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Adolescentes que veem muitos filmes em que os personagens consomem álcool têm duas vezes mais chance de começar a beber do que aqueles que assistem a poucas produções com cenas deste tipo, revela pesquisa. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :22/04/2012
  • Categoria :

25 de abril de 2012

Álcool em filmes influencia o comportamento dos adolescentes

Cenas com bebidas ou em que personagens tomam drinques têm efeito decisivo sobre jovens

BOSTON, Massachusetts — Adolescentes que veem muitos filmes em que os personagens consomem álcool têm duas vezes mais chance de começar a beber do que aqueles que assistem a poucas produções com cenas deste tipo, revela uma pesquisa publicada no jornal on-line “BMJ Open”. Pior: estes adolescentes também têm maior tendência (63%) a abusar do álcool, diz o estudo. As constatações levaram os pesquisadores a sugerir que Hollywood adote as mesmas restrições ao álcool que já vem fazendo ao tabaco em seus roteiros.

O grupo trabalhou com uma mostra significativa de 6.500 jovens americanos, com idades entre 10 e 14 anos, que responderam a perguntas sobre seu consumo de álcool durante dois anos. As perguntas levavam em conta também os fatores que os influenciavam, incluindo filmes, publicidade, ambiente doméstico, comportamento dos colegas e vontade de se rebelar. Os jovens foram convidados a apontar, aleatoriamente, filmes que tinham visto nos últimos cinco anos. Os títulos foram escolhidos entre cem blockbusters de cada ano, e mais 32 sucessos de bilheteria do início de 2003, ano da primeira pesquisa.

O tempo de exibição de cenas em que apareciam bebidas alcoólicas ou pessoas tomando drinques foi medido em cada um dos 532 filmes. Ao final, descobriu-se que muitos adolescentes tinham assistido a cerca de quatro horas e meia de imagens relacionadas ao consumo de álcool, e que este índice, em alguns casos, chegava a oito horas.

Além disso, cerca de um em cada dez jovens (11%) disseram ter um produto, como uma camiseta ou um chapéu, em que aparecia uma marca de bebida alcoólica. Quase um em cada quatro (23%) disseram que seus pais bebiam álcool pelo menos uma vez por semana em casa, e 29% afirmaram que as bebidas ficavam ao seu alcance, em casa.

Ao longo dos dois anos de pesquisa, a proporção de adolescentes que haviam começado a beber mais do que dobrou, de 11% para 25%, enquanto a proporção daqueles que começaram a beber em excesso — isto é, bebiam pelo menos cinco drinques em uma única sessão — triplicou de 4% para 13%.

Pais que bebiam em casa e a disponibilidade de álcool em casa foram fatores associados ao hábito de beber, mas não ao de abusar de álcool. Exposição a cenas com álcool nos filmes, ter um produto com a marca de uma bebida, ter amigos que bebem e rebeldia foram relacionados às duas situações.

Constatou-se ainda que a presença de álcool nos filmes respondia por 28% da proporção de adolescentes que começaram a beber entre uma pesquisa e outra, e por 20% dos que passaram a exagerar no consumo de álcool. A associação não estava relacionada apenas a sequências com personagens tomando drinques, mas também à exibição de cenas em que os produtos apareciam.

“Mostrar cigarros em filmes é proibido nos Estados Unidos, mas é legal que em metade dos filmes de Hollywood haja referência a álcool, independentemente de sua classificação”, disseram os pesquisadores.

Eles ressaltaram que o aparecimento de cigarros em filmes caiu desde que o tabagismo virou um assunto de saúde pública, e sugeriram que a política para o álcool na tela fosse a mesma.

Hollywood tem responsabilidades também fora do país, dado que metade da renda dos seus filmes vem do mercado internacional, acrescentaram. “Como uma gripe, as imagens de Hollywood começam numa região e depois se espalham pelo mundo afora, onde também podem afetar o comportamento dos adolescentes com relação à bebida”, escreveram.

Notícia publicada no Jornal O Globo , em 23 de fevereiro de 2012.

Breno Henrique de Sousa comenta*

Influências Sutis

Todos nós somos seres mais ou menos influenciáveis, mas isso não precisa ser considerado uma fraqueza humana, e sim, antes, uma qualidade. Por sermos influenciáveis é que estamos susceptíveis ao processo educacional. Se não fôssemos influenciados, não poderíamos ser educados.

A desvantagem é que estamos também susceptíveis às influências negativas e a sofrer influências sem nos darmos conta disso. Nesse caso, acreditamos que as decisões são escolhas nossas, quando, na verdade, foram direcionadas por influências ocultas. Isso não nos isenta da responsabilidade de nossas escolhas, pois, segundo o Espiritismo, somos influenciados, mas não determinados. Somos responsáveis por nossas escolhas, mas aqueles que exercem influências negativas também são responsáveis por suas ações e responderão perante a justiça divina pelos prejuízos provocados à humanidade por influenciá-la negativamente. Devemos trabalhar para alertar e educar as pessoas sobre as influências sutis que sofrem. Tornando-se críticas e conscientes, as pessoas poderão opor resistência e filtrar as informações.

Muitas vidas têm se perdido pelo vício na bebida. A cada dia os jovens entram mais cedo neste vício. A OMS diz que o consumo de bebidas alcoólicas no mundo causa cerca de 2,5 milhões de mortes a cada ano. Cerca de 320 mil jovens (9%) entre 15 e 29 anos morrem a cada ano pelo consumo de bebidas alcoólicas.(1) Mas o interessante é que entre as muitas medidas recomendadas pela OMS para diminuir o consumo de álcool, não está prevista a regulação da publicidade nos veículos de comunicação. Ou a OMS subestima o poder desses veículos, ou não quer confrontar-se com a indústria publicitária no mundo.

Os pais, preocupados, perguntam-se o que fazer para que seus filhos não sejam arrastados por essas influências perniciosas. A preocupação é legítima e, no nosso entendimento, não é colocando os filhos em uma redoma de vidro que lograremos livrá-los desse contexto. Devemos, como cidadãos, lutar pela regulação desse excesso de exposição da mídia que, comprovadamente, pelo estudo apresentado na matéria, prejudica a vida dos jovens. Mas, enquanto isso não é feito, são as ferramentas do diálogo e da educação que melhor previnem contra essas influências. Desenvolver nos filhos a consciência crítica e não a via do medo e das ameaças.

Ainda, como espíritas, sabemos que outra influência mais sutil que a publicidade, porém, ainda mais ostensiva e grave, influi sobre a humanidade encarnada. Os publicitários creem-se espertos por conseguir influenciar as massas, porém, muitos deles encontram-se sob a influência oculta da espiritualidade inferior, que atua de maneira planejada para atingir seus propósitos. Cabe a todos algumas perguntas introspectivas: A quem nós servimos? A Deus ou a Mamon? Trabalhamos em prol da edificação ou da degradação do mundo?

Referência:

(1) OMS. Alcohol. Nota Descriptiva N 349. Febrero de 2011. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs349/es/ . Consulta realizada em 18 de abril de 2012.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.