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O fotógrafo argentino Alejandro Kirchuk, de 24 anos, registrou durante três anos o cotidiano dos seus avós maternos, Marcos e Mónica, casados durante 65 anos, após descobrir que a avó travava uma batalha contra o Alzheimer. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :08/05/2012
  • Categoria :

9 de maio de 2012

Fotos mostram amor entre idosos lutando contra o Alzheimer

Marcia Carmo

De Buenos Aires para a BBC Brasil

O fotógrafo argentino Alejandro Kirchuk, de 24 anos, registrou durante três anos o cotidiano dos seus avós maternos, após descobrir que a avó travava uma batalha contra o Alzheimer.

A série de fotos revela as mudanças no comportamento da avó, Mónica, e o amor do marido, Marcos, que após o diagnóstico da doença, em 2007, deixou tudo para acompanhá-la até a morte, no ano passado.

“Os protagonistas (desta série) são meus avós. Mas principalmente ele e seu amor por ela”, disse Kirchuk à BBC Brasil.

“Para mim, a atitude dele foi um descobrimento especial e que mostrei nas fotos”.

A obra foi chamada de La noche que me quieras e ganhou o primeiro lugar do concurso World Press Photo 2011 na categoria “Vida cotidiana”. Segundo o fotógrafo, o título é uma referência ao verso que a avó cantava mesmo quando a doença já estava em estágio avançado, do tango El día que me quieras, famoso na voz de Carlos Gardel.

“Isso confirma que os dois viviam uma história de amor”, afirmou Kirchuk.

Mónica morreu aos 87 anos de idade e Marcos, que é médico aposentado, tem 89 anos. Ambos ficaram casados durante 65 anos.

Registro detalhado

Kirchuk contou que tirou centenas de fotos do casal. A seleção que enviou ao concurso mostra desde os primeiros momentos da avó com os sinais da doença degenerativa até a etapa terminal.

Quando ele iniciou o trabalho, Mónica sofria de Alzheimer havia dois anos mas levava uma vida quase normal. Porém, recordou o fotógrafo, com falhas na memória.

“Às vezes, ela me reconhecia e às vezes, não. Com o tempo, já não me reconhecia mais. Mas à sua maneira reconhecia meu avô que a acompanhou em cada detalhe do cotidiano.”

O fotógrafo diz que a imagem “mais forte” de sua avó é um retrato tirado bastante de perto, quando ela já estava abatida, no ano passado. A foto da avó com olhos que parecem marejados foi tirada dois ou três meses antes de sua morte.

“Era como ela olhava o mundo. Um olhar triste que marcou seu último ano de vida”, disse.

Homenagem ao avô

O desfecho da obra é uma imagem de Marcos sozinho olhando o jardim da casa onde morou com Mónica. O fotógrafo registrou e acompanhou Marcos em todos os momentos, inclusive levando flores para a avó no cemitério onde Mónica foi sepultada.

“Esta série é uma homenagem a ele. Ele ficou com ela até o último minuto.”

Quando perguntado sobre o que o avô achou do projeto, Kirchuk respondeu que, “no início, ele achou estranho”.

“Mas depois soube entender a importância do registro deste amor. E de se poder mostrar ao mundo que este trabalho pode estimular que idosos sejam apoiados em casa e que não sejam enviados para um asilo”, afirmou.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 14 de fevereiro de 2012.

Claudia Cardamone comenta*

Quem realmente compreende o casamento? Como espíritas dizemos que na maioria das vezes o casamento foi combinado no mundo espiritual, mas mesmo assim continuamos sem entendê-lo. Porque o casamento em geral é visto pelos olhos do código civil: “Casamento é o contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste Código”. Para a Igreja católica é a união de duas pessoas de sexo diferente com fins de reprodução e entreajuda dos cônjuges. Alguns se casam para sair de casa, para constituir família, manter-se ou progredir socialmente, mas a grande maioria se casa por amor.

Kardec, no comentário da questão 696, de “O Livro dos Espíritos”, diz: “[…] O casamento é um dos primeiros atos de progresso nas sociedades humanas porque estabelece a solidariedade fraterna e se encontra entre todos os povos, embora nas mais diversas condições […]”   E é exatamente isto que podemos ver neste trabalho fotográfico: a solidariedade em uma de suas mais belas facetas.

Pouco importa saber os motivos que levaram aquelas pessoas a se unirem, mesmo porque esta união pode ser apenas devido a uma simpatia, sem terem se conhecido em outras vidas. Mas é preciso compreender que se uniram para tornarem a encarnação mais proveitosa e muitas vezes mais suportável. Há certas vivências que são mais fáceis de serem superadas quando não estamos sozinhos. Nós não casamos para sermos felizes, um não depende do outro, mas juntos e vivenciando um amor verdadeiro podemos encontrar mais facilmente a felicidade que nos é possível.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.