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O músico britânico, de 66 anos, já vendeu mais de 250 milhões de discos no mundo todo e detém, até hoje, a marca do single mais vendido da história da música. Também já ganhou seis Grammys, quatro Brits e um Oscar. José Antonio M. Pereira comenta.

  • Data :04/11/2012
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5 de novembro de 2012

Elton John lança livro e conta como paternidade mudou sua vida

Rebecca Jones BBC News

Ele já vendeu mais de 250 milhões de discos no mundo todo e detém, até hoje, a marca do single mais vendido da história da música. Também já ganhou seis Grammys, quatro Brits e um Oscar.

Sentando na biblioteca de sua suntuosa casa em Windsor, no sudoeste de Londres, “sir” Elton John está cercado de prêmios que marcaram uma carreira brilhante - de apenas um lado da mesa, há nada mais, nada menos do que 16 estatuetas Ivor Novello, a premiação de maior prestígio concedida anualmente a compositores e letristas britânicos.

Elton John também é um dos poucos cantores a fazer parte da realeza da música, um pequeno e seleto grupo formado por músicos britânicos como Paul McCartney e os Rollings Stones e que conseguem até hoje lotar um estádio inteiro.

O cantor diz estar surpreso com a longevidade de sua carreira. “Se você olhar para qualquer um cuja carreira durou 40 anos, trata-se de uma proeza”, afirma o astro, em entrevista à BBC.

“As vendas de discos podem aumentar, diminuir, diminuir, aumentar… mas o que mantém qualquer astro da música por cima é a sua habilidade de entreter e de se comunicar com a plateia”, acrescenta.

Mas, aos 66 anos, Elton John está começando a sentir o peso da paternidade.

“Enquanto eu estiver me sentindo bem, continuarei a trabalhar”, diz o cantor. “Quando Zachary (filho do artista) for para a escola, tudo será diferente. Quero levá-lo à escola e buscá-lo depois, como todo pai faz. Não quero perder essa parte importante da infância dele.”

Zachary nasceu de uma barriga de aluguel no Natal de 2010. A chegada do bebê foi um momento marcante na vida e na carreira turbulenta de um dos maiores astros da música.

Felicidade

O cantor conta que sempre achou que era muito velho, egoísta e “cheio de manias” para ter um filho.

“Isso só prova que nem sempre estamos certos o tempo inteiro”, diz Elton John. “Eu nunca havia amado um ser humano tanto quanto amo Zachary, nunca.”

O amor do astro da música pelo filho é tão grande que ele até pensa em ter uma segunda criança. “Quando chegar a hora, com certeza o farei. Mas hoje estou no nível máximo da minha felicidade.”

Trata-se de uma grande mudança para alguém que já chegou a armar uma confusão sem precedentes em um hotel por não gostar das cortinas dos quartos.

Mas a paternidade definitivamente fez com que o astro da música pop refletisse sobre sua vida e seus hábitos de uma maneira diferente. Em seu primeiro livro autobiográfico, Love is the Cure (“O Amor é a Cura”, em tradução literal), a Aids e o vírus HIV são dois assuntos recorrentes.

“As pessoas ainda se sentem envergonhadas e temerosas em admitir que são soropositivas”, afirma.

“É o estigma de ser gay, porque trata-se de uma doença sexualmente transmissível, na maioria dos casos, ou transmitida pelo uso de drogas intravenosas”, acrescenta. “E estigmas não fáceis de ser combatidos. Acho que é tão difícil hoje quanto era há 30 anos.”

Como o título de seu livro sugere, Elton John diz acreditar que o amor é a cura. Ele reconhece, no entanto, que as pessoas podem considerá-lo ingênuo por isso - afinal, a Aids ainda é uma doença sem cura e não desaparece apenas com pensamentos positivos.

Mas, no livro, o cantor diz que o objetivo é incentivar que as pessoas “demonstrem mais compaixão com o outro, tenham um pensamento mais cristão e não sejam tão rancorosas”.

E, na opinião dele, quanto mais compreensão e menos medo sobre a doença as pessoas tiverem, o preconceito tende a diminuir e eventualmente desaparecer.

Livre dos vícios

Elton John também admite que a apatia é hoje um problema no combate à Aids. Durante a década de 80, quando o medo atingiu seu auge e toda uma geração de homossexuais morreu vítima da doença, a estrela da música pop permaneceu em silêncio, sem ação.

“Eu era um drogado, um usuário pesado de cocaína, álcool e maconha. Sabia que as pessoas estavam morrendo de Aids porque muitas delas eram minhas amigas. E simplesmente não fiz nada. Ficava com medo de discutir o problema porque estava com muita droga na cabeça”, justifica-se.

Ele acrescenta que ainda se sente culpado pela inércia do passado. Mas afirma que, tão logo conseguiu se livrar dos vícios, disse a si mesmo que compensaria de alguma forma o tempo perdido.

Uma de suas primeiras decisões foi abrir a Elton John Aids Foundation (EJAF) em 1992, uma fundação voltada para a pesquisa de novas drogas de combate à doença e assistência aos portadores do vírus HIV, atualmente com sede em Nova York, nos Estados Unidos.

O cantor afirma que sua maior conquista foi ter ficado “limpo”. Sem isso, ele avalia que não teria conseguido levantar mais de 175 milhões de libras (cerca de R$ 555 milhões) para a pesquisa sobre HIV/Aids - ou permanecer ao lado de seu atual marido, David Furnish.

O casal formalizou sua relação em 2005, no primeiro dia em que a lei sobre a união homoafetiva foi aprovada na Grã-Bretanha, em 21 de dezembro daquele ano.

Apesar de hoje estar “legalmente” ligado ao homem que diz amar, o cantor afirma que não vê a necessidade de se casar. “Não preciso que a Igreja ratifique o meu relacionamento. Estamos felizes desse jeito”.

“Se o casamento acontecer, então ótimo, não vou dizer não. É um passo para a igualdade, e há obviamente um debate entre os dois lados. Mas isso certamente não vai arruinar a civilização humana”, acrescenta.

E, com a franqueza de sempre, Elton John conclui: “O casamento heterossexual fez mais para arruinar a ideia do casamento do que qualquer outra coisa”.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 16 de julho de 2012.

José Antonio M. Pereira comenta*

Há muito que se possa dizer sobre esta matéria. O astro do pop, fazendo algo muito além de ostentar sua merecida riqueza, deixando as drogas que o levariam mais cedo para a morte e usando da sua popularidade para transmitir ideias de amor e compaixão, já é algo bom por si só, e digno de ser publicado no Espiritismo.Net.

Os ideais da Revolução Francesa, igualdade, liberdade, fraternidade, demoraram muito para que fossem refletidos nas leis, na política, na cultura… Na verdade, ainda se precisa lutar para que eles sejam postos em prática no mundo de hoje. Mas, graças a esses valores, é que a Doutrina Espírita pode surgir no século 19, e, através dela, reviver-se o ideal cristão de amar ao próximo como a si mesmo e a Deus acima de todas as coisas, sob uma nova ótica. A união de todos ideais como a base cultural da sociedade moderna é uma meta para os espíritas e para todos os homens e mulheres progressistas e de bem.

Esses ideais também permitem hoje que o casamento homoafetivo seja legalizado, que novas estruturas familiares sejam aceitas e é a base para que os preconceitos sejam combatidos. Essas mudanças sociais podem não ser adequadas ou de acordo com o gosto de todos, mas é dever respeitarmos as pessoas em sua forma de viver e de pensar, desde que não se faça ao outro aquilo que não queiramos que nos façam, como ensinou o Cristo.

A mudança iniciada pela Revolução Francesa abriu caminho para a Revolução Científica e Industrial, que colocou em cheque a Religião como o centro da sociedade, fenômeno também conhecido como secularização.(1) O materialismo ganhou força, e apesar da religião ter recuperado seu prestígio entre as massas, com o crescimento das religiões evangélicas, do Islamismo e do Espiritismo, há pessoas que não leem artigos de cunho religioso ou não lhes dão importância.

Por isso, no mundo atual, existem ideias que precisam de outros veículos para sua divulgação, e é através de pessoas que estando à frente dessas lutas, como Sir Elton John, e seu exemplo de transformação como seres humanos, que conceitos superiores da vida chegam a mais gente. Não se trata de classificar artistas, escritores e pessoas públicas como agentes religiosos, mas perceber que, muitas vezes, eles são divulgadores também do pensamento superior, que por si só, tornam-se, com o tempo, ideias comuns, por serem mais sólidas.

Basta vermos o que Elton John diz sobre o objetivo de seu livro, que não poderia ser mais nobre: que as pessoas “demonstrem mais compaixão com o outro, tenham um pensamento mais cristão e não sejam tão rancorosas”.

Referências:

(1) Secularização e secularismo: http://www.dn.pt/inicio/interior.aspx?content_id=641506 .

  • José Antonio M. Pereira coordena o ESDE e é médium da Casa de Emmanuel, além de integrante da Caravana Fraterna Irmã Scheilla, no Rio de Janeiro. Também é colaborador da equipe do Serviço de Perguntas e Respostas do Espiritismo.net.