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Cientistas americanos conseguiram identificar sinais de consciência em um paciente em estado vegetativo, e se comunicaram com o doente enquanto este respondia as perguntas apenas mentalmente. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :16/06/2012
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16 de junho de 2012

Cientistas conseguem detectar sinais de consciência em cérebro de paciente em coma

O Globo, com agências internacionais

NOVA YORK - Cientistas americanos conseguiram identificar sinais de consciência em um paciente em estado vegetativo, e se comunicaram com o doente enquanto este respondia as perguntas apenas mentalmente. Para os pesquisadores, este é um marco da ciência, que poderá, em um futuro próximo, transformar a maneira como médicos, enfermeiros e familiares tratam pacientes em coma.

O teste, divulgado no “New England Journal of Medicine” , foi feito em um paciente de 22 anos que sofreu um acidente de carro e está em estado vegetativo há sete anos. Os médicos das universidades de Cambridge, na Inglaterra, e de Liège, na Bélgica, pediram ao paciente belga que imaginasse atividades motoras, como jogar tênis, para responder “sim”, e imagens espaciais, como ruas, para indicar “não”.

Os especialistas sabiam que cada tipo de pensamento ativaria uma área diferente de seu cérebro. Portanto, por meio de uma técnica de Imagem por Ressonância Magnética Funcional (IRMF, na sigla em inglês), que monitora a atividade cerebral do paciente em tempo real, eles puderam identificar suas respostas.

O paciente respondeu corretamente a cinco das seis perguntas sobre sua vida pessoal. Ele conseguiu confirmar o nome de seu pai, por exemplo.

  • Nós ficamos atônitos quando vimos os resultados do exame do paciente. Ele foi capaz de responder corretamente às questões que fizemos simplesmente alterando seus pensamentos - disse Adrian Owen, professor de neurologia da Universidade de Cambridge e um dos coordenadores da pesquisa, à rede BBC.

Este estudo mostra que os exames tradicionais podem não identificar pacientes que têm algum tipo de consciência. O porta-voz da Academia Americana de Neurologia afirmou que, desde que um estudo similar foi divulgado há quatro anos, familiares de pacientes em coma tem exigido mais ressonâncias para avaliar a atividade cerebral.

Porém, os pesquisadores alertam que o resultado vai depender do motivo que levou a pessoa ao coma. As chances de perceber sinais positivos é mais comum em pessoas que sofreram algum tipo de trauma cerebral, não naqueles que entraram em coma porque ficaram sem oxigênio, como a americana Terri Schiavo, que morreu em 2005.

No total, o grupo trabalhou com 54 pacientes que sofrem de desordem de consciência, dos quais 23 estão em estado vegetativo. Eles também usaram a técnica com voluntários saudáveis, para efeito de comparação. A pesquisa concluiu que dos 54 pacientes envolvidos, cinco foram capazes de voluntariamente alterar sua atividade cerebral. Três deles demonstraram inclusive algum grau de consciência, mas os outros dois não necessariamente mudaram seus pensamentos conscientemente.

Para os pesquisadores, o estudo abre o caminho para que o paciente em estado vegetativo possa tomar decisões quanto ao seu tratamento.

  • Você poderia perguntar se os pacientes sentem dor e então prescrever algum analgésico, e você poderia ir além e perguntar a eles sobre seu estado emocional - explicou Adrian Owen.

O uso dessa técnica pode levantar questões éticas, como por exemplo, se é correto desativar os aparelhos para deixar um paciente em estado vegetativo morrer, já que ele pode ter algum grau de consciência e até capacidade de manifestar vontade própria.

Notícia publicada no Jornal O Globo , em 4 de fevereiro de 2010.

Breno Henrique de Sousa comenta*

O conhecimento de que muitos pacientes em coma conseguem perceber estímulos externos não é novidade. Já era um fato conhecido pelos relatos daqueles que conseguindo recuperar-se dessa condição, descreveram as suas percepções durante esse período de convalescença parcial. Muitos médicos recomendam aos familiares que conversem com os pacientes em coma, pois sendo eles capazes de ouvir e compreender o que lhes dizem, podem, por isso, melhorar o seu estado emocional e, por consequência, repercutir positivamente na sua recuperação física. A novidade na notícia em destaque está na metodologia que permite o uso de aparelhos para saber em tempo real se o paciente percebe os estímulos além de dar-lhe a possibilidade de responder mentalmente às indagações.

Essa difícil situação onde o indivíduo está aprisionado a um corpo inerte é certamente uma condição provacional ou expiatória que poderá ser mais ou menos longa. Compreendendo que não há injustiça nos mecanismos da lei divina, haverá um motivo para alguém encontrar-se em tal estado. Não podemos traçar generalizações, mas, pela lei de causa e efeito, é muito comum sofrermos o retorno das nossas próprias ações, sobretudo quando somos retardatários na reparação de nossos erros que poderiam ser remediados pela prática da caridade. Mas, a misericórdia divina é infinita e a cada dia nos permite avançar em conhecimentos científicos que dão melhor qualidade de vida aos enfermos, ou mesmo a cura, quando possível.

Todos os nossos esforços devem estar voltados para poupar ao sofrimento quem se encontra enfermo. Para isso, devemos buscar nas ciências médicas todos os recursos disponíveis. Mas é um erro achar que abreviar a vida de alguém iria poupar-lhe qualquer sofrimento, pelo contrário, a morte, quando chega prematuramente, seja pelo assassinato da eutanásia, ou do suicídio, só amplia os sofrimentos que se desdobram na vida espiritual. Quando não é possível resgatar alguém da condição do coma consciente, ou mesmo de outros estados de dependência física, tenhamos a consciência de que o enfermo tem a oportunidade, nessa situação, de exercitar a humildade, a paciência, a resignação, ampliar o valor que atribui à vida, à liberdade e a consciência de que todos dependem uns dos outros. E talvez esse seja o motivo de muitos permanecerem por longo tempo nessa difícil condição.

O estado de coma consciente é diferente das experiências de quase morte (EQM), ou pós-morte. Na primeira situação o espírito encontra-se ligado ao corpo, percebe através de sua audição física e registra no cérebro as impressões que lhe chegam; na segunda, o corpo chega ao ponto de ser dado como clinicamente morto (apesar de muitos registros de experiência de EQM se darem durante o coma), em outras circunstâncias o cérebro fica sem oxigenação e depois de serem “ressuscitados” artificialmente, os pacientes relatam percepções impossíveis do ponto de vista físico, ou seja, registram fatos que aconteceram durante o seu estado de completa convalescença física, com riqueza de detalhes, fatos que aconteceram no bloco cirúrgico, em salas ao lado, ou mesmo, em alguns casos, em locais bem distantes, onde seria impossível ao paciente percebê-los mesmo que ele se encontrasse na plenitude de suas capacidades cognitivas.

Todos estes relatos nos revelam como o ser humano é interexistencial. Somos seres espirituais que vivemos transitoriamente no corpo físico, abençoados pela oportunidade sagrada da vida. Guardemos e defendamos a vida, esta escola que nos prepara para a eternidade.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.