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De acordo com pesquisa publicada no Economic Journal , feita por um grupo de economistas alemães, apesar de reclamarem da sorte, os desempregados não têm seu bem-estar e a felicidade diária afetados pela falta de rotina de trabalho. Carlos Miguel Pereira comenta.

  • Data :07/11/2010
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Não é preciso ter um emprego para ficar feliz, diz estudo

De acordo com a pesquisa, apesar de reclamarem da sorte, os desempregados não têm seu bem-estar e a felicidade diária afetados pela falta de rotina de trabalho

Perder o emprego normalmente não é um motivo para ser comemorado pelas pessoas. Em geral, o fato de ficar sem trabalho é associado a sintomas de tristeza e depressão. Um novo estudo, porém, contrariou a ideia de que aqueles que não trabalham são menos felizes do que os que têm um emprego. De acordo com a pesquisa, apesar de reclamarem da sorte, os desempregados não têm seu bem-estar e a felicidade diária afetados pela falta de uma rotina em um escritório.

A descoberta, feita por um grupo de economistas alemães, foi publicada na edição desta semana do Economic Journal . Para chegar aos resultados, os pesquisadores utilizaram o método desenvolvido por Daniel Kahneman, da Universidade de Princeton, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2002, que pede que as pessoas relatem quando se sentiram felizes em determinado momento do dia.

No total, 600 pessoas empregadas e desempregadas tiveram que construir um relatório do dia anterior. Os voluntários fizeram uma lista com todas as atividades que participaram e explicaram como se sentiram durante cada uma delas.

Assim como mostravam outros estudos, o levantamento confirmou que as pessoas desempregadas estão menos satisfeitas com a sua vida em geral. Porém, quando se trata de medir as emoções em um dia específico, os desempregados têm o mesmo nível de sentimentos positivos e negativos que registram os que estão trabalhando. Segundo os pesquisadores, “os desempregados estão insatisfeitos com a vida, mas têm um bom dia”.

Matéria publicada na Revista Veja , em 19 de setembro de 2010.

Carlos Miguel Pereira comenta*

A notícia faz referência a um estudo que traz conclusões interessantes, que procuraremos analisar: As situações adversas da vida não são determinantes para o nosso nível de felicidade. Por que será isso?

Muitos séculos nos separam do tempo em que, na Grécia Antiga, o Homem começou a refletir sobre si mesmo, procurando perceber o seu papel na vida e no mundo.

Nessa época, a busca pela felicidade era um dos temas mais empolgantes. Os filósofos e cientistas contemporâneos não manifestam um igual fascínio pelo tema, mas a verdade é que a procura da felicidade mantém-se como a maior aspiração humana. Todos desejamos ser felizes. Mas como é ser feliz? Será que existe uma fórmula para a felicidade?

Comecemos a nossa reflexão com uma citação do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo , de Allan Kardec, retirada do texto “A Felicidade não é deste mundo”, ditado pelo Espírito do cardeal Morlot (Cap. V, item 20): “Em tese geral pode afirmar-se que a felicidade é uma utopia a cuja conquista as gerações se lançam sucessivamente, sem jamais lograrem alcançá-la. Se o homem ajuizado é uma raridade neste mundo, o homem absolutamente feliz jamais foi encontrado.”

A felicidade é uma aspiração legítima do Homem, da qual ele não deve abdicar, sendo essa busca um dos motores do seu crescimento e sublimação. É considerada uma utopia no atual nível evolutivo porque ficamos reféns das nossas ansiedades, medos e imperfeições, acabando vulneráveis emocionalmente às perturbações que a vida diária nos coloca.

Mas o que é mesmo felicidade? A ignorância perante esta pergunta leva as pessoas a confundirem alguns conceitos. Como aspiram interiormente à felicidade desconhecendo o que seja, não fazem ideia do que procurar e onde procurar. Podemos definir a felicidade como um sentimento de bem-estar, paz interior, plenitude. Ser feliz é uma conquista íntima, uma aquisição espiritual. Não é uma recompensa pelas virtudes conquistadas, mas a própria vivência dessas virtudes. “Tenho tudo para ser feliz, mas não consigo”. Esta pequena afirmação contém a pequena incoerência que é a chave para compreendermos o modo equivocado como a felicidade é perseguida. Entre “ter” e “ser” existe o mesmo abismo que entre “possuir” e “amar”. Nós não podemos ter felicidade, mas ser felicidade. Gramaticalmente, o verbo “ter” é um verbo transitivo. Ou seja, tudo aquilo que possuímos é uma circunstância passageira que apenas poderá proporcionar prazer temporário. A felicidade é o resultado da transformação interior, vem através da compreensão, da sabedoria, da manifestação do amor, da saudável descoberta de nós mesmos.

Presos aos aguilhões da matéria, dominados por uma visão distorcida sobre a vida, pretendemos retirar dos prazeres comuns, da satisfação imediata dos nossos instintos, da realização dos desejos e ambições do ego, o sublime suco que sacia as nossas aspirações à plenitude. Não conseguimos. Seria o mesmo que querer extinguir a sede bebendo de uma fonte de água salgada. Quanto mais pretendermos que o mundo exterior nos traga felicidade, mais distantes ficamos de conquistá-la. Assim, tal como as seduções da matéria são insuficientes para proporcionar a felicidade a alguém infeliz, também as contrariedades da vida são ineficazes para arruinar a paz interior de alguém em perfeita harmonia com o mundo. A felicidade dos Espíritos mais evoluídos não depende do meio em que se encontrem ou das adversidades encontradas. A harmonia íntima sentida, a compreensão sobre os mecanismos espirituais que regulam a vida, a imensa sabedoria que revelam e o amor colocado em todos seus empreendimentos levam-nos a um permanente estado de plenitude, mesmo em situações de extrema dificuldade.

Ser feliz ou infeliz é uma condição íntima do Espírito, que as circunstâncias da vida poderão influenciar, mas nunca determinar. Podemos ter uma vida recheada de dificuldades e contrariedades, e mesmo assim sermos felizes, compreendendo essas situações como oportunidades de crescimento, experiências iluminativas reclamando o nosso melhor esforço e dedicação. Para alcançar a felicidade precisamos aprender a viver, percebendo que a vida não se encontra limitada a este mundo material que nos envolve. Seremos verdadeiramente felizes quando soubermos amar de verdade, sentindo a expressão do amor como o prazer mais fecundo que algum dia nos será dado a experimentar.

  • Carlos Miguel Pereira trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.