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A família das gêmeas siamesas indianas Saba e Farah Shakeel, de 15 anos, que nasceram unidas pela cabeça, pediu que o governo da Índia desse autorização para que elas fossem mortas, para evitar que continuem sentindo dor. Sergio Rodrigues comenta.

  • Data :09/02/2012
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13 de fevereiro de 2012

Família pede que governo indiano autorize a morte de gêmeas siamesas

A família das gêmeas siamesas indianas Saba e Farah Shakeel pediu que o governo da Índia desse autorização para que elas fossem mortas, para evitar que continuem sentindo dor.

As gêmeas, de 15 anos, nasceram unidas pela cabeça, e se tornaram conhecidas em 2005, quando o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, xeque Mohammed bin Zayed al-Nahyan, decidiu pagar as despesas de sua cirurgia de separação.

Na época, a família das gêmeas optou por não realizar a operação. Mas nos últimos quatro meses, os pais de Saba e Farah decidiram pedir ajuda ao governo indiano para acabar com seu sofrimento.

As irmãs sofrem de fortes dores de cabeça e dores agudas em todas as articulações do corpo.

O irmão mais velho de Saba e Farah, Tamanna Ahmad, disse ao jornal indiano India Today que as duas estão presas na cama.

“Até a fala delas se tornou mais confusa. Seus dedos e tornozelos estão retorcidos”, afirmou.

Segundo Ahmad, a família não conta com ajuda financeira que permita pagar por um tratamento médico e prefere que as gêmeas morram para que seu sofrimento seja aliviado.

“Minha mãe quer a permissão do presidente ou dos tribunais para que elas possam morrer.”

Separação delicada

Em 2005, o xeque Mohammed al-Nahyan pagou pelas consultas das gêmeas com alguns dos maiores especialistas em separação de siameses no mundo, incluindo a equipe do neurocirurgião americano Benjamin Carson, do Hospital Pediátrico Johns Hopkins, em Baltimore.

O príncipe dos Emirados Árabes Unidos entrou em contato com Mohammed Shakeel Ahmad, o pai das meninas, através da embaixada do país na Índia, depois de ler uma reportagem sobre o caso.

Os médicos descobriram que as duas meninas compartilhavam uma artéria, que leva o sangue do corpo para o coração, e uma importante veia no cérebro. Além disso, elas possuem somente dois rins, ambos no corpo de Farah.

Segundo os especialistas, a separação completa só seria feita após uma série de operações, mas havia grande possibilidade de que uma das gêmeas morresse.

A família optou por não realizar as cirurgias por medo de perder uma das filhas, mas a condição das gêmeas se deteriorou com o passar dos anos. Médicos disseram à família que a dependência das gêmeas dos rins de Farah poderia causar pressão alta, perda de peso e fraqueza.

O pai de Saba e Farah sustenta a família de oito pessoas com o dinheiro obtido com uma casa de chá em Patna, no leste da Índia, mas disse ao jornal britânico The Daily Telegraph que não ganha o suficiente para os medicamentos que as duas filhas precisam.

“As meninas querem viver e aproveitar a vida como outras pessoas, mas quando estão sentindo dores, elas choram e pedem ajuda”, disse Shakeel.

A mãe das gêmeas, Rabia Khatoon, disse ao India Today que, se o governo não puder ajudar no tratamento, deve permitir que as gêmeas sejam sacrificadas.

“Pelo menos será melhor do que vê-las sofrer todos os dias”, disse.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 27 de junho de 2011.

Sergio Rodrigues comenta*

Sem dúvida, trata-se de um duro processo provacional a que estão submetidas estas duas irmãs. Conforme ensinam os Espíritos, tudo o que nos sucede na atual existência é consequência das nossas existências anteriores, seja por prova ou expiação. O que a família das gêmeas Saba e Farah está pleiteando é o término do sofrimento de ambas através da morte provocada, a chamada eutanásia. Na questão 746, de “O Livro dos Espíritos”, os Espíritos esclarecem que o assassínio é grande crime aos olhos de Deus, pois “aquele que tira a vida de seu semelhante corta o fio de uma existência de expiação ou de missão”.

Também, na questão 953, os Espíritos são claros: “Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte? - É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência.”

O atendimento por parte das autoridades governamentais ou judiciais indianas a esse pleito enquadrar-se-ia na primeira hipótese, uma vez que estaria pondo fim a uma existência de expiação dos dois espíritos envolvidos nesse drama.

No livro “O Céu e o Inferno”, Allan Kardec explica, no capítulo VII, que a expiação é um dos passos necessários à regeneração do espírito infrator das leis de Deus. E a expiação consiste, continua o Codificador, “nos sofrimentos físicos e morais que lhe são consequentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.” A interrupção da expiação por que passam os espíritos das duas irmãs viria retardar o seu processo de regeneração, atrasando, em consequência, a marcha de suas evoluções. Também, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, o espírito São Luís, em mensagem recebida em Paris em 1860 e incluída no item 28 do capítulo V, instrui no sentido de que a ninguém é dado prejulgar os desígnios de Deus. E orienta: “Minorai os derradeiros sofrimentos, quanto o puderdes; mas, guardai-vos de abreviar a vida, ainda que de um minuto, porque esse minuto pode evitar muitas lágrimas no futuro”. Desse modo, a família deve fazer o que estiver ao seu alcance de acordo com os recursos que a Ciência oferece para atenuar o sofrimento desses dois espíritos. Interromper a provação, mediante a prática da eutanásia, jamais.

  • Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.