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O educador não é um filósofo. A tarefa dele é espalhar a novidade. “Por vezes, queremos o resultado sem o trabalho exigido: estar em forma sem fazer exercícios, emagrecer sem mudar a alimentação. Nestes casos, querer não é poder”, alerta Dulce Magalhães, colunista de AMANHÃ. Marcia Leal Jek comenta.

  • Data :07 Mar, 2011
  • Categoria :

O filósofo e o educador

“Por vezes, queremos o resultado sem o trabalho exigido: estar em forma sem fazer exercícios, emagrecer sem mudar a alimentação. Nestes casos, querer não é poder”, alerta Dulce Magalhães, colunista de AMANHÃ

A filosofia não é um campo muito fácil de ser explorado. Ela poderia ser comparada a uma cordilheira, com montanhas altas e escarpadas, cheias de surpresas e perigos. É preciso ser um escalador dedicado e preparado para conseguir alcançar o topo ou encontrar a essência da ideia do filósofo. É aí que entra o papel do educador.

O educador não é um filósofo. A tarefa dele não está centrada em parir ideias ou desenvolver novos paradigmas, mas sim em espalhar a novidade. Para isso, é preciso escalar a alta e íngreme montanha dos conceitos filosóficos, chegar ao cume e conquistar uma visão de 360º. A compreensão mais profunda do sentido do conteúdo filósofico exige preparação adequada, trabalho árduo e muito amor pelo saber.

Quem educa escala a montanha, olha a paisagem desvendada pelo filósofo e retorna para contar o que aprendeu à sua aldeia. É ele quem poderá informar que, logo depois daquela enorme colina, existe outra aldeia ainda mais próspera – e que é possível chegar até ela sem grandes escaladas.

O educador funciona como um tradutor de mensagens complexas, sintetizando o saber mais sofisticado e de difícil compreensão. Professores que não facilitam o entendimento não são educadores. O papel da educação é transformar a consciência, ampliando a percepção de mundo e de nós mesmos. Trata-se de uma atividade terapêutica e libertadora.

Tanto o filósofo quanto o educador precisam de muito estudo, preparo, dedicação e, sobretudo, talento para decifrar o mundo das ideias abstratas. Seja qual for a tarefa que você tem na vida, para obter sucesso é preciso muito preparo, estudo, dedicação e talento para conceber realidades que ainda não existem – aquilo que chamamos de sonhos.

Atualmente, o americano Ken Wilber é considerado o “maior filósofo vivo do mundo”. Sua rotina pode nos dar uma ideia do desafio da excelência. Todos os dias, ele medita três horas. Depois, lê e estuda durante quatro horas. Por fim, escreve durante uma hora. São sete horas de preparação para escrever apenas uma hora. E tudo o que ele escreve é brilhante. A maioria das pessoas não se prepara nem cinco minutos e quer ser brilhante.

A genialidade não é um bem herdado, de que podemos dispor ou abrir mão. Ela é fruto de um dom, mas que exige desenvolvimento. Todos podem ser geniais usando seus dons naturais – desde que exercitem essas características até que possam colher resultados. Um virtuose na música tem talento natural, mas são as infindáveis horas de prática que levam à excelência. Uma bailarina precisa ter dom, mas sem treinar ao longo de anos ela jamais será uma primeira bailarina. Pintor, poeta, administrador, arquiteto, gestor, jardineiro… seja qual for a tarefa ou a profissão, se não houver dedicação, você não passará do nível medíocre.

Temos o desafio de descobrir nossos dons, nossa vocação. E cabe somente a nós desenvolvê-los. A tarefa essencial é essa – todo o resto será consequência da atividade de base. Dedicar-se ao autodesenvolvimento gera autoconhecimento, que é o caminho da realização. É impossível alcançar um nível de plenitude sem fazer um mergulho profundo em si mesmo e conhecer as diferentes perspectivas internas para a vida. Só assim poderemos emergir com as condições necessárias para alcançar o sucesso e conquistar a plena realização.

Por vezes, queremos o resultado sem o trabalho exigido: estar em forma sem fazer exercícios, emagrecer sem mudar a alimentação, aprender um idioma sem estudar. Nestes casos, querer não é poder. Poder, na verdade, é fruto de um querer que rege a ação, a vontade. Aí, sim, as coisas acontecem. Todo filósofo sabe disso e traduz essa premissa por meio de conjuntos teóricos ricos, profundos e complexos.

Daí a importância dos educadores, que nos convidam a conhecer as ideias de maneira clara e acessível. Se não está conseguindo algum tipo de resultado, tente a educação. Você poderá se surpreender com as possibilidades presentes quando a sua visão de mundo se transforma.

Notícia publicada na Revista Amanhã , em 13 de dezembro de 2010.

Marcia Leal Jek comenta*

Esta notícia faz aguçar a nossa curiosidade sobre este comentário: “O educador funciona como um tradutor de mensagens complexas, sintetizando o saber mais sofisticado e de difícil compreensão. Professores que não facilitam o entendimento não são educadores. O papel da educação é transformar a consciência, ampliando a percepção de mundo e de nós mesmos. Trata-se de uma atividade terapêutica e libertadora.”

Com isso, percebemos que Jesus foi um educador, que sempre enfatizou a necessidade do empenho da criatura no sentido de educar-se, de progredir. Jesus não era um educador no sentido comum da palavra, não possuía, como homem, nenhuma experiência educativa. No caso de Jesus, a filosofia básica é a dos Evangelhos. Os ensinos de Jesus são sempre adaptados aos ouvintes. Ele pronuncia as suas palavras de forma compreensível para todos, sempre nas ocasiões mais oportunas.

Continuando a análise da matéria, vemos também: “A genialidade não é um bem herdado, de que podemos dispor ou abrir mão. Ela é fruto de um dom, mas que exige desenvolvimento. Todos podem ser geniais usando seus dons naturais – desde que exercitem essas características até que possam colher resultados”.

Temos na história o aparecimento de gênios que superaram por si mesmos as deficiências de sua formação cultural e deram lições aos mestres qualificados. Mas no Espiritismo tudo é esclarecido facilmente com a lei da reencarnação. Esta lei nos explica que os espíritos se encarnam em diferentes graus de evolução, o que por sua vez explica as vocações que superam o meio cultural em que nascem certas criaturas e, consequentemente, resolve o problema da genialidade.

Allan Kardec, codificador espírita, afirma o que Jesus sempre falou a nós espíritos, que reencarnamos tantas vezes quanto às necessárias ao nosso aprimoramento.

O Programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou em 2010 a história de Crystal, uma menina pobre de Recife com um talento ímpar para o piano. (http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1396716-15605,00.html ). Mas há 30 anos, em 2 de novembro de 1980, o Show da Vida revelou outro talento de uma menina prodígio. Michele, de apenas dois anos, se apresentou no piano diante de dezenas de pessoas na Bahia. A menina ainda usava fraldas. ([http://fantastico.globo.com/platb/fantastico30anosatras/2010/11/03/ menina-de-2-anos-faz-concerto-ao-piano-na-bahia/#comments](http://fantastico.globo.com/platb/fantastico30anosatras/2010/11/03/ menina-de-2-anos-faz-concerto-ao-piano-na-bahia/#comments))

Isso atesta claramente as questões 218, 218-a e 219, de O Livro dos Espíritos , tratando muito bem das ideias inatas e de que o espírito jamais perde os conhecimentos adquiridos em cada existência.

“Encarnado, conserva o Espírito algum vestígio das percepções que teve e dos conhecimentos que adquiriu nas existências anteriores. Guarda vaga lembrança, que lhe dá o que se chama ideias inatas. Os conhecimentos adquiridos em cada existência não mais se perdem. Liberto da matéria, o Espírito sempre os tem presentes. Durante a encarnação, esquece-os em parte, momentaneamente; porém, a intuição que deles conserva lhe auxilia o progresso. Se não fosse assim, teria que recomeçar constantemente. Em cada nova existência, o ponto de partida, para o Espírito, é o em que, na existência precedente, ele ficou.”

“A origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, o das línguas, do cálculo, etc., está na lembrança do passado; progresso anterior da alma, mas de que ela não tem consciência. Donde queres que venham tais conhecimentos? O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque de roupagem.”

Um dom pode constituir-se de uma disposição interior, ou aptidão concedida ao reencarnante no programa de sua nova existência terrena, seja para dar continuidade de sua obra, seja para edificar novos caminhos em prol da Humanidade ou para expressar o seu amor pelo próximo e ser útil para a evolução da Terra. Mas nem todos reencarnam com este propósito, pois cada ser reencarna com a sua programação existencial pré-determinada.

Como podemos ver, está em nossas próprias mãos a solução para encontrar a nossa vocação. Muitas vezes nós até temos ao nosso alcance a percepção das coisas, mas não centramos a atenção nelas.

Qualquer que seja a situação em que nos encontremos, precisamos tentar não desanimar. A vontade de Deus é que sejamos capazes de sair vitoriosos no ponto de vista da evolução espiritual e de obter o necessário para a vida material, qualquer que seja o desafio que a vida nos impõe.

  • Marcia Leal Jek estuda o Espiritismo há mais de 25 anos e é trabalhadora do Centro Espírita Francisco de Assis, em Jacaraipe, Serra, ES.