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Basta que 10 por cento da população acredite firmemente em uma ideia para que essa crença seja adotada pela maioria da sociedade. A descoberta é de um grupo de cientistas do Instituto Politécnico Rensselaer, nos Estados Unidos. Darlene Polimene Caires comenta.

  • Data :20/10/2011
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Poder da minoria: cientistas mostram ponto-chave na difusão de ideias

Redação do Diário da Saúde

Virando o jogo

Basta que 10 por cento da população acredite firmemente em uma ideia para que essa crença seja adotada pela maioria da sociedade.

A descoberta é de um grupo de cientistas do Instituto Politécnico Rensselaer, nos Estados Unidos.

Eles usaram técnicas analíticas e computacionais para estudar o ponto de inflexão a partir do qual uma crença minoritária torna-se uma opinião majoritária.

A descoberta tem implicações para o estudo e a influência das interações sociais - da difusão de novas tecnologias até o surgimento de ideais políticos.

Difusão de ideias

De forma surpreendente, a descoberta não foi publicada em um periódico de recursos humanos, mas na famosa Physical Review, a revista de física mais importante do mundo.

“Quando o número de defensores da ideia está abaixo dos 10%, não há progresso visível na difusão da ideia. Vai levar um tempo literalmente equivalente à idade do Universo para que um grupo desse tamanho alcance a maioria,” explica Boleslaw Szymanski, um dos autores da pesquisa. “Mas basta que o número supere os 10% para que a ideia se espalhe como fogo.”

Segundo ele, os eventos na Tunísia e no Egito, conhecidos como Primavera Árabe, apresentam esse padrão.

“Nesses países, ditadores que ficaram no poder por décadas foram repentinamente derrubados em apenas algumas semanas,” exemplifica.

Influenciando a sociedade

Um aspecto importante da descoberta é que o percentual de defensores de uma opinião não se altera de maneira significativa nos diferentes tipos de redes de relacionamento que podem ocorrer em uma sociedade.

Em outras palavras, o percentual de defensores da opinião em questão necessário para influenciar a sociedade permanece em aproximadamente 10% independentemente de onde e como a opinião surge e se espalha pela sociedade.

Um dos fatores levantados pelos pesquisadores para esse mecanismo tem natureza psicológica - o comportamento da maioria das pessoas, que não gostam de sustentar opiniões impopulares.

À medida que alguém conversa com mais pessoas e verifica que todas defendem a mesma ideia, esse alguém passa a compartilhar dessa crença, provavelmente para não se sentir isolado ou excluído.

“Conforme esses agentes de mudança começam a convencer mais e mais pessoas, a situação começar a mudar,” diz o pesquisador. “As pessoas começam a questionar seus próprios pontos de vista e então adotam completamente a nova visão, fazendo-a espalhar-se ainda mais.”

Notícia publicada no Diário da Saúde , em 1º de agosto de 2011.

Darlene Polimene Caires comenta*

Ao ler esta matéria, várias coisas se passaram em minha mente. Como num lampejo, consegui compreender o porquê de tantos valores estarem invertidos em nosso orbe. E mais ainda, percebi que essa inversão de valores se justifica, dando a noção clara de estarmos num ciclo vicioso. Explico:

De acordo com a doutrina espírita, habitamos um planeta de provas e expiações. Joanna de Ângelis, no seu livro Plenitude , psicografado por Divaldo Pereira Franco, afirma desta forma: “A provação é a experiência requerida ou proposta pelos Guias Espirituais antes do renascimento corporal do candidato, examinadas as suas fichas de evolução, avaliadas suas probabilidades de vitória e os recursos ao seu alcance para o acometimento… As expiações, todavia, são impostas, irrecusáveis por constituírem a medicação eficaz, a cirurgia corretiva para o mal que se agravou”.

Ou seja, se ainda estamos sujeitos às vicissitudes na nossa vida, estamos também sujeitos aos sofrimentos dessa jornada. Quem gosta de sofrer? Ninguém gosta de sofrer.

A filosofia aborda o tema sofrimento desde os seus primórdios, refletindo sobre as causas e apontando soluções para sairmos dele. Alguns filósofos tendem ao materialismo, outros, mais sensíveis e observadores, buscam na espiritualidade do ser, não necessariamente na religiosidade, a conquista da cessação do sofrimento através dos valores morais, da compaixão.

Mas essa segunda opção nunca se sobrepõe à primeira. Por mais civilizados e humanizados que sejamos, por mais compassivos e solidários que nos revelemos, ainda não conseguimos subir no pódio dos valores morais. Ainda ficamos nas disputas pelo poder, da beleza exterior, status, ambição, inveja, revoltas e toda a espécie de vicissitudes. Quantos mostram coerência entre a ideia que têm de espiritualidade e as suas atitudes diárias? Arrisco a dizer que muito menos que dez por cento da população mundial. Defender uma ideia é ser um exemplo dessa mesma ideia.

“Quando o número de defensores da ideia está abaixo dos 10%, não há progresso visível na difusão da ideia. Vai levar um tempo literalmente equivalente à idade do Universo para que um grupo desse tamanho alcance a maioria,” explica Boleslaw Szymanski, um dos autores da pesquisa.

Mesmo que as estatísticas apontem um longo caminho para a mudança que tanto sonhamos, já estamos nela e vemos isso pela sedução que o tema espiritualidade desperta nas pessoas. Talvez a transição esteja próxima e cabe a cada um de nós ser ele próprio embaixador dessa ideia.

Embora saibamos que ainda temos uma longa trilha a percorrer, gostaria de deixar algumas citações de Joanna de Ângelis, no mesmo livro exposto acima, e que nos dão receitas preciosas de como vivenciarmos a nossa espiritualidade, nos conectarmos com Deus e por fim extirpar todo o sofrimento:

“Meditar é aplicar a concentração na busca de Deus, interiormente com determinação e constância. Seu objetivo único é o de atingir o fluxo divino e conhecer Deus, senti-lo e alimentar-se de Sua energia. É o estado de quietação mental.

Jesus nos afirmou: “O teu olho é a luz do teu corpo. Se o teu olho for um só, todo o teu corpo será luminoso.”

Se o indivíduo permitir-se olhar para dentro, todo ele se torna uma só ideia visual; ao captar a luz divina, igualmente todo ele se fará luminoso, e nenhum sofrimento o perturbará, graças à aquisição da saúde integral.

A meditação reabastece de energias salutares, refazendo a harmonia do psiquismo e este, a do organismo físico. Quem medita retamente, crê, quer, fala, opera, vive, esforça-se  e pensa com retidão, adquire os valores indispensáveis à salvação. Nesse estágio, a pessoa doa-se e já não mais vive, sendo o “Cristo quem vive” nela.

… Liberta-se, por fim, do sofrimento".

  • Darlene Polimene Caires é professora aposentada e participa das atividades do Centro Espírita Nosso Lar, em Londrina, no Paraná.