiro Macedo comenta*

Aqui está algo ainda muito triste… São irmãos que não pensam nos seus próprios irmãos…

Todos sabemos da realidade sobre a dificuldade de ingresso e permanência dos estudantes com deficiência no ensino superior no Brasil, nosso tema em tela.

Quando falamos “ingresso”, estamos nos referindo desde o acesso físico ao interior das universidades, como também pela dificuldade de sequer entender o conteúdo das provas.

Na nossa visão, esses fatos denotam que a humanidade está passando também por verdadeiras “provas coletivas” com relação a prática do egoísmo, fato que envolve muitas facetas:

  • egoísmo individual,

  • egoísmo familiar,

  • egoísmo de classe,

  • egoísmo de raça,

  • egoísmo nacional,

  • egoísmo sectário.

(vide http://rei.naldo.com.br/estudo-015-o-egoismo-na-humanidade.html )

O nosso planeta está iniciando um processo de mudança evolutiva, passando de um mundo de provas e expiações para um mundo de regeneração. Tal fato causa modificações intestinas em todas as direções. E a evolução intelectual antecede a evolução moral. Aqui está o cerne da questão que estamos presenciando.

Cada vez mais, o homem precisa participar do processo de mudança, decidindo se vai continuar fazendo parte do problema ou então da solução.

Aqui entra o Espiritismo, que “esclarece que por meio da vida presente e considerando a aprendizado adquirido no passado o homem prepara sua vida futura…”

(vide estudo em http://rei.naldo.com.br/estudo-004-a-influencia-do-espiritismo-na-humanidade.html )

Fechando o assunto, registramos aqui que nós fazemos parte do contexto social em que vivemos, pois o ser humano precisa viver em sociedade para progredir, o que é uma lei natural e, portanto, divina (Lei de Sociedade).

Dessa forma, fazemos todos nós parte do problema, e caberá a todos nós mudar o panorama e passarmos a fazer parte das soluções.

Daí sermos herdeiros de nós mesmos… Daí ser necessário “colhermos o que plantamos”, como nos deixou Jesus para servir de ensinamento. É o aprendizado pelo amor ou pela dor, não como castigo, mas como método eficiente que nos permite utilizar nosso livre-arbítrio, e nisso conquistarmos a verdade, que é o conhecimento da vida, como é a vontade de Deus.

  • Reinaldo Monteiro Macedo é aposentado, administrador e analista de sistemas de formação, expositor de estudos e colaborador do Centro Espírita Nair Montez de Castro no Rio de Janeiro/RJ e de algumas outras Casas.