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As luzes da cidade têm um efeito forte sobre as populações de insetos, favorecendo algumas espécies e prejudicando outras. As informações de uma pesquisa suscitam novas questões sobre o impacto humano na vida animal. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :03/07/2012
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16 de julho de 2012

Estudo com insetos mostra que iluminação urbana afeta ecossistema

As luzes da cidade têm um efeito inesperadamente forte sobre as populações de insetos, favorecendo algumas espécies e prejudicando outras. As informações são de uma pesquisa publicada no periódico britânico Biology Letters e suscitam novas questões sobre o impacto humano na vida animal.

Cientistas chefiados por Thomas Davies, da Universidade de Exeter, sudoeste da Inglaterra, passaram três dias em agosto de 2011 instalando armadilhas de insetos no entorno de Helston, uma pequena cidade da Cornuália. Eles capturaram 1.194 insetos de 60 diferentes espécies.

Segundo as descobertas, a proximidade com as luzes urbanas foi um fator relevante no número de insetos e na prevalência de espécies. Cinco espécies, incluindo formigas, besouros terrestres e bichos-de-conta, foram muito mais abundantes em áreas iluminadas em comparação com áreas localizadas entre pontos de luz. As luzes da cidade também atraíram mais insetos predadores e necrófilos.

Mudanças minúsculas nas populações de insetos repercutem na cadeia alimentar, impulsionando algumas espécies, mas prejudicando outras, destacaram os biólogos. “A iluminação urbana muda o meio ambiente em níveis mais elevados de organização biológica do que se sabia anteriormente, trazendo à tona a potencialidade de poder alterar a estrutura e a função dos ecossistemas”, explica o estudo.

A iluminação urbana avança à proporção média de 6% ao ano em todo o mundo, mas seu impacto na vida selvagem é pouco compreendido. O senso comum diz que as luzes da cidade afetam o relógio biológico de aves urbanas e influencia os hábitos alimentares de mamíferos como raposas, ratos, camundongos e morcegos.

O estudo faz um alerta sobre a introdução da próxima geração da iluminação urbana, que usa metal haloide ou diodos emissores de luz (LEDs). Segundo os cientistas, estas tecnologias emitem luz em uma faixa mais ampla de comprimento de onda à qual os organismos são sensíveis. “A falta de informação disponível sobre os impactos ambientais da poluição luminosa não reflete realmente a escala potencial deste problema”, destacam os pesquisadores.

AFP

Notícia publicada no Portal Terra , em 22 de maio de 2012.

Breno Henrique de Sousa comenta*

Todos os dias lemos notícias que falam dos efeitos da ação humana sobre a natureza. Esta parece ser uma temática apenas para os biólogos, ecologistas e políticos, mas não é se observarmos as dimensões mais profundas do tema. Existem muitos debates e discordâncias no meio científico sobre o quanto o homem tem impactado a natureza com suas atividades, mas, pelo menos no que se refere à vida urbana, é quase unânime a opinião de que ela é mais diretamente afetada porque concentra as atividades humanas poluentes e degradantes. A fumaça das chaminés, dos escapes dos automóveis, a poeira em suspensão, a poluição do solo, do ar e da água, não são exageros apocalípticos de ecologistas fanáticos, são uma realidade que você pode comprovar respirando fundo no centro de São Paulo ou de outra metrópole qualquer.

Se é duvidoso que o futuro do mundo está ameaçado, é certo, porém, que a qualidade de vida nas cidades está degradada, e hoje, mais de 80% da humanidade vive nas cidades. É nas cidades que respiramos, comemos, bebemos e dormimos e é nas cidades que, pela sua perda de qualidade ambiental, tem aumentado a incidência de inúmeras enfermidades como o câncer. A ganância desmedida do homem é o seu próprio veneno e pouco adianta leis mais rígidas se o ser humano é mal-educado e se seus valores são totalmente materialistas e imediatistas.

O ambientalista e filósofo Enrique Leff diz que a crise ambiental é, antes de qualquer coisa, a crise dos valores humanos. É sempre o homem quem destrói a natureza impulsionado por sua ganância desmedida. O materialismo está na raiz de todos os grandes problemas humanos e é contra ele que o Espiritismo se volta, tomando o caminho da construção da consciência espiritual do ser humano. Quem tem consciência verdadeira de que é um espírito encarnado na Terra, de que voltará através da reencarnação, de que os bens materiais são algo que podemos usufruir, mas que seremos chamados a prestar contas do uso que fizemos, não degrada a natureza nem permite que o façam.

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 705, existe uma afirmação dos Espíritos superiores que cala fundo em nossas consciências e com ela encerramos o nosso comentário:

705. Por que nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?

“É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele emprega no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário. Olha o árabe no deserto. Acha sempre de que viver, porque não cria para si necessidades factícias. Desde que haja desperdiçado a metade dos produtos em satisfazer a fantasias, que motivos tem o homem para se espantar de nada encontrar no dia seguinte e para se queixar de estar desprovido de tudo, quando chegam os dias de penúria? Em verdade vos digo, imprevidente não é a Natureza, é o homem, que não sabe regrar o seu viver.”

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.