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Estudo da Ipsos Global Public Affairs revela que quase 15% da população mundial acredita que o fim do mundo ocorrerá durante sua vida, e 10% dos entrevistados acham que o calendário maia pode significar que vai acontecer em 2012. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :16/08/2012
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27 de agosto de 2012

Uma em cada sete pessoas acredita que fim do mundo está próximo, diz pesquisa

Um estudo realizado pela Ipsos Global Public Affairs, com sede em Nova York, revela que quase 15% da população mundial acredita que o fim do mundo ocorrerá durante sua vida, e 10% dos entrevistados acham que o calendário maia pode significar que vai acontecer em 2012.

Mas seriam os mais pessimistas os únicos que esperam testemunhar o fim do mundo? Como consequência da exposição na mídia da chamada profecia maia, que para alguns significa fixar a data do fim do mundo em 21 de dezembro de 2012, era de se esperar análises e reflexões sobre este assunto - mas necessariamente não os impactos na pesquisa.

Embora acadêmicos e especialistas tenham dito que não é verdade que os Maias previram o fim do mundo, a ideia ressoou e foi a inspiração para exposições, livros, documentários e até mesmo para um filme.

Na pesquisa, um em dez acredita que “o calendário maia, que alguns afirmam terminar em 2012, marca o fim do mundo”, e outros 8% admitem ter sentido “ansiedade e medo de que o mundo vai acabar em 2012”.

Razões desconhecidas

Keren Gottfried, pesquisadora-chefe da Ipsos, disse à BBC que a própria agência foi surpreendida com as respostas das 16.262 pessoas, em mais de 20 países, que participaram no estudo.

“Pela primeira vez fizemos esta pergunta e, portanto, não se pode fazer uma comparação ao longo do tempo”, explica ela. “Uma em cada sete pessoas acredita que o mundo vai acabar no curso de sua vida. É um número bastante elevado e acreditamos que devemos continuar pesquisando”, acrescentou.

Para este estudo, os pesquisadores não perguntaram aos entrevistados quais eram suas razões para acreditar que o mundo poderia acabar porque, diz Gottfried, ninguém sabia quantas pessoas iriam dizer acreditar no fim iminente do mundo.

“Se fosse uma percentagem muito pequena, teríamos obtido uma mostra de pouco valor. Agora sabemos que há número suficiente de pessoas que acreditam no fim do mundo e podemos nos aprofundar nos acontecimentos que podem provocá-lo”, acrescenta.

Além disso, um em cada dez pessoas se sentem ansiosos ou com medo reconhecido por acreditar que o fim do mundo ocorrerá em dezembro deste ano.

Mais velho, menos temeroso

Os chineses, turcos, russos, mexicanos e sul-coreanos são os que mais creem na aproximação do fim do mundo, com 20% dos entrevistados, contra 7% na Bélgica e 8% no Reino Unido.

As pessoas com menor escolaridade ou renda, e aqueles com menos de 35 anos, são mais propensos a acreditar que o “Apocalipse” vai ocorrer durante a sua vida ou até mesmo em dezembro de 2012, e são mais propensos a sofrer de ansiedade ou medo com a perspectiva.

A tranquilidade dos mais velhos é explicada pelos anos já vividos ou talvez seja uma questão de sabedoria com certos tons de ceticismo? “Talvez aqueles que são idosos viveram o suficiente para não se preocupar com o que acontece no futuro”, diz Gottfried, que se diz atraída pela ideia de que os mais velhos são mais céticos por terem superado outras crises, o que poderá motivar estudo futuro.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 2 de maio de 2012.

Breno Henrique de Sousa comenta*

O Fim do Mundo

Por que será que as pessoas pensam tanto no fim do mundo? Nenhuma coisa foi mais prevista do que o fim do mundo e todas as previsões falharam. Não arrisco uma resposta definitiva, mas suponho algumas razões para este tema estar tão presente em nossas vidas.

A fragilidade humana faz-nos temer a destruição pela força da natureza ou por um evento cósmico-espiritual. Esse é um medo ancestral, que está no inconsciente humano. O temor da destruição está mesmo relacionado com o instinto de conservação. Sobre esse tema, recomendamos a leitura das Leis de Destruição e Conservação, em O Livro dos Espíritos , de Allan Kardec.

Outro motivo não é o medo, mas uma atração mórbida. Às vezes o ser humano revela facetas sádicas, gosta mesmo de fantasiar sobre esse assunto, vai ao cinema assistir o mundo indo pelos ares, achando tudo maravilhoso, com a licença poética da ficção. Esta atração não está muito distante do medo, ela revela um pouco de nossa insatisfação com a vida e o desejo reprimido de nos libertar de uma condição infeliz. A maioria de nós, apesar de não gostar da própria vida, não admite isso e, se admite, não atentaria contra a própria vida. São poucos os que recorrem à atitude insana do suicídio. Mas o fim do mundo entra como um devaneio que permite acabar com uma vida insatisfeita, sem que você tenha culpa. Afinal, o mundo acabou, fazer o quê?

As pessoas têm uma espécie de medo e atração pelo fim do mundo. Parece contraditório, mas contraditórios somos nós humanos, enquanto seres imperfeitos. Somos capazes de amar e odiar, desejar e repudiar um mesmo ser ou objeto. Somos atraídos pelo fim do mundo porque ele pode ser a solução ou libertação para os nossos problemas, mas, ao mesmo tempo, temos medo de perder esta vida, pois não sabemos se é melhor perdê-la ou mantê-la, apesar do sofrimento. As dores da vida nos amedrontam, mas a destruição é algo também amedrontador.

Muitas religiões fortalecem esse medo e sofrimento fazendo seus fiéis desejarem o fim do mundo. É uma fuga da realidade. É mais bonito acreditar que o céu vai se abrir e que Deus virá separar o bodes da ovelhas, o bem do mal, resolver todos os problemas e amanhã não ter de acordar cedo para trabalhar ou viver uma rotina massacrante. Motivados por esse devaneio, algumas seitas chegaram a praticar suicídios coletivos na certeza de que o fim do mundo estava próximo e de que eles eram os escolhidos especiais para serem salvos.

O Espiritismo, a seu turno, não vem vender ilusões e não acredita em fins de mundo apocalípticos. Mesmo que este mundo se acabe, a vida, nossos problemas e aflições continuam do lado de lá, assim como também todas as coisas boas que construímos interiormente. A morte não nos faz o que a vida não nos fez. Morrer é só mudar de endereço. Seguimos sendo os mesmos, mudamos apenas quando decidimos mudar por nossos esforços. É natural que muitos prefiram acreditar em ilusões ou em soluções mágicas para o mundo e para seus problemas. Dizem alguns: Vamos colocar uma bomba e começar tudo de novo, só assim o mundo tem jeito. Pura bobagem!

Devemos trabalhar para que o mundo não seja um lugar de sofrimento. Para adentrarmos no reino dos céus é preciso construí-lo primeiro no terreno dos nossos corações.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.