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Produtos e serviços, como bebidas alcoólicas, jogos lotéricos e cigarros apresentaram maior índice de reajuste de preços do que os associados à virtude (informação, instrução e lazer), segundo pesquisa divulgada pelo Ibre/FGV. Cristiano Carvalho Assis comenta.

  • Data :11/11/2011
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Pesquisa da FGV mostra que o preço do vício sobe mais que o da virtude

O Globo

RIO - Produtos e serviços associados ao vício, como cigarros (40,19%), bebidas alcoólicas (19,53%) e jogos lotéricos (15,49%) apresentaram maior índice de reajuste de preços do que aqueles associados à virtude (instrução, informação e lazer) nos últimos três anos, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Os produtos e serviços associados aos vícios e às virtudes ficaram acima da inflação acumulada do IPC-10 de 16,07% entre setembro de 2008 e agosto de 2011. Ainda segundo a pesquisa da FGV, o vício registrou quase o dobro da inflação, com 30,96% de aumento. Já produtos e serviços apresentaram acréscimo de 18,73%. Para o conjunto de produtos e serviços associados ao vício, o aumento real foi de 12,83%, embora tal levantamento não seja conclusivo sobre o hábito de consumo do brasileiro.

No levantamento feito pelo economista André Braz, os gastos populares com instrução, informação e lazer tiveram nas academias de ginástica (24,75%) o maior vilão, cabendo às escolas e cursos complementares reajustes de 20,84%. Neste segmento virtuoso - mas também acima da inflação registrada pelo IPC-10 no período - ficaram ainda os ingressos para Cinema, Teatro e Shows (17,75%).

  • Sabendo para onde vai o seu orçamento, as famílias conseguem fazer melhor suas escolhas e, até, economizar. O dinheiro gasto com as virtudes é uma espécie de investimento. Já o dinheiro usado com os vícios, este não volta - analisou o economista.

Notícia publicada no Jornal O Globo , em 5 de setembro de 2011.

Cristiano Carvalho Assis comenta*

Quando tentamos analisar em espírito a reportagem, ficamos na dúvida se os dados relacionados são benéficos ou não e por isso há necessidade de entendermos melhor os termos nele contidos. “Inflação é um processo pelo qual ocorre aumento generalizado nos preços dos bens e serviços, provocando perda do poder aquisitivo da moeda. O excesso de consumo também provoca inflação, pois os produtos tornam-se escassos ocasionando aumento de seus preços.” (http://www.gazetadeitauna.com.br/conceito_inflacao.htm ). Assim, podemos considerar que os produtos que mais consumimos podem fazer aumentar a inflação. No caso em questão, vemos que os brasileiros têm investido mais nos vícios ou prazeres que naqueles que o elevam espiritualmente ou intelectualmente.

Este resultado não é motivo para grandes surpresas, nem para condenações, uma vez que a maioria das pessoas ainda possui a tendência para privilegiar os estímulos aos nossos prazeres. Mas lembremos sempre do provérbio “In medio virtus” (no meio é que está a virtude). Necessitamos ter equilíbrio em todas as áreas de nossas vidas: familiar, profissional, saúde física, psicológica e espiritual. Precisamos tomar cuidado em não investir apenas em um lado e deixar à míngua o outro por falta de alimento, pois todas elas têm a sua importância e uma forte interdependência com as outras.

O nosso lado espiritual e intelectual, duas asas que precisamos desenvolver, necessitam de um investimento constante financeiro, de tempo, de dedicação e paciência porque suas consequências são demoradas e seus prazeres são distantes, exigindo muita renúncia. No entanto, quem persiste conquistará resultados permanentes e felizes, pois ajuntará os “tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam.” (Mateus, 6:20.)

Já os vícios são de fácil execução, de prazeres imediatos, sendo estimulados e cultuados pela maioria por “relaxar” dos problemas da vida. No entanto, quem persiste excessivamente terá consequências desastrosas, pois “larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.” (Mateus, 7:13.)

Dessa forma, um dos comportamentos possui dificuldades iniciais com excelentes resultados futuros, enquanto o outro é bom no início, mas tem más consequências no final. Pela lógica, ficaríamos com a primeira, mas pela prática ficamos normalmente com a segunda, repetindo vida após vida os mesmos erros devido às nossas ilusões.

Analisemos nossos gastos financeiros e compreenderemos onde estão as nossas prioridades de vida. O interessante é que, ao fazermos esta análise, a grande maioria saberá de cabeça ou através de anotações numa planilha o quanto gasta com educação, luz, água e outras coisas necessárias, mas poucos terão conhecimento de quanto gastou em uma noite de prazeres e vícios. Como somos generosos para o supérfluo e quanto somos econômicos para o necessário do nosso desenvolvimento moral e espiritual.

Um dos objetivos de nossas vidas é identificarmos e disciplinarmos todas as ilusões que nos consomem. Peçamos a Deus forças e entendimento de ter olhos de ver e ouvidos de ouvir o melhor caminho a trilhar, combatendo os nossos excessos de consumismo, apego, desejos e vícios. Meditemos no conselho de Um Espírito protetor em 1861, contido em “O Evangelho Segundo Espiritismo”, de Allan Kardec, e busquemos o nosso equilíbrio: “Quando considero a brevidade da vida, dolorosamente me impressiona a incessante preocupação de que é para vós objeto o bem-estar material, ao passo que tão pouca importância dais ao vosso aperfeiçoamento moral, a que pouco ou nenhum tempo consagrais e que, no entanto, é o que importa para a eternidade.”

  • Cristiano Carvalho Assis é formado em Odontologia. Nasceu em Brasília/DF e reside atualmente em São Luís/MA. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Maranhense e colaborador do Serviço de Atendimento Fraterno do Espiritismo.net.