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Segundo a direção, dos 360 alunos matriculados na Escola Vitalina Maria de Jesus, 13 já passaram mal. E o curioso é que todos sentiram os mesmos sintomas. Não foi o primeio caso. Os surtos começaram há pouco mais de um mês. Cristiano Carvalho Assis comenta.

  • Data :18/06/2012
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24 de junho de 2012

Imagens mostram surto de alunos em escola no sertão de Pernambuco

Segundo a direção, dos 360 alunos matriculados na Escola Vitalina Maria de Jesus, 13 já passaram mal. E o curioso é que todos sentiram os mesmos sintomas.

A aula estava no fim quando alguns jovens começaram a passar mal. Já era noite, e só a luz de um celular conseguiu iluminar o que acontecia: cinco estudantes em surto, ao mesmo tempo. Em imagens exibidas com exclusividade pelo Fantástico é possível ver três deles. Uma menina é amparada, enquanto as pessoas em volta seguravam seus braços. Outra jovem parece fraca e também é socorrida. Tudo aconteceu em frente a uma escola, na zona rural de Araripina, cidade de 80 mil habitantes no sertão de Pernambuco.

Os jovens são alunos da sexta série e o surto aconteceu em uma sala no dia 25 de abril. E não foi o primeiro caso no colégio. Os surtos começaram há pouco mais de um mês.

Segundo a direção, dos 360 alunos matriculados na Escola Vitalina Maria de Jesus, 13 já passaram mal. E o curioso é que todos sentiram os mesmos sintomas. Primeiro, vem uma forte sonolência, depois os braços e as pernas ficam dormentes e, de repente, eles desmaiam.

Edivânia, de 21 anos, conta o que sentiu: “eu comecei com uns arrepios de frio e as mãos endurecendo”. Outra aluna passou pelo mesmo: “a gente fica nervosa e fica com medo mesmo. E acaba desmaiando”.

Jacira, de 15 anos, teve quarto surtos. O pai conta que ela chegou a ficar violenta: “Ela se trancou no banheiro. Uma amiga dela foi socorrer, e ela pegou a amiga e jogou na parede”.

A causa dessa estranha reação coletiva é um mistério. Algumas meninas foram levadas ao hospital, mas os médicos não encontraram nada de errado. “Depois de serem atendidas, elas ficam em observação e pouco tempo depois já estão bem”, diz a médica Audryan Cavalcante.

A Secretaria de Saúde do município testou a água e a merenda da escola. Não encontrou pistas para o mal estar dos jovens. Mas os médicos sabem que pode ser um distúrbio emocional. “É possível que o fato de uma ter se sentido mal possa ter influenciado, sugerido as outras a referirem os mesmos sintomas”, aponta uma médica.

A tese é de que os alunos estejam sofrendo de uma histeria coletiva, um fenômeno psicológico. Começa quando uma pessoa se sente mal e os amigos que convivem com ela acabam absorvendo sintomas como dor de cabeça e tontura. Ninguém está realmente doente, mas todos sentem o mesmo mal estar.

“Isso é muito comum de acontecer em escolas, fábricas, em vilarejos pequenos. Então, uma pessoa tem um sintoma, outra pessoa vê e se impressiona com aquilo. E acha que aquilo pode ser contagioso e começa a apresentar a mesma coisa”, explica o psiquiatra Daniel de Barros.

Só uma avaliação médica cuidadosa pode confirmar um diagnóstico de histeria coletiva, mas o caso de Pernambuco tem algumas características do fenômeno, segundo o psiquiatra. Um exemplo: a maioria entre os jovens afetados é de mulheres.

“Elas são mais sugestionáveis e podem se impressionar um pouco mais com o sintoma que a amiga está apresentando”, aponta o especialista.

A hipótese de histeria coletiva também surgiu em outros casos. Em 2007, 600 meninas de um internato no México ficaram, de repente, com dificuldade para andar. E dar alguns passos virou um sacrifício.

Em 2011, nos EUA, pelo menos, 15 jovens de um colégio começaram a ter tiques nervosos graves e inexplicáveis. Os tiques se espalharam entre amigas em poucas semanas.

No Brasil, em 2010, cerca de 20 alunos de uma escola em Itatira, Ceará, começaram a ter surtos e ficavam agressivos. As aulas foram suspensas por um mês. Quando recomeçaram, as manifestações haviam desaparecido.

Em casos de histeria coletiva, o mal estar geralmente é temporário. “O ciclo em uma pessoa é rápido, mas dependendo do tamanho do grupo isso pode durar dias mesmo. Às vezes, semanas e meses. Quanto mais tranquila e mais sossegada ela fica, já sabendo que isso não é nada sério, menor a chance ela tem de desenvolver esse sintoma”, afirma o psiquiatra.

Notícia publicada na página do Fantástico , em 6 de maio de 2012.

Cristiano Carvalho Assis comenta*

Não somos médicos, psicólogos ou psiquiatras, por isso a tese de ser histeria coletiva pode ser válida. Mas, como espíritas e sabedores que somos que a vida material é a consequência da espiritual, onde o mundo das causas está localizado mais no plano espiritual, não poderemos deixar de explicar este fenômeno através da ótica espírita.

Observamos que a reportagem em questão tomou bastante cuidado em não ir para um caminho espiritual ou com envolvimento de espíritos. Foram bastante cautelosos em direcionar apenas para a área médica, mas alguns pontos relatados nos demonstram dados para acreditarmos haver uma influência espiritual no meio do fenômeno. Ocorrências do tipo sonolência, arrepios de frios, alteração de personalidade e de atitudes são observados em contatos espirituais. Como nenhum destes sintomas estão associados a alguma doença específica, tudo leva a crer termos contatos espirituais nesta ocorrência.

O primeiro ponto que devemos considerar é o nível espiritual dos espíritos em questão. Pelas características de dominar a parte física, levar as pessoas a terem condutas violentas e trazer medo, podemos concluir em se tratar de espíritos imperfeitos.

Observamos casos individuais desta natureza com bastante frequência procurando o Centro Espírita em busca de auxílio. Mas com os aspectos coletivos como relatados na reportagem é mais raro. No entanto, temos vários exemplos na história quando pesquisados e lembrados na própria reportagem. Em uma análise precipitada, poderíamos pensar que não há referência em relação ao acontecido nas pesquisas de Allan Kardec, já que não conseguimos referência nas obras do Pentateuco Espírita. No entanto, quando vamos pesquisar na Revista Espírita , referência das mais importantes que nós espíritas deixamos muito de lado, encontramos um fato praticamente igual na cidade de Morzine e explicado profundamente em quatro edições:

*“Os jornais falaram, há algum tempo, de uma monomania epidêmica que se declarou numa parte da Haute-Savoie e contra a qual fracassaram todos os recursos da medicina e da religião (…). Essa infeliz população está ainda hoje sob a influência da obsessão, apesar dos exorcismos, dos tratamentos médicos, das medidas tomadas pela autoridade, * internação nos hospitais do departamento; os casos diminuíram um pouco, mas não cessaram, e o mal existe, por assim dizer, no estado latente.” (Revista Espírita , abril de 1862.)

Podemos utilizar trechos da referida análise de Kardec para explicar o fenômeno do Sertão de Pernambuco:

*“Está provado pela experiência que os Espíritos malévolos agem não só sobre o pensamento, mas também sobre o corpo, com o qual se identificam, e do qual se servem como se fosse * o seu; que provocam atos ridículos, gritos, movimentos desordenados”. Muitas vezes nos enganamos em achar que influência espiritual só tem reflexo na parte psicológica, mas é importante vermos que chegando a um grau de subjugação poderá ter reflexos corporais.

*“O que um Espírito pode fazer sobre um indivíduo, vários Espíritos podem fazê-lo sobre vários indivíduos simultaneamente, e dar, à obsessão, um caráter epidêmico. Uma nuvem de * maus Espíritos pode invadir uma localidade, e ali se manifestar de diversas maneiras” (Revista Espírita , janeiro de 1863.)

*“(…) Semelhante a uma nuvem de gafanhotos, um bando de maus Espíritos pode se abater sobre um certo número de indivíduos, apoderar-se deles e produzir uma espécie de epidemia moral. A ignorância, a fraqueza das faculdades, a falta de cultura intelectual, lhes dá naturalmente mais ação; por isso maltratam, de preferência, certas classes, embora as pessoas inteligentes e instruídas deles não estejam isentas. Provavelmente, como disse Erasto (Espírito), é uma epidemia desse gênero que reinava no tempo do Cristo, e da qual * frequentemente se falou no Evangelho.” (Revista Espírita , abril de 1862.)

Dessa forma, observamos que o fenômeno de influência espiritual coletivo é possível e já ocorreu em todas as épocas da humanidade. Saber que ocorre é importante, mas o essencial é sabermos por que ocorre e a forma que todos temos de nos proteger.

Não podemos deixar nos enganar em achar que os Espíritos imperfeitos tenham “poderes” sobrenaturais que todos devemos nos curvar. Esta é a ideia que eles desejam que acreditemos, mas que não condiz com a verdade. O plano espiritual, como o material, é regido por leis Universais que nenhum espírito é capaz de sobrepor. Os Espíritos imperfeitos apenas se utilizam de nossa ignorância quanto a essas leis e nossos hábitos mentais e morais para que consigam dominar uma situação.

“Antes de se dirigir aos Espíritos, convém, pois, se armar contra o ataque dos maus, como quando se caminha sobre um terreno onde se teme a mordedura de serpentes. A isto chega-se primeiro pelo estudo preliminar que indica o caminho e as precauções a tomar, depois pela prece; mas é preciso bem se compenetrar da verdade, que o único preservativo está em si, em sua própria força, e jamais em coisas exteriores, e que não há nem talismãs, nem  amuletos, nem palavras sacramentais, nem fórmulas sagradas ou profanas que possam ter a menor eficácia, se não se possui em si as qualidades necessárias; são, pois, estas qualidades que é preciso se esforçar em adquirir.”

O conhecimento da Lei de afinidade, de Causa e Efeito, a força do pensamento, o poder da prece, a comunicabilidade com os espíritos, da psicosfera e muitos outros ensinamentos que a Doutrina Espírita nos traz é importante para sabermos como e porque ocorrem todos os fenômenos de obsessão do mais simples ao mais complexo. No entanto, saber só traz maiores conhecimentos intelectuais e maiores responsabilidades para todos que conhecem. A prevenção ou o tratamento da má influência, seja ela individual ou coletiva, e a forma que atraímos a companhia dos Bons espíritos só é conseguida através do uso destes conhecimentos para uma reforma íntima real, conseguida pelo esforço de cada um no dia a dia de melhorar seus aspectos de desequilíbrio em todos os momentos de nossas vidas, sem exceção. Mudando nossas vibrações do homem-velho, com impulsos e tendências desequilibradas, para às do homem-novo, com a couraça moral do amor e da paz, não seremos influenciados por nenhum espírito em desequilíbrio.

  • Cristiano Carvalho Assis é formado em Odontologia. Nasceu em Brasília/DF e reside atualmente em São Luís/MA. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Maranhense e colaborador do Serviço de Atendimento Fraterno do Espiritismo.net.