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Um jovem de 19 anos se entregou à polícia, na Zona Norte de Porto Alegre, e pediu para ser preso. Ele alegou estar cansado do tráfico de drogas. Segundo a Brigada Militar, ele portava quatro tijolos de maconha e 62 pedras de crack. Marcia Leal Jek comenta.

  • Data :07/07/2012
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24 de julho de 2012

‘Cansado’ do tráfico, homem se entrega e pede para ser preso no RS

Jovem de 19 anos procurou 20º Batalhão da Brigada Militar, na Zona Norte. Ele portava quatro tijolos de maconha e 62 pedras de crack em sacola.

Do G1 RS, com informações da RBS TV

Um jovem de 19 anos se entregou à polícia pouco antes da 1h desta terça-feira (20), na Zona Norte de Porto Alegre, e pediu para ser preso. Ele alegou estar cansado do tráfico de drogas. Segundo a Brigada Militar, ele portava quatro tijolos de maconha e 62 pedras de crack.

O rapaz procurou o posto do 20º Batalhão da Brigada Militar, no bairro Jardim Lindoia, e disse que era gerente de um ponto de tráfico. “O elemento bateu na porta, se identificou e disse que tinha drogas na sacola. Foi feita a revista ali mesmo", conta o soldado Fernando Righi.

Do 20º BPM, o jovem foi encaminhado à 3º Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) da Polícia Civil, onde foi autuado em flagrante. De acordo com a polícia, ele deve ser transferido ainda nesta terça-feira para o Presídio Central de Porto Alegre.

Notícia publicada no Portal G1 , em 20 de março de 2012.

Marcia Leal Jek comenta*

Lidar com usuário de drogas não é fácil. A dependência química é realmente um problema que merece muito cuidado físico e espiritual.

Deus nos permite conviver uns com os outros para que possamos nos auxiliar mutuamente no caminho evolutivo. Por vezes, essas convivências são difíceis. No caso desse rapaz, a dependência já está estabelecida. Reverter esse quadro é um processo lento e que precisa da vontade real do adicto para querer sair. A solução encontrada por ele foi se entregar para a polícia, pois, desta forma, estaria longe do tráfico e do uso também.

O vício do crack é um inimigo difícil. O problema da tóxico-dependência é de um desgaste emocional e psicológico muito grande, não só para o doente, mas também para os familiares que convivem com ele diariamente. Os narcóticos funcionam, muitas vezes, como um escape, uma fuga da crua realidade de nossas desilusões, fracassos e sofrimentos. Não sabemos o que o levou a chegar a essa situação, mas precisamos enxergar nesse rapaz o enfermo carente de proteção, o espírito angustiado, o ser humano que escolheu o caminho errado para esconder a revolta, a dor e o desapontamento, e que, nesse momento, precisa muito de orientação.

A atitude deste jovem faz-nos lembrar de uma frase atribuída ao nosso saudoso Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. (…) Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela corre por nossa conta.”

Sendo assim, verificamos que a dependência química é uma doença psiquiátrica que se caracteriza pela perda de controle do uso de determinadas substâncias psicoativas, talvez um dos maiores problemas enfrentados pelas pessoas na atualidade, dada à insegurança, à imaturidade e à ansiedade em que se vive.

O uso da droga é desencadeado por fatores externos, como companhias, ambientes, ocorrências (em casa ou fora dela), etc, que devem ser analisados em profundidade e trabalhados da melhor forma para que exerçam a menor influência possível.

Diz-nos o Espiritismo a este respeito:

“909. O Homem poderia sempre vencer suas más tendências pelos seus esforços? - Sim, e, algumas vezes, por fracos esforços. É a vontade que lhe falta. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!

*911. Não há paixões tão vivas e irresistíveis que a vontade não tenha poder para superá-las? - Há muitas pessoas que dizem: eu quero, mas a vontade não está senão nos lábios; elas querem, mas estão bem contentes que assim não seja. Quando se crê não poder vencer suas paixões, é que o Espírito nelas se compraz em consequência de sua inferioridade. *

Aquele que procura reprimi-las, compreende sua natureza espiritual; as vitórias são para ele um triunfo do Espírito sobre a matéria.” (O Livro dos Espíritos , Allan Kardec, parte 3ª, cap. XII.)

Também somos esclarecidos pelo Espírito Joanna de Ângelis, no livro Conflitos Existenciais , através da psicografia de Divaldo P. Franco, que “na origem da drogadição está o espírito aturdido, inseguro, às vezes revoltado, que traz do passado uma alta carga de frustrações e de rebeldia. (…) Os conflitos no lar, a ausência de diálogo, os conflitos internos respondem também pela procura das drogas. Num outro grupo encontramos aqueles que acham que a vida deve ser sempre agradável e compensadora, buscando nas drogas de qualquer natureza uma fuga da realidade. (…) Muitas das pessoas viciadas são vítimas do mesmo hábito que mantiveram em existência anterior, na qual mergulharam em abismo profundo e retornaram com as marcas da dependência que os consome.”

Sobre esses e outros vícios, Allan Kardec, preocupado com a questão das pessoas enroladas nos labirintos dessa fraqueza humana, perguntou à Espiritualidade Amiga, na questão 645 do mesmo livro, se “quando o homem está mergulhado na atmosfera do vício o mal não se torna para ele um arrastamento quase irresistível?” Ao que os Espíritos responderam:

“Arrastamento, sim, irresistível, não: porque no meio dessa atmosfera de vícios podes encontrar grandes virtudes. São Espíritos que tiveram a força de resistir e que tiveram, ao mesmo tempo, a missão de exercer uma boa influência sobre os seus semelhantes”.

Como podemos analisar, nunca estamos sozinhos. Seja no caminho reto, seja nos “desvios”, sempre contaremos com a presença dos nossos irmãos da espiritualidade que estiverem na mesma faixa vibratória. Portanto, a qualidade da ajuda depende de nós, das nossas atitudes, dos nossos desejos. Pensemos nisso em todas as circunstâncias.

  • Marcia Leal Jek estuda o Espiritismo há mais de 25 anos e é trabalhadora do Centro Espírita Francisco de Assis, em Jacaraipe, Serra, ES.