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Isabelle Caro, que foi lançada à fama após se deixar fotografar nua em uma campanha contra a anorexia, doença de que sofria, morreu no dia 17 de novembro aos 28 anos, segundo uma informação publicada no site 20minutes.ch. Jorge Hessen comenta.

  • Data :14 Jan, 2011
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Morre ex-modelo francesa famosa pela luta contra a anorexia

Isabelle Caro ficou conhecida ao posar nua em campanha sobre o tema. Ela chegou a pesar 25 kg em 2006. Causa da morte não foi revelada.

Da France Presse

Isabelle Caro, ex-modelo e atriz francesa que foi lançada à fama após se deixar fotografar nua em uma campanha contra a anorexia, doença de que sofria, morreu no dia 17 de novembro aos 28 anos, segundo uma informação publicada nesta quarta-feira (29) no site 20minutes.ch.

“A atriz francesa, sempre presente na mídia por sua luta, faleceu no mês de novembro na maior discrição possível.” A causa da morte não foi informada no site.

Um amigo da modelo, o cantor suíço Vincent Bigler, confirmou a morte de Caro em seu próprio site.

Isabelle Caro começou a trilhar o caminho da fama em 2007, ao mostrar seu corpo magro para as câmeras do fotógrafo Oliviero Toscani, como forma de advertir para as consequências da anorexia, de que sofria desde os 13 anos e que a levou ao coma em 2006, quando pesava apenas 25 kg e media 1,65 metro.

“Foi hospitalizada durante 15 dias por um problema no pulmão e ultimamente estava muito cansada, mas não sei a causa da morte”, declarou o cantor ao site 20minutes.ch. Em breve, eles rodariam juntos o videoclipe da música “J’ai fin”, sobre a anorexia.

Caro havia decidido superar a doença. No início de 2010, anunciou que havia chegado aos 42 kg.

Em 2007, na campanha No Anorexia, ela quis “despertar consciências” sobre uma doença que atinge muitas modelos. “Esta foto, sem batom ou maquiagem, não me dá nenhum valor. A mensagem é forte: tenho psoríase, o peito caído, um corpo de pessoa mais velha”, declarou Caro, na época.

Notícia publicada no Portal G1 , em 29 de dezembro de 2010.

Jorge Hessen comenta*

A jovem francesa, Isabelle Caro, após sofrer todos os tipos de constrangimentos físicos e morais, desencarnou no dia 17 de novembro de 2010. Caro foi a “modelo”, que se tornou mundialmente conhecida, após mostrar seu corpo “esqueleticamente nu” para as imagens midiáticas, na tentativa altruística de advertir as jovens das passarelas da moda sobre as consequências da anorexia, doença que sofria desde seus 13 anos.

Segundo o informe do Instituto Nacional de Saúde Mental Norte Americano (NIMH), as desordens alimentícias apresentam as taxas de mortalidade mais altas de todas as patologias mentais. Na década de 1970, Karen Carpenter, cantora do grupo The Carpenters, também desenvolveu anorexia nervosa. Ela tentou, em 1982, tratamento com renomados psicanalistas americanos, porém, no ano seguinte, Karen desencarnou com 32 anos em decorrência de uma parada cardíaca.

Escrevemos para a Revista Eletrônica O Consolador um artigo(1) sobre o drama de Terri Schiavo, uma mulher da Flórida-EUA que esteve em estado vegetativo por longos 15 anos e que foi desconectada do tubo que a alimentava, depois de um intenso debate entre seus familiares, o governo americano e os tribunais. Embora não seja citado no artigo, Schiavo sofreu um ataque cardíaco, em 1990, decorrente de anorexia, o que a levou ao dramático estado de coma.

Nos anos que vão de 1200 a 1500, na Europa Medieval, muitas mulheres faziam prolongados jejuns, e por se conservarem vivas, apesar do seu estado de inanição, eram tidas como santas ou milagrosas. O termo “anorexia santa” foi cunhado por Rudolph Bell que, valendo-se de uma moderna teoria psicológica que explicava o jejum, classificou-o como sintoma de anorexia. Sob o pretexto de que as mulheres alcançariam posição espiritual mais elevada, conservando-se distantes dos prazeres sexuais e comprometendo-se com Deus, a Idade Média as forçou a praticar o jejum. O registro da manifestação da anorexia, no entanto, não teve início nesse período, mas este é, sem dúvida, um momento de capital importância no estudo dos possíveis paralelos entre as diversas culturas históricas.

A anorexia nervosa é um transtorno alimentar cujo quadro psiquiátrico é de 95% dos casos em mulheres adolescentes e adultas jovens, que perdem o senso crítico em relação à imagem corpórea. Sua etiologia, na essência, é pouco conhecida. Pode ser determinada por diversos fatores que interagem entre si de modo complexo para produzir, e muitas vezes perpetuar, a enfermidade. Fatores genéticos, psicológicos, sociais, culturais, nutricionais, neuroquímicos e hormonais atuam como predisponentes, desencadeantes ou precipitantes e mantenedores do quadro patológico.

Os transtornos alimentares também costumam ter como desencadeante algum evento significativo, como perdas, separações, mudanças, doenças orgânicas, distúrbios da imagem corporal (como a insatisfação da semelhança corporal da mãe), depressão, ansiedade e, até mesmo, traumas de infância. Na anorexia nervosa, traços como baixa autoestima ou auto-avaliação negativa, obsessividade, introversão e perfeccionismo são comuns e geralmente permanecem estáveis, mesmo após a recuperação do peso corporal.

Sob o ponto de vista espírita, afirmamos que a causa do distúrbio dessa “doença nervosa” pode ter a sua matriz nos arcanos profundos do inconsciente. Aí estão registrados com som, imagens e movimentos os históricos de vida de cada um. Nesse sentido, a anorexia é um reflexo dos complexos adquiridos em vidas pregressas e/ou concomitante aos registros das experiências de período infantil da vida atual. Os dardos magnéticos acondicionados no “corpo espiritual” (termo usado por Paulo de Tarso) são projetados na indumentária física, desarranjando, por consequência, as funções endocrínicas e neurológicas, culminando no aparecimento de doenças físicas e psicológicas de muitos realces que desafiam a medicina contemporânea. Ainda sob a perspectiva kardeciana, podemos afirmar que o maior agravante de qualquer doença é a obsessão espiritual, sendo hoje uma verdadeira pandemia na Terra.

A sociedade vem sofrendo processos obsessórios preocupantes. A influência do materialismo cresce incessantemente. Os valores morais estão sendo corrompidos com espantosa velocidade. Nunca o mundo precisou tanto dos ensinos espíritas como nos tempos atuais, em que anoréxicos definham seus corpos até a morte. Vivenciamos instantes em que se aguça o individualismo, enodoando o tecido social, e nos vendavais da tecnologia somos remetidos aos acirramentos das desigualdades e isolamentos, estabelecendo-se níveis de conforto e exclusão sociais nunca antes experimentados.

Nesse autêntico amálgama, usando e abusando do livre-arbítrio, cada qual vai colhendo vitórias ou amargando derrotas, segundo o grau de experiência conquistada. Uns riem hoje, para chorarem amanhã, e outros que agora se exaltam, serão humilhados depois. Devemos interrogar a própria consciência, passando em revista os atos cotidianos, para a identificação dos desvios dos deveres que deveriam ter sido cumpridos e dos motivos alheios de queixa por conta dos nossos atos. Revisemos periodicamente nossas quedas e deslizes no campo moral, ativando a memória para nos lembrarmos dos tantos espinhos que já trazemos cravados na “carne do espírito”(2), tal como ensina o “convertido de Damasco”. Estes espinhos nos lembrarão a nossa condição de enfermos em estágio de longa recuperação, necessitados de cautela.

Na anorexia de matizes nervosas, a cura não é fácil e exige apoio familiar, porque é uma patologia com raízes sociomentosomático e espiritual. O primeiro passo, e o mais importante, é convencer o anoréxico que está doente, que deve ser tratado antes que seja tarde demais. Não obstante, o emprego de fármacos para o tratamento ter poucos efeitos concretos, motivo pelo qual seu uso tem sido limitado. Todavia – graças a Deus! – o mal não é invencível; pelo contrário! Nos centros espíritas, podem-se encontrar tratamentos eficazes através do passe magnético, da água fluidificada, do atendimento fraterno, da desobsessão.

A revista Reformador , da FEB, entrevistou o Dr. Elias Barbosa e o indagou se, na condição de dirigente espírita ou psiquiatra, teve oportunidade de interagir com o Chico Xavier para o atendimento de pessoas em desequilíbrio. O médico espírita explicou que “em todos os casos gravíssimos, geralmente de esquizofrenia e anorexia nervosa, sempre solicitava ao Chico para que o ajudasse no Sanatório, às vezes com a simples imposição das mãos sobre os enfermos.”(3)

Buscar o perfeito equilíbrio entre o corpo físico e o espiritual é tarefa que compete a cada um de nós, porque, por intermédio do primeiro temos ensejo de realizar atividades no bem na matéria; por intermédio do segundo depuramos aquele e chegamos a planos mais evoluídos da Criação. Não esquecendo que Deus tem Suas leis regendo todas as nossas ações. Se as violamos, assumimos os ônus. “Indubitavelmente, quando alguém comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele um julgamento. Ele traçou um limite. As enfermidades e, muitas vezes a morte, são consequência dos excessos. Eis, aí, a punição; é o resultado da infração da lei. Assim é tudo.”(4)

Referências:

(1) Hessen, Jorge. Artigo “Somente Deus tem o direito de dispor da vida humana”, disponível no site http://www.oconsolador.com.br/12/jorgehessen.html >, acessado em 09-01-2011;

(2) 2ª Epístola de Paulo aos Coríntios - 7 – “E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar”;

(3) Elias Barbosa, entrevista para Reformador , da FEB, disponível no site http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=199 >, acessado em 10-01-2011;

(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos , Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, questão 964.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.