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Britânica viciada em jogos online foi proibida de usar computadores por não alimentar corretamente seus filhos e deixar dois animais de estimação morrerem de fome. O caso ocorreu na cidade de Swanley, Inglaterra. Jorge Hessen comenta.

  • Data :27 Sep, 2010
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Britânica viciada em jogos online é proibida de usar internet depois de negligenciar filhos

Da Redação

Uma britânica viciada em jogos online foi proibida de usar computadores por não alimentar corretamente seus filhos e deixar dois animais de estimação morrerem de fome. O caso ocorreu na cidade de Swanley, em Kent (Inglaterra), informa o “Telegraph”.

A mulher, que teve sua identidade protegida, alimentou os dois filhos, de 10 e 13 anos, com feijões em lata cozidos frios ou comida pré-preparadas, por um período de seis meses. A mãe também não dava talheres aos meninos para comerem as “refeições”.

Dois cachorros, um pastor alemão e um lurcher, morreram de fome e os cadáveres foram deixados na sala de jantar durante dois meses enquanto a britânica jogava Small World na internet, praticamente sem parar, relataram as autoridades de Kent. Aos oficiais, a mulher confessou “provavelmente ter matado os animais de fome por não abandonar o jogo no computador”.

Policiais que investigaram o caso afirmaram ainda que a casa estava em condições péssimas de limpeza, com lixo acumulado nos cômodos, comida embolorada e enxames de moscas.

A denúncia dos maus tratos às crianças e animais foi feita por um vizinho. A corte de Maidstone Crown sentenciou a mulher a 75 horas de trabalho voluntário, mas suspendeu a pena de seis meses de prisão. Ela também foi proibida de ter animais de estimação e acesso à internet.

Vício em jogos na web

Segundo as autoridades, a britânica se tornou viciada no Small Worlds depois de receber o convite para jogar de um amigo do Facebook.

Ela começou jogando por cerca de uma hora e, a partir de agosto de 2009, passou a ter o comportamento obsessivo: a britânica dormia apenas duas horas por noite. Passou então a alimentar os filhos com comidas que não precisavam ser cozidas ou pré-preparadas, como sanduíches, macarrão instantâneo, salgadinhos e tortas.

De acordo com o promotor do caso, Deepak Kapur, a mulher “era uma mãe dedicada até que o marido morreu após um ataque cardíaco e se fechou no mundo online". “Ela vivia no mundo real apenas num nível muito básico”, disse.

Notícia publicada no Portal UOL , em 13 de setembro de 2010.

Jorge Hessen comenta*

Por que será que o mundo de chip, bit, modem, memória ran, webcam, som, poesia, de cultura, conteúdo para adulto, ciência, hacker, filosofia, de perigo… vêm fascinando mais do que a vida que se levava antes da década de 80? Permanecer neste mundo virtual, diante de um monitor, será por medo? vergonha? timidez? falta de amor próprio? insegurança? carência? solidão? Ou será encantamento, necessidade de conhecimento, realizar feitos inenarráveis, ultrapassar limites, provocar reações… ou apenas poder se comunicar?

Apesar de não haver consenso, há um estudo da Universidade La Salle, divulgado em 2008, afirmando que há um total de 50 milhões de adictos(1) na web. Todavia, outro relatório da Advances Psychiatric Treatment informa que o número de compulsivos gira de 5% a 10% do total de internautas no mundo (estimados em 1,3 bilhão de pessoas, de acordo com o Internet World Stats) — isso dá cerca de 100 milhões de pessoas. Na China, dos 18,3 milhões de internautas adolescentes chineses, mais de 2 milhões são viciados na rede mundial de computadores.

Os vícios tecnológicos são denominados de tecnoses. No caso específico da internet é conhecido como internet-dependência ou cibervício. Não há nenhuma pesquisa brasileira sobre o tema. Assim como há viciados em drogas, no jogo e no tabaco, há pessoas que passam horas a fio na internet, fenômeno que um crescente grupo de especialistas dos Estados Unidos considera um problema psiquiátrico. Na América do Norte, a “compulsão à internet” é tratada por um crescente número de centros médicos especializados, entre eles os da Universidade de Maryland, em College Park, e o Computer Addiction Study Center, do Hospital McLean, em Belmont, Massachusetts.

É evidente que o uso intensivo e inadequado do computador causa problemas de saúde variados. Podem ser identificados problemas relacionados à visão, mente, músculos, articulações e coluna. As queixas de quem sofre esses problemas incluem fadiga, cansaço e irritação ocular, visão turva, tensão muscular, dores de cabeça, stress, dores no pescoço, costas e braços. Dentre os principais problemas, estão as Lesões por Esforço Repetitivo (LER), que agora  são reconhecidas como Distúrbios Osteomusculares, Relacionados ao Trabalho (DORT).

As ondas da web são possantes fontes de comunicação de massa em nível planetário. “Só no Brasil o número de internautas é de 41,5 milhões.”(2) A Internet oferece, sem dúvida nenhuma, alguns perigos, quando veicula cenas reais de apelos eróticos, de violência nos joguinhos “infantis” etc, mas “não se compara a heroína, a cocaína que isola a pessoa e a torna dependente."(3) Não se pode olvidar que a Internet está presente nos hospitais, nos tribunais, nos ministérios, nas agências bancárias, nos supermercados, nas lojas, nas escolas, na segurança de nossas casas e empresas, enfim, fazer uma movimentação bancária, compras, observar notas nas escolas, realizar trabalhos escolares e profissionais, pesquisas, nossa segurança… Eis aqui alguns dos exemplos de como estamos mais envolvidos com a informática do que se possa imaginar.

O grande desafio é que na web as informações ainda não têm filtros eficazes e chegam na velocidade da luz, ou seja, é só o tempo de alguém apertar alguns botões, algumas letras no teclado e pronto, já está tudo ao alcance de todos. Por causa desta velocidade, existe uma necessidade urgente de se informar e instruir melhor os usuários deste meio de comunicação. Por essa razão, as crianças que não recebem orientação educativa são muito mais vulneráveis e, por consequência, são as mais atingidas pelo volume de informação que podem ser ou não bem interpretadas. Por isso, podem ser prejudiciais a elas.

Apesar dos riscos que o uso inadequado da web pode apresentar, não identificamos a Internet como algo prejudical ao homem; ao contrário! ela é uma extensão da vida concreta, difundida pelas ondas magnéticas virtualizadas, além de ser uma ferramenta indispensável na sociedade contemporânea. Sem ela o mundo trava, para tudo e todos.

Outra coisa! Não nos esqueçamos de que no mundo corporativo atual, o acesso à Internet é obrigatório e muitos profissionais passam quase todo o tempo em que estão no escritório conectados à rede. Isso não faz deles adictos (dependentes). Há muitos profissionais que passam o dia na Internet. Um webdesigner, por exemplo, pode ficar 14 horas na rede por causa do seu ofício. O que determina o cibervício é a qualidade de uso de um computador na rede mundial.

É redundante dizer que é importantíssimo aproveitar essa ferramenta de comunicação em prol dos ideais que norteiam nossas vidas. Faço parte de um grupo vinculado ao portal http://espiritismo.net . Os administradores do portal têm demonstrado o poder dessa ferramenta de disseminação doutrinária, através de frentes de trabalhos espíritas reconhecidos, inclusive, no Movimento Espírita nacional. Com isso, têm difundido conhecimento e consolo a quantos os procuram.

A propósito, no século XIX, Kardec lembrava que: “uma publicidade em larga escala, feita nos jornais de maior circulação, levaria ao mundo inteiro, até às localidades mais distantes, o conhecimento das ideias espíritas, despertaria o desejo de aprofundá-las e, multiplicando-lhes os adeptos, imporia silêncio aos detratores, que logo teriam de ceder, diante do ascendente da opinião geral."(4)

Divulgação em grande escala se consegue hoje através da Internet, que permite trocar informações dos mais variados assuntos, enviar mensagens, conversar com milhões de pessoas ou apenas ler as informações de qualquer parte do planeta.

Na era da cibernética, da robótica “vivemos épocas limítrofes na qual toda a antiga ordem das representações e dos saberes oscila para dar lugar a imaginários, modos de conhecimento e estilos de regulação social ainda poucos estabilizados. Vivemos um destes raros momentos em que, a partir de uma nova configuração técnica, quer dizer, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é inventado."(5)

A divulgação na internet deve ser livre, porém aqueles que querem divulgar o Espiritismo devem ter a consciência da responsabilidade, procurando sempre saber as finalidades da divulgação e as suas consequências, porque a Internet não é só livre, ela é abrangente. “Ela atinge proporções globais, colocando o Espiritismo face a face com outras realidades."(6)

Recordando que com o acelerado progresso tecnológico já é possível se obter comunicações audiovisuais, o que, sem dúvida, vai aproximar ainda mais as pessoas. Cada um de nós, do conforto de nossos lares, pode enviar uma palavra amiga, disponibilizar as atividades do seu centro, integrar-se em grupo de estudo e de discussão, ouvir palestras edificantes e até conversar face a face através do computador com pessoas que precisam ser reconfortadas.

Transformações sociais, mudanças no panorama dos conhecimentos gerais do homem não as podem estagnar, não as podem fechá-la em um pétreo corpo ortodoxo. A rigor, a Internet é um foro de discussão, de ligação entre todos que se dedicam ao estudo da doutrina, a pesquisa de suas novas fronteiras e a aplicação dos conhecimentos já firmados.

Não devemos ter medo da Internet, como a Inquisição teve medo dos livros. Tal como Kardec, devemos aprender a enfrentar as investidas, sempre com a intenção de procurar a verdade e de esclarecer. Divaldo expõe sua emoção ante a Internet quando diz: “comovo-me diante deste excelente recurso que diminui distância, ainda mais por sentir participando deste nosso convívio alguns benfeitores espirituais que estão a todos nos envolvendo em ondas de paz e vibrações de saúde, entre os quais os Espíritos Eurípedes Barsanulfo, Cairbar Schutel, Joanna de Ângelis e Vinícius, igualmente felizes, abençoando a tecnologia e a informática utilizadas para o bem”.(7)

Fontes:

(1) Adicto, do latim addictu, é um adjetivo, que significa: Afeiçoado, dedicado, apegado. adjunto, adstrito, dependente. Em medicina, é quem não consegue abandonar um hábito nocivo, mormente de álcool e drogas, por motivos fisiológicos ou psicológicos;

(2) últimas atualizações do Ibope/NetRatings;

(3) psicóloga Sherry Turkle, autora do livro “Life on the Screen: Identity in the Age of the Internet”;

(4) Kardec, Allan. Obras Póstumas - Projeto 1868, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001;

(5) Pierre Lévy - As tecnologias da Inteligência - O futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 2004;

(6) Artigo de Sérgio e Carlos Alberto Iglesia Bernardo. “Sobre o Espiritismo e a Internet”, publicado no Boletim GEAE, Número 280, de 17 de Fevereiro de 1998;

(7) Divaldo Pereira Franco, em palestra virtual realizada dia 17/03/2000.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.