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A história da humanidade representa uma evolução na qual as pessoas são cada vez mais inteligentes, e em consequência disso, menos violentas, diz estudo do psicólogo canadense Steven Pinker publicado na revista ‘Nature’, em outubro de 2011. Cristiano Carvalho Assis comenta.

  • Data :22 Dec, 2011
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Humanidade é mais inteligente e menos violenta, diz estudo

Violência diminuiu nos últimos séculos e permitiu aos homens conviverem melhor, defende psicólogo

Londres - A história da humanidade representa uma evolução na qual as pessoas são cada vez mais inteligentes, e em consequência disso, menos violentas, diz estudo publicado nesta quarta-feira no último número da revista ‘Nature’.

O psicólogo canadense Steven Pinker argumenta que o aumento da inteligência, que se reflete em pontuações médias cada vez mais altas nos teste de raciocínio abstrato, e também o desenvolvimento da empatia entre os seres humanos, propiciaram um declive da barbárie nos últimos séculos.

Além disso, a alfabetização e o cosmopolitismo favoreceram uma troca de ideias em nível global que ‘possibilita a compreensão do mundo e facilita os acordos’ entre distintas sociedades.

‘Apesar de atualmente nos sentirmos constantemente rodeados pela violência, em séculos anteriores a situação era muito pior. Impérios em colapso, conquistadores maníacos e invasões tribais’ eram comuns, afirma Pinker.

A arqueologia forense e a demografia sugerem que em torno de 15% dos indivíduos nas sociedades ‘pré-estatais’ morriam de maneira violenta, uma proporção cinco vezes maior à registrada no século XX, apesar de suas guerras, genocídios e crises de fome.

Nesse sentido, Pinker aponta que a afirmação popular de que ‘o século XX é o mais sangrento da história’ é uma mera ‘ilusão’ que dificilmente pode ser apoiada em dados históricos.

A barbárie diminuiu comparada a épocas anteriores não só com relação a conflitos armados, mas também a comportamentos sociais, diz o pesquisador.

No século XIV, 40 em cada 100 mil pessoas morriam assassinadas, enquanto atualmente essa taxa se reduziu a 1,3 pessoas.

‘Além disso, nos últimos séculos, a humanidade abandonou progressivamente práticas como os sacrifícios humanos, a perseguição de hereges e métodos cruéis de execução como a fogueira, a crucificação e a empalação’, lembra o psicólogo.

Pinker atribui essa evolução ao aperfeiçoamento da racionalidade e não a um ‘sentido moral’ dos seres humanos, que por si só serviu para ‘legitimar todo tipo de castigos sangrentos’.

‘A propagação de normas morais tornou frequentes as represálias violentas por faltas como a blasfêmia, a heresia, a indecência e as ofensas contra os símbolos sagrados’, afirma.

O estudo ressalta que com o tempo o ser humano foi diversificando sua tendência ao comportamento agressivo, presente desde os primeiros ‘Homo sapiens’.

‘A racionalidade humana precisou de milhares de anos para concluir que não é bom escravizar outras pessoas, exterminar povos nativos, encarcerar homossexuais e iniciar guerras para restaurar a vaidade ferida de um rei’, diz o psicólogo.

O autor do estudo apoia sua tese sobre o aumento da inteligência em pesquisas anteriores, que mostram como o Quociente Intelectual (QI) médio aumenta a cada geração.

‘As empresas que vendem testes de inteligência têm que normalizar seus resultados periodicamente. Um adolescente médio de hoje em dia se voltasse a 1910 marcaria um QI de 130, enquanto uma pessoa típica do século XX não passaria da pontuação 70 atualmente’, explica Pinker.

EFE

Matéria publicada em Exame.com , em 19 de outubro de 2011.

Cristiano Carvalho Assis comenta*

Não tem como nós espíritas comentarmos algo de inteligência e moralidade sem nos remetermos à questão 780, de O Livro dos Espíritos : “O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual? Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”

Observamos na história a comprovação desta resposta. O quanto a evolução intelectual da humanidade adquiriu patamares inimagináveis, mas o quanto a moral não teve grandes progressos. Chegando ao ponto de, muitas vezes, dizermos “este mundo não tem jeito”, devido à quantidade de jornais ou revistas com tanta violência estampada, nos quais muitos brincam em dizer que se torcê-los sairia sangue.

Sem dúvida, não somos ingênuos em achar que o mundo é perfeito e que a mídia é má por se apresentar desta forma. Sabemos que a humanidade ainda tem arragaida em seu íntimo o prazer dos circos de Roma do passado, onde ainda nos alimentávamos psiquicamente com as tragédias. No entanto, não podemos, por isso, acreditar que o mundo está pior ou estagnado, que com certeza é uma ideia que a espiritualidade inferior, encarnada ou desencarnada, deseja que perdure. A humanidade nunca teve tanto progresso em suas leis de ética, liberdade ou igualdade como atualmente.

A resposta da Espiritualidade maior continua (780-a): “Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral? Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”

É basicamente isso o que o psicólogo canadense Steven Pinker nos mostra: a racionalidade nos auxiliando a escolher o melhor caminho a se tomar. Não temos dúvida que a inteligência, com o tempo, fará o papel que a ela está programado. Paulatinamente a utilizaremos para termos maiores progressos morais. Como entender isso?

Muitas vezes, é difícil analisarmos a humanidade como um todo, pois nossa visão acanhada, de verdadeiras formigas querendo abarcar o universo, às vezes, chega a ser pontos de vistas ridículos. Talvez, para tentarmos entender o processo de evolução do nosso planeta, consigamos através de uma analogia do individual com o coletivo, ou seja, comparando o que acontece com cada um de nós para compreendermos o do todo.

Caminhamos pela vida executando muitos equívocos, deixando os impulsos e as ilusões nos guiar e, por conseguinte, sofrendo as consequências desses atos. Depois de muito sofrer e observar que o caminho escolhido não é bom, buscamos outro melhor.

Utilizando a inteligência que temos, o primeiro passo que fazemos é a busca do conhecimento através de pessoas mais experientes, psicólogos, livros, palestras, biografias dos grandes homens da humanidade, textos, análises científicas, observação do dia-a-dia e, principalmente, o Evangelho de Jesus.

Depois disso, muitas vezes, nos vangloriamos pelo conhecimento adquirido e pela nossas descobertas espirituais e, por isso, pensamos que a tarefa de melhoramento está cumprida.

No entanto, o tempo passa e observamos que continuamos fazendo as mesmas coisas, com os mesmos impulsos e ilusões de antes. Acrescentando ainda a culpa por não conseguir vivenciar aquilo que já sabemos. Ficamos infelizes e sem esperança, achando que o trabalho de melhoramento não está dando certo.

Neste momento, do fundo do poço íntimo, reagimos e observamos que há a necessidade de internalizar os conhecimentos, ou seja, aprofundá-los no nosso interior para podermos sentí-los. Por exemplo, conhecemos os ensinamentos da vida futura, mas continuamos sentindo e tendo como base a unicidade da existência, pois ainda nos desesperamos com nossas perdas, aumentamos constantemente nossos medos de viver e nossa fé e confiança em Deus não têm aumentado.

Após sentir os conhecimentos, meditá-los, treiná-los por um longo tempo, iremos internalizá-los e eles farão parte de nossa realidade espiritual. Onde os impulsos desequilibrados se transformarão em impulsos equilibrados, já que a fonte de sentimentos onde eles buscarão para reagir já está completamente límpida.

Com o planeta Terra ocorre também desta mesma maneira. Podemos entender a evolução planetária seguindo as mesmas fases como colocada acima para o indivíduo. Estamos chegando naquele momento ímpar de observar que o conhecimento e as descobertas extraordinárias não são suficientes para o homem, pois não deixamos de ter doentes, depressivos e violentos.

Por esta reportagem, temos o alento em ver que a Humanidade está começando a fase de reagir por estar no fundo do poço e começando a voltar para si, para analisar os equívocos do passado, os desequilíbrios excessivos no presente, para fazer melhor no futuro. Isto coletivamente está ocorrendo não porque a maioria da humanidade melhora moralmente, mas porque as dores do intelectual sem moral estão ficando insuportáveis e exigem que mudemos de rumo. Se já temos a consciência do melhor caminho a tomar, façamos nossa parte para influenciar o coletivo a andar mais depressa para o destino que o espera.

  • Cristiano Carvalho Assis é formado em Odontologia. Nasceu em Brasília/DF e reside atualmente em São Luís/MA. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Maranhense e colaborador do Serviço de Atendimento Fraterno do Espiritismo.net.