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O romance shakespeariano, sem o final trágico, pelo menos até agora, começou quando Taher Musalmani, um árabe-israelense de 23 anos, da aldeia de Kafr Kara, no Norte de Israel, conheceu pela internet a jornalista palestina Rita Ashok, de 26, da Faixa de Gaza. Darlene Polimene Caires comenta.

  • Data :19/11/2011
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Romeu e Julieta do Oriente Médio

Tel Aviv - Daniela Kresch

Um israelense e uma palestina vivem, nos últimos meses, uma verdadeira história de Romeu e Julieta – sem o final trágico, pelo menos até agora.

O romance shakespeariano começou quando Taher Musalmani, um árabe-israelense de 23 anos, da aldeia de Kafr Kara, no Norte de Israel, conheceu pela internet a jornalista palestina Rita Ashok, de 26, da Faixa de Gaza.

Segundo reportagem do jornal israelense Haaretz, depois de meses de correspondência cibernética, Musalmani decidiu pedir Rita em casamento. Ela disse “sim”, mesmo sem nunca ter visto o noivo “ao vivo”.

Os dois decidiram se encontrar e aí começou a via crúcis, coalhada de complicações burocráticas típicas de uma região conflituosa na qual nem sempre o amor dá as cartas.

Taher tentou várias vezes ir a Gaza, mas todos os seus pedidos foram negados por funcionários públicos israelenses. Ele decidiu, então, encontrar com Rita no Egito, mas dessa vez quem não conseguiu autorização para sair de Gaza foi Rita. Dessa vez, foram funcionários palestinos do Hamas que evitaram o encontro.

No final das contas, o noivo decidiu fazer algo que até ele considerava impensável: cruzar a fronteira entre Egito e Gaza ilegalmente, pelos túneis usados para contrabando de mercadorias entre os dois lados.

Em poucos minutos, ele entrou em Gaza, onde finalmente se encontrou com sua noiva. Os dois finalmente puderam se casar.

Essa história moderna de romance impossível ainda não teve um final feliz. Ao voltar para Israel, Musalmani foi detido por 23 dias por suspeita de ter entrado no país de maneira ilegal. Agora, tudo o que quer é encontrar uma maneira de viver ao lado da esposa.

Notícia publicada no Jornal O Globo , em 15 de setembro de 2011.

Darlene Polimenes Caires comenta*

Impensável é que, em pleno século XXI, existam situações como esta, em que dois jovens não podem viver plenamente o compromisso que escolheram assumir: compartilhar uma vida, constituir uma família.

É incrível como a intolerância, a falta de compaixão transformam o que seria uma bênção em algo pecaminoso, em nome do preconceito quer religioso, quer de raça.

Há dois mil anos, quando Jesus veio até nós, até que poderia ser aceitável tal comportamento. Afinal os homens dividiam-se em monoteístas e politeístas.

Penso que o separatismo, a perseguição de qualquer estirpe, infelizmente, demonstra o quão distantes estamos da lei de Amor ensinada pelo Mestre da Galileia.

Seus ensinamentos são claros e precisos: Ninguém vai ao Pai se não pegar seu jugo e segui-Lo. E para esse intento há que se cumprir os dois únicos mandamentos que vieram resumir toda a lei antiga: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Ele nos ensinou o caminho: Amor. Contudo, ainda arraigados em nosso egoísmo e orgulho, nos debatemos em sofrimento, perdendo um tempo precioso. Um tempo que poderíamos já estar desfrutando, da felicidade plena junto a toda a nossa família humana.

É essa a grande verdade enunciada pelo Espiritismo: Somos uma só família! Que nossos laços entrelaçados pela reencarnação sejam uma oportunidade de reparação e crescimento!

  • Darlene Polimene Caires é professora aposentada e participa das atividades do Centro Espírita Nosso Lar, em Londrina, no Paraná.