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  • Uma igreja promove adoção de embriões congelados para tirar vidas do freezer

A Igreja Cedar Park Assembly of God, no Estado americano de Washington, oferece um serviço incomum para uma instituição religiosa: o de agência de adoção de embriões congelados. Este tipo de serviço não é novo. Reinaldo Monteiro Macedo comenta.

  • Data :22/12/2011
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Igreja americana promove adoção de embriões congelados para tirar ‘vidas do freezer’

A Igreja Cedar Park Assembly of God, no Estado americano de Washington, oferece um serviço incomum para uma instituição religiosa: o de agência de adoção de embriões congelados.

A ideia de criar um programa para unir casais que têm embriões no freezer e outros que não conseguem ter filhos foi inspirada na história de Maria Lancaster.

Aos 46 anos de idade, após várias tentativas de engravidar e inúmeros abortos espontâneos, Maria achava que o sonho de ser mãe nunca seria realizado.

“Os médicos já haviam desistido de mim”, disse ela à BBC Brasil.

Hoje, nove anos depois, ela e o marido, Jeff, são pais de Elisha, 8 anos.

A história dos Lancaster começou a mudar quando Jeff ouviu em um programa de rádio uma entrevista com uma mulher que havia adotado um embrião.

“Nunca havíamos ouvido falar disso”, lembra Maria. “Resolvemos tentar, adotamos um embrião, e hoje eu tenho uma filha linda.”

Há três anos, Maria sugeriu a um amigo, pastor da igreja, que eles fundassem uma agência de adoção de embriões congelados para ajudar outros casais com problemas de fertilidade a também realizar esse sonho e foi criado o Serviço de Adoção de Embriões de Cedar Park (Embryo Adoption Services of Cedar Park).

Opções

Nos tratamentos de fertilização, muitos dos embriões gerados não são utilizados, o que deixa o casal proprietário com a opção de mantê-los congelados indefinidamente, descartá-los, doá-los para pesquisas ou para outro casal.

Calcula-se que existam cerca de 500 mil embriões congelados nos Estados Unidos.

O serviço de adoção desses embriões não é novo e é oferecido por várias outras agências no país, entre elas a Nightlight, pioneira no ramo e que foi de quem Maria adotou o embrião.

Muitas, inclusive, são alvo de controvérsia. Segundo opositores da ideia, ao definir “adoção” em vez de “doação”, dá-se ao embrião o status de pessoa, o que poderia ser usado como justificativa para a defesa, por exemplo, da criminalização do aborto.

Alguns líderes católicos também criticam o procedimento, questionando a moralidade de se implantar o embrião de um casal, concebido artificialmente, em outra mulher.

Autodenominada a “primeira agência de adoção de embriões baseada em uma igreja”, a iniciativa comandada por Maria Lancaster já contabiliza oito bebês nascidos, vários a caminho, e cerca de 25 famílias já inscritas e ainda passando pelos trâmites burocráticos antes de concretizar a adoção.

Maria explica que, na maioria dos Estados americanos, os embriões são tratados legalmente como “propriedade”, mas que para a agência “a vida começa na concepção”.

“Ao cuidarmos da papelada, é uma transferência de propriedade, mas nós os tratamos socialmente como se fossem crianças nascidas.”

Regras

As regras para os candidatos a adotar um embrião na agência comandada por Maria exigem que os pais sejam casados há pelo menos três anos e que apresentem cartas de referência de amigos e familiares, além de uma taxa de inscrição de US$ 250 e outra no valor de US$ 3,5 mil.

Um agente do serviço social contratado pela própria agência faz uma avaliação do lar que irá abrigar o embrião, inclusive consultando arquivos do FBI e de outros Estados onde os candidatos tenham morado para garantir que o casal não tenha tido envolvimento com negligência ou abuso de menores.

Diferentemente do processo de adoção de uma criança, que pode ser longo, o prazo para a adoção de embriões varia de dois a seis meses, segundo Maria.

Ela conta que tenta achar casais doadores e receptores compatíveis, para aumentar a chance de que a criança possa conviver com as duas famílias, e considera esta uma das vantagens da adoção aberta de embriões.

“As famílias que doam os embriões para adoção têm a oportunidade de conhecer essas crianças quando nascerem. E seus filhos têm a oportunidade de conviver com essas crianças, que são seus irmãos”, diz.

“Uma doação anônima de embriões não permite isso.”

Notícia publicada na BBC Brasil , em 23 de novembro de 2011.

Reinaldo Monteiro Macedo comenta*

Este é um assunto muito instigante, mas que pode ser analisado de diferentes perspetivas e sobre os mais diversos aspectos (morais, éticos, científicos, etc). Realçamos que nossa intenção é esclarecer o assunto, não fazendo afirmações veementes em nome da Doutrina Espírita. Como o tema é controverso, em algumas situações colocaremos opiniões pessoais (afinal somos livres-pensadores), que naturalmente são passíveis de serem modificadas a partir de outros entendimentos.

Consideremos, inicialmente, em “O Livro dos Espíritos”. de Allan Kardec, o seguinte:

Questão 136 b) - Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?

“Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”

Questão 344 - Em que momento a alma se une ao corpo?

“A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento”.

Questão 353 – Não estando completa a união do Espírito ao corpo, não estando definitivamente consumada, senão depois do nascimento, poder-se-á considerar o feto como dotado de alma?

“O espírito que vai animar existe, de certo modo, fora dele. O feto não tem pois propriamente falando, uma alma, visto que a encarnação está apenas em via de operar-se.  Acha-se, entretanto, ligado à alma que virá a possuir”.

Refletindo sobre as respostas, entendemos o seguinte:

1 - Se o início da concepção do corpo começa na fecundação do óvulo pelo espermatozóide e é também neste momento que se inicia a vinculação do espírito ao corpo, então neste momento o corpo já não é uma simples massa de carne sem inteligência. Sendo assim, após a fecundação, somos de opinião que o feto já se trata de um ser humano num processo contínuo de reencarnação até o seu nascimento;

2 - Se a alma, termo que designa a vinculação de um espírito a um corpo, já se encontra ligada ao corpo, acreditamos que o feto já dispõe de todas as potencialidades necessárias para se tornar um ser humano, faltando-lhe apenas reunir forças e condições físicas para nascer e, portanto, concluir o processo de reencarnação. Mas enfatizamos que a ligação da vinculação espírito/corpo já começou;

3 - Paralelamente, temos de reconhecer que não dispomos de meios seguros para confirmar sobre a existência ou não de vinculação de espíritos a embriões congelados (nem sequer existem declarações objetivas da espiritualidade superior), mas que é uma prática que funciona e isso é fato científico.

Conclusão: observando unicamente o evento em si, deixando de considerar aspectos da controvérsia entre adoção e doação (que fundamentalmente versa a reportagem), chegamos a conclusão de que não vislumbramos objeções a que terceiros possam viabilizar a finalização do processo do nascimento, porque assim se estaria a dar a um espírito a oportunidade de continuar seu processo evolutivo. Não importa o “nome técnico” que seja dado ao fato em si (adoção ou doação).

Recomendamos que os leitores acessem a um estudo realizado há algum tempo sobre este assunto, e que aborda em maior profundidade esta e outras problemáticas relacionadas: http://www.espiritismo.net/content,0,0,538,0,0.html .

Retiramos desse estudo esta frase para finalizar o nosso comentário: “Kardec deixou bem claro que o Espiritismo caminharia com a Ciência. Não há por que opor-se às suas conquistas, porquanto nada é descoberto ou desenvolvido sem o consentimento de Deus.”

  • Reinaldo Monteiro Macedo é aposentado, administrador e analista de sistemas de formação, expositor de estudos e colaborador do Centro Espírita Nair Montez de Castro no Rio de Janeiro/RJ e de algumas outras Casas.