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Equipe da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, financiada pela Nasa, encontrou organismo no lago Mono, no leste da Califórnia. Elemento químico na ‘Halomonadaceae’ GFAJ-1 é tóxico para humanos. Jorge Hessen comenta.

  • Data :02 Jan, 2011
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Cientistas descobrem bactéria que contém arsênio em sua formação

Equipe financiada pela Nasa encontrou organismo em lago na Califórnia. Elemento químico na ‘Halomonadaceae’ GFAJ-1 é tóxico para humanos.

Do G1, em São Paulo

Uma equipe da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, descobriu uma bactéria que utiliza arsênio como substituto ao fósforo em sua composição. O organismo foi recém-encontrado no lago Mono, no lado leste da Califórnia, nos Estados Unidos, deixando a comunidade científica em suspense. O achado abre espaço para novas concepções de vida, não baseadas nas formas tradicionais conhecidas.

Os cientistas participam de um grupo de pesquisa financiado pela agência espacial norte-americana (Nasa), que promoveu uma apresentação da descoberta na tarde desta quinta-feira (2). O pronunciamento foi feito após informações sobre a pesquisa terem chegado ao conhecimento público, gerando especulações sobre algum anúncio relacionado a vida extraterrestre.

O fósforo é um dos elementos básicos à vida, encontrado geralmente na forma inorgânica na natureza, como fosfato. Mas uma equipe integrada pelos astrobiólogos Ariel Anbar e Paul Davies publicou um artigo na revista “Science” no qual mostra a existência de uma bactéria inédita, com outra base de composição. A aposta da autora principal do artigo, a cientista Felisa Wolfe-Simon, que já fez parte de grupo de pesquisa liderado por Anbar é de este novo organismo abre margem para novas interpretações sobre os seres vivos, inclusive fora do ambiente terrestre.

O arsênio é conhecido como um elemento químico tóxico ao corpo. Todos os seres vivos são compostos com base em uma combinação de seis elementos químicos: carbono (C), hidrogênio (H), nitrogênio (N), oxigênio (O), fósforo (P) e enxofre (S). São basicamente encontradas em três componentes básicos: DNA (ácido desoxirribonucleico, que contém as informações básicas dos indivíduos vivos), proteínas e gorduras.

Embargo

A divulgação da pesquisa pela Sociedade Americana Para Progresso da Ciência (AAAS, na sigla em inglês) foi antecipada em duas horas. Inicialmente prevista para 17h desta quinta-feira, mesmo horário da coletiva da Nasa, o trabalho ganhou acesso público por meio da internet às 15h.

Jornalistas e empresas de mídia podem ter acesso antecipado a muitas notícias sobre ciência por meio de um serviço oferecido pela própria instituição, que também é responsável pela edição da Science.

Notícia publicada no Portal G1 , em 2 de dezembro de 2010.

Jorge Hessen comenta*

A Sociedade Americana Para Progresso da Ciência (AAAS - “sigla em inglês”) divulgou recentemente que uma equipe liderada por Felisa Wolfe-Simon, do U.S. Geological Survey, ex-cientista do grupo de pesquisas de Anbar, na Escola da Exploração da Terra e do Espaço da Universidade Estadual do Arizona, atualmente pesquisadora do Instituto de Astrobiologia da NASA, descobriu uma bactéria que utiliza arsênio como substituto ao fósforo em sua composição.

A nova bactéria, batizada por Simon como GFAJ-1, foi encontrada em um lago na Califórnia, chamado Monolake, altamente contaminado por arsênico. Poucos organismos vivos sobrevivem neste ambiente, como algas e algumas bactérias, chamadas de extremófilas por viverem em um espaço muito tóxico. A diferença do organismo descoberto para estes seres vivos seria o uso do arsênio em sua constituição orgânica, enquanto os extremófilos, assim como os demais seres vivos, usam o fósforo.

A bactéria substitui o fósforo, elemento essencial para a geração de energia, pelo arsênio(1), um elemento extremamente tóxico aos organismos vivos. O fósforo não é um elemento qualquer. Ele faz parte da molécula de DNA, que contém as características de cada ser vivo, e é o responsável pela geração de energia no metabolismo celular.

Em verdade, o fósforo é um dos elementos básicos à vida, encontrado geralmente na forma inorgânica na natureza, como fosfato. Já o arsênio é conhecido como um elemento químico tóxico ao corpo. Todos os seres vivos são compostos com base em uma combinação de seis elementos químicos: carbono (C), hidrogênio (H), nitrogênio (N), oxigênio (O), fósforo (P) e enxofre (S). São encontrados em três componentes básicos das células: DNA (ácido desoxirribonucleico, que contém as informações genéticas dos indivíduos vivos), proteínas e gorduras.

A descoberta, como sói ocorrer nas pesquisas mais ousadas e de alta complexidade, está envolta de ceticismos e de muitas celeumas na comunidade científica. A descoberta expande nossos conceitos sobre o que é vida. Abre campo para futuras pesquisas, considerando releituras teóricas sobre as concepções de vida, não moldadas nas formas de vidas conhecidas pelo homem. Sim! O assunto nos remete para modelos diferentes de pesquisas sobre a forma de vida em outros orbes e dos mistérios sobre a origem da vida aqui no planeta.

Para os pesquisadores, a descrição da GFAJ-1 é como se fosse um alien vivendo entre nós, porque tem um metabolismo totalmente diferente de todos os seres vivos que conhecemos até hoje. A descoberta lança um novo foco nas pesquisas espaciais, na qual elementos químicos e ambientes previamente inabitáveis ganham destaque.

A vida na Terra e no Universo é um magnífico mistério, dádiva do Criador, que não podemos e nem vamos compreender de maneira tão simplista. Atualmente, não é difícil concebermos que Deus criou Sua Casa (Universo), em cuja morada estão os incontáveis planetas, estrelas, galáxias. A questão fundamental é: Nós estamos sozinhos no Universo?

A descoberta do microorganismo confirma os preceitos espíritas por várias razões. “O homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro e [único] em inteligência, em bondade e em perfeição.”(2) Obviamente, as constituições materiais dos outros orbes não se assemelham com a nossa e “não sendo uma só para todos a constituição física dos mundos as organizações dos seres que os habitam são diferentes para cada mundo, assim como acontece na Terra em que os peixes são feitos para viver na água e os pássaros no ar.”(3)

O fato é que estamos na Terra, um dos nove planetas que giram em torno do Sol. Embora pese mais de 6 sextilhões de toneladas e apresente uma superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados, nem por isso é o maior destes planetas que giram ao redor do Astro Rei. O planeta Júpiter, por exemplo, é 1.300 vezes maior do que a Terra. O Sistema Solar possui 9 planetas com 57 satélites. No total, são 68 corpos celestes. E, para que tenhamos noção de sua insignificância, diante do restante do Universo, “nosso Sistema [planetário] compõe um minúsculo espaço da pequena da Via Láctea”(4), ou seja, um aglomerado de, aproximadamente, 100 bilhões de estrelas, com, pelo menos, cem milhões de planetas, que, segundo Carl Seagan, no mínimo, 100 mil deles com vida inteligente e mil com civilizações mais evoluídas que a nossa.(5)

Quando, há 153 anos, o Codificador, na compilação dos preceitos espíritas, afirmava cabalmente a existência de vida em outros planetas, os membros acadêmicos da ciência positiva não deram crédito. As provas materiais, da possibilidade fortíssima de haver vida em muitos outros lugares, estão em todo lugar: Astrônomos têm descoberto sinais de matéria orgânica em outros planetas; meteoros caem, aos montes, com vários compostos orgânicos essenciais à vida, sendo, talvez, o mais famoso deles o meteorito de Murchison; e, nem precisando ir tão longe, a descoberta da nova bactéria, na Terra, mostra-nos que a vida existe, também, nos locais mais inóspitos e surpreendentes, sob as condições mais hostis, como se vê no caso das formas de vida extremófilas, presentes em ambientes extremos, como gêiseres, mares polares frios e lagos altamente salinos.

Até o momento, o homem dizia que o arsênio era totalmente inconciliável com a nutrição da vida. Mais do que abrir a perspectiva concreta de vida em outros planetas, em tese considerados inóspitos, a descoberta modifica o conceito do que é a vida. “E ainda coloca a ciência diante de uma situação que exige humildade, pois basta esta exceção para provar que a vida é ainda para o ser humano um maravilhoso mistério. Celebremos!”(6)

Fontes de Referência:

(1) Elemento químico venenoso para a maioria dos seres vivos. Quando um humano é contaminado por arsênio, suas células sofrem morte por asfixia e o tecido, conseguintemente, morre por necrose;

(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro, Ed. FEB , 2001, questão 55;

(3) Idem, questões 56 e 57;

(4) As últimas observações do telescópio Hubble (em órbita), mostram o número de galáxias conhecidas de 50 milhões;

(5) Em 1991, em Greenwich, na Inglaterra, o observatório localizou um quasar (possível ninho de galáxias) com a luminosidade correspondente a um quatrilhão de sóis;

(6) Disponível no portal “Somos espiritos” http://somosespiritos.blogspot.com/2010_12_01_archive.html >.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.