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Os enviados especiais Marcos Uchôa e Sérgio Gilz acompanharam os brasileiros que estão ajudando os desabrigados de Sendai. A cidade fica a cerca de cem quilômetros da usina de Fukushima. Luiz Gustavo C. Assis comenta.

  • Data :28 Mar, 2011
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Brasileiros ajudam vítimas em área devastada por tsunami no Japão

Os enviados especiais Marcos Uchôa e Sérgio Gilz acompanharam os brasileiros que estão ajudando os desabrigados de Sendai. A cidade fica a cerca de cem quilômetros da usina de Fukushima.

Só de olhar para as áreas destruídas, fica claro que limpar, arrumar, reconstruir tudo isso vai levar tempo. O que não se entende é porque as vítimas do terremoto e do tsunami também tenham que esperar. Afinal, o frio, a sede e a fome delas são bem mais urgentes.

Alguns japoneses estavam muito alegres esperando a chegada de uma caravana da salvação. Logo depois chegaram cinco veículos, microônibus e caminhões carregados de água, comida, roupas e cobertores.

Tudo trazido por brasileiros que tiveram uma iniciativa raríssima para os japoneses. Heber Iyama, líder dessa boa ação estava emocionado ao chegar depois de 31 horas de estrada. “Todo mundo falava pra não ir. Eu falei que eu ia, alguns falavam que era perigoso, outros que iam comigo, e são eles que estão aí”.

Onze pessoas, um time inteiro entrou em campo e inventou uma corrente de solidariedade. Num dos caminhões que tinha muita coisa misturada era necessário fazer uma triagem. Brasileiros e japoneses se misturavam. Água e grandes sacos de arroz eram passados de um para o outro, para serem distribuídos para quem mais necessita.

Só em Sendai são mais de um milhão de habitantes e falta comida para todo mundo. Se mais japoneses botassem o pé na estrada o problema seria menor.

Uma coisa curiosa é a diferença de culturas. No terremoto do Chile, no começo de 2010, as estradas estavam lotadas de voluntários, pessoas que saiam das suas casas levando mantimentos para ajudar as vítimas do terremoto.

No Japão não foi isso que se viu, apenas os brasileiros estavam na estrada com caminhões cheios de mantimentos para ajudar as pessoas. “A gente trouxe por nossa própria vontade mesmo. Uma pessoa falou para gente: ‘ah, mas está vindo navios dos Estados Unidos’. Mas o navio vai chegar daqui a uma semana. Quem tá com fome, tá com fome hoje, não amanhã”, afirma Anderson Santos.

Notícia publicada na página do Jornal Hoje , em 16 de março de 2011.

Luiz Gustavo C. Assis comenta*

O Japão se destaca por conta da tecnologia de ponta e do alto grau de intelectualidade na sua sociedade. Inclusive, os danos em suas cidades poderiam ter sido maiores caso eles não tivessem usado a ciência para se proteger dos possíveis terremotos.

Entretanto, chama-nos a atenção nesta notícia a falta de mobilização dos próprios japoneses para ajudar os seus irmãos. Como pessoas que vivem em uma sociedade tão intelectualizada e desenvolvida tecnologicamente podem ser tão pouco engajadas em ajudar aqueles do seu povo que sofrem ao passar por uma tragédia tão grande? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada em O Livro dos Espíritos , na questão 365:

“O Espírito progride em insensível marcha ascendente, mas o progresso não se efetua simultaneamente em todos os sentidos. Durante um período da sua existência ele se adianta em ciência; durante outro em moralidade”.

Percebe-se, desta maneira, que evolução intelectual e a evolução moral não acontecem, necessariamente, ao mesmo tempo.

Os habitantes do planeta Terra, e do Japão, mais especificamente, têm evoluído bastante em ciência e intelectualidade, e isto é percebido através dos diversos inventos, descobertas e “confortos” materiais que a sociedade contemporânea vem adquirindo nos últimos séculos. Isto tudo é perfeitamente normal. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ensina que:

“Na infância da Humanidade, o homem só aplica a inteligência à cata do alimento, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos seus inimigos. Deus, porém, lhe deu, a mais do que outorgou ao animal, o desejo incessante do melhor, e é esse desejo que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua posição, que o leva às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da Ciência, porquanto é a Ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Pelas suas pesquisas, inteligência se lhe engrandece, o moral se lhe depura. Às necessidades do corpo sucedem as do espírito: depois do alimento material, precisa ele do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.”

Contudo, o que não podemos ignorar é que, se por um lado estamos nos desenvolvendo de forma muito rápida intelectualmente, por outro o desenvolvimento moral acontece de forma mais lenta. Por isso, o espírito Lázaro, em O Evangelho Segundo o Espiritismo , nos escreveu:

“Cada época é marcada, assim, com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vício é a indiferença moral”. (Paris, 1863.)

Entretanto, advertem-nos os Espíritos Superiores que são “chegados os tempos” (ver o Capítulo XVIII, de A Gênese , escrito por Allan Kardec). Já estamos na fase de transição para um mundo melhor, o mundo de regeneração. É chegada a hora de nos renovarmos moralmente. Faz-se necessário agora, aos homens, fazerem que “entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral”. (Allan Kardec, em A Gênese .)

Explica-nos, ainda, o nosso codificador, que as mudanças acontecerão de duas formas: uma, gradual, lenta, quase imperceptível; outra, caracterizada por mudanças bruscas, abruptas.

A tragédia no Japão, o terremoto seguido de um grande tsunami, chocou o mundo, porém, conforme nos ensinou Allan Kardec, visa a apressar o desenvolvimento de forma mais rápida. Deus é um Pai bom e justo e quer nossa evolução como espíritos e seres imortais. Para entender um pouco mais a forma como isso se dá, é recomendável a leitura da parte terceira, capítulo VI, “Da Lei de Destruição”, de O Livro dos Espíritos , de onde destacamos a pergunta 737:

“Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?”

Resposta: ”Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos , que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.”

Assim, vemos que a destruição visa a trazer um bem maior futuramente. Os japoneses, com todo esse sofrimento, devem despertar para um lado mais humano, despertar para a necessidade do amor entre si e para a caridade, deixando de ser, futuramente, uma sociedade tão individualista. Para que isso aconteça, Deus colocou em seu país alguns “Anjos” brasileiros para ensiná-los a dividir, sacrificarem-se pelos outros e ajudarem-se mutuamente.

Nada melhor que essa notícia aqui destacada para comprovar o que já foi dito pelo espírito Humberto de Campos, pela psicografia do saudoso Francisco Cândido Xavier, que o Brasil será o “Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho”.

  • Luiz Gustavo C. Assis é psicólogo, trabalhador do Centro Espírita Maranhense, em São Luís do Maranhão, e da equipe do Espiritismo.net.