Carregando...

  • Início
  • Pai mata filho após confundi-lo com ladrão em Pernambuco

Um garoto de 16 anos, que voltou mais cedo da escola, por volta das 21h, e se escondeu na garagem de casa, foi morto pelo próprio pai, após ser confundido com um assaltante. O incidente aconteceu no município de Arcoverde, no sertão de Pernambuco. Luiz Gustavo C. Assis comenta.

  • Data :21/08/2011
  • Categoria :

Pai mata filho após confundi-lo com ladrão em Pernambuco

Garoto de 16 anos voltou mais cedo da escola e se escondeu na garagem; pai se assustou e atirou

João Paulo Carvalho - Estadão.com.br

SÃO PAULO - Um garoto de 16 anos foi morto pelo próprio pai na noite da última segunda-feira, 6, após ser confundido com um assaltante. O incidente aconteceu no município de Arcoverde, no sertão de Pernambuco.

Segundo o agente de polícia Daniel Coelho, o jovem chegou da escola mais cedo, por volta das 21h, e se escondeu na garagem de casa. Ao ver uma sombra, o homem teria se assustado e baleado o filho no peito.

O estudante chegou a ser socorrido, mas não resistiu ao ferimento. Em depoimento à polícia, o pai afirmou que pensou que sua casa havia sido invadida por um assaltante, pois não imaginava que o filho chegaria naquele horário. Após prestar depoimento, o homem foi liberado.

Notícia publicada no estadao.com.br , em 8 de junho de 2011.

Luiz Gustavo C. Assis comenta*

Lamentável lermos uma notícia desta nos noticiários.

A primeira pergunta que nos passa à cabeça é: “Será que este pai é culpado, perante as leis divinas, por ter matado o próprio filho por engano?”

Ao serem questionados pelo codificador, Allan Kardec, na questão 747, de O Livro dos Espíritos , se há o mesmo grau de culpabilidade em todos os casos de assassínio, os espíritos superiores respondem que “Deus é justo, julga mais pela intenção do que pelo fato.”

Assim, dessa maneira, percebemos que, como não houve a intenção de matar seu filho, a culpabilidade é menor. Perceba que falamos menor, pois é claro na notícia que o pai não tinha intenção de matar seu filho, mas, e se fosse, realmente, outra pessoa? Ao carregar uma arma, este pai possuía a intenção de defender a si e à sua família, provavelmente. Entretanto, note-se que ao carregar uma arma, ele assumia o ônus de ferir alguém, daí a existência da culpabilidade em um caso como este. Culpabilidade menor, obviamente, por não haver a intenção de matar seu filho e por ter agido sob forte emoção.

É claro que ninguém deve julgar este pai. Devemos, sim, orar por ele, por seu filho e sua família, que devem estar sofrendo muito pelo ocorrido. Contudo, devemos nos utilizar deste exemplo para analisar e vigiar nossos pensamentos, atitudes e comportamentos.

Muitas vezes, como este pai, não temos a intenção de ferir, de matar, mas, possuímos pensamentos, atitudes e comportamentos que potencialmente podem nos levar a consequências indesejáveis e a dores inestimáveis… Por vezes, as consequências não são tão imediatas, como à relatada na notícia, mas geram consequências graves e sérias para nossa vida espiritual.

Vejamos, por exemplo, as pessoas que dirigem em alta velocidade, ou embriagadas. Apesar de não possuírem a intenção de matar, podem fazê-lo como consequência de um comportamento perigoso.

Aquele que acredita apenas no materialismo, divulga o pessimismo, o niilismo e que não há nada melhor do que acabar com a própria vida nos momentos de desespero será responsabilizado por cada suicídio cometido pela divulgação das suas ideias pessimistas, mesmo que não tenha tido a “intenção” de levar ninguém a se matar.

Assim também com nossos pensamentos. Muitas vezes, alimentamos pensamentos negativos que, sem percebermos, nos levam a verdadeiros suicídios inconscientes, como nos ensina Emmanuel, espírito, no livro Fonte Viva , psicografado por Francisco Cândido Xavier:

“Como regenerar a saúde, se perdes longas horas na posição da cólera ou do desânimo? A indignação rara, quando justa e construtiva no interesse geral, é sempre um bem, quando sabemos orientá-la em serviços de elevação; contudo, a indignação diária, a propósito de tudo, de todos e de nós mesmos, é um hábito pernicioso, de consequências imprevisíveis.

O desalento, por sua vez, é clima anestesiante, que entorpece e destrói.

E que falar da maledicência ou da inutilidade, com as quais despendes tempo valioso e longo em conversação infrutífera, extinguindo as tuas forças?

Que gênio milagroso te doará o equilíbrio orgânico, se não sabes calar, nem desculpar, se não ajudas, nem compreendes, se não te humilhas para os desígnios superiores, nem procuras harmonia com os homens?”

Percebe-se, assim, que somos responsáveis por tudo o que pensamos, fazemos e pelas consequências destes pensamentos e atos. Dessa forma, devemos “vigiar e orar” sempre, como nos ensinou o Mestre Jesus, observando-nos atentamente, para que nossos comportamentos, atitudes e pensamentos perigosos não se transformem em armas ceifando as nossas e as vidas dos outros, como infelizmente aconteceu com esse pai de Pernambuco.

  • Luiz Gustavo C. Assis é psicólogo, trabalhador do Centro Espírita Maranhense, em São Luís do Maranhão, e da equipe do Espiritismo.net.