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Não zombe dos pés de coelho e de outros amuletos da sorte que muitas pessoas costumam trazer consigo. Uma nova pesquisa demonstrou que ter algum tipo de símbolo ou amuleto da sorte pode realmente melhorar o desempenho das pessoas. Jorge Hessen comenta.

  • Data :18/09/2010
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Não jogue fora seus amuletos: superstição funciona mesmo

Keri Chiodo

Amuletos que funcionam

Não zombe dos pés de coelho e de outros amuletos da sorte que muitas pessoas costumam trazer consigo.

Uma nova pesquisa demonstrou que ter algum tipo de símbolo ou amuleto da sorte pode realmente melhorar o desempenho das pessoas - pelo mecanismo simples de aumentar a sua autoconfiança.

Superstição nos esportes

“Eu acompanho vários esportes, eu leio sobre esportes, e eu percebi que frequentemente os atletas - inclusive atletas famosos - têm superstições,” diz Lysann Damisch, da Universidade de Cologne, na Alemanha.

Michael Jordan usava um calção da sua equipe da faculdade sob seu uniforme da NBA para dar sorte; Tiger Woods veste uma camisa vermelha nas partidas aos domingos, geralmente o último e mais importante dia do torneio.

“E eu ficava me perguntando, por que eles fazem isso?”

Amuleto da sorte

Com seus colegas Barbara Stoberock e Thomas Mussweiler, Damisch projetou um conjunto de experimentos para ver se a ativação das crenças supersticiosas das pessoas poderia melhorar seu desempenho em uma tarefa.

Em um dos experimentos, os voluntários foram orientados a levar um amuleto da sorte com eles. Em seguida, os pesquisadores levaram o amuleto embora com o argumento de que queriam tirar uma foto dele.

As pessoas levaram todos os tipos de itens, de antigos animais empalhados e anéis de casamento até pedras da sorte.

Metade dos voluntários recebeu seu amuleto de volta antes de iniciar o teste. Para a outra metade foi dito que havia um problema com a câmera e que eles iriam recebê-los de volta mais tarde.

Autoconfiança

Os voluntários que receberam seu amuleto da sorte antes do teste se saíram melhor em um jogo de memória no computador. Testes subsequentes mostraram que esta diferença de desempenho se devia ao seu sentimento de autoconfiança.

Eles também estabelecem metas mais elevadas para si mesmos. Apenas desejar boa sorte para alguém, como “Eu aperto o polegar para você” - a versão alemã de “Estou cruzando os dedos por você” - o desempenho dos voluntários melhorou em uma tarefa que exigia destreza manual.

É claro que mesmo Michael Jordan perdia jogos de basquete de vez em quando. “Isso não significa que você vai ganhar, porque, naturalmente, ganhar e perder é outra coisa,” diz Damisch.

A pesquisa foi publicada na revista Psychological Science .

Notícia publicada no Diário da Saúde , em 20 de julho de 2010.

Jorge Hessen comenta*

Há uma pesquisa publicada na revista Psychological Science com o propósito de constatar que a ativação das crenças supersticiosas(1) poderia melhorar o desempenho de alguém em alguma tarefa. A análise apontou indícios de que há um certo “poder” no uso de amuletos, pois que aumenta a autoconfiança do homem. (!?…) Obviamente, não podemos dar crédito aos pretensos poderes mágicos de amuletos, talismãs, etc, que “só existe na imaginação de criaturas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que constam, como prova da existência desse poder, são fatos naturais, mal observados e sobretudo mal compreendidos."(2)

É verdade! “O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma imensidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu um sem-número de fábulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginação. O conhecimento lúcido dessas duas ciências, a bem dizer, formam uma única, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é possível, e o que é impossível e o que está nas leis da Natureza e o que não passa de ridícula crendice."(3)

Os excessos de misticismos, as fantasias psíquicas devem ser alijadas do comportamento humano com o uso e abuso da razão, do bom senso e da inteligência iluminada. Allan Kardec indagou aos Espíritos sobre os talismãs [amuletos] e a lição surgiu peremptória: “o que vale é o pensamento, não o objeto”, portanto a Doutrina Espírita credita as superstições à infantilidade espiritual.

O supersticioso crê que certas ações (voluntárias ou involuntárias), tais como rezas, amuletos, conjuros, feitiços, maldições ou outros rituais, podem influenciar de maneira profunda sua vida.  Mas a crença em talismãs reside na infância espiritual em que se encontra. Nesta fase evolutiva do espírito, impera o pensamento mágico, que se contrapõe ao uso da razão. Mostrando-se-lhe a realidade, explicando-se-lhe a causa dos fatos, a sua imaginação se deterá no limite do possível, destarte, “o maravilhoso, o absurdo e o impossível desaparecem, e com eles a superstição. Tais são, entre outras, as práticas cabalísticas, a virtude dos signos e das palavras mágicas, as fórmulas sacramentais, os dias nefastos, as horas diabólicas e tantas outras coisas cujo ridículo o Espiritismo bem compreende e demonstra."(4)

O conhecimento espírita é o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque “revela o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de crença pueril."(5)  Mas, infelizmente, a ausência de bom senso faz com que muitos  permaneçam na ignorância, que os remete à cegueira da realidade. Esta, por sua vez, conduz ao sectarismo. “A fé cega nada examina, aceitando sem controle o falso e o verdadeiro e a cada passo se choca com a evidência da razão. “Levada ao excesso, produz o fanatismo."(6) Por essa razão, a Doutrina Espírita explica a superstição como algo ligado à imaginação fantasiosa e à ignorância. Para os espíritas, a falta de estudo sério das obras da Codificação é matriz de muitas ideias acessórias e absurdas, que degeneram em práticas supersticiosas.

Não é nosso escopo, e nem poderia sê-lo, adotar atitude de intolerância, intransigência, incompreensão, animosidade, aos que vivem sob os guantes das superstições, porém, de esclarecimento doutrinário sobre o tema. Tarefa essa que em nenhuma hipótese deve ser contemporizada, interrompida ou arrefecida.

Dado o seu caráter divino, o Espiritismo suporta, mas não comporta, a ignorância, o erro, as atitudes intransigentes e mesquinhas. A Codificação está fincada sobre a rocha da sensatez. Por isso, mantenhamos a vigília e a tolerância, sem transigir com o erro.

Fontes:

(1) O Novo Dicionário Aurélio define superstição como o sentimento religioso baseado no temor e na ignorância e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes; crendice. Crença em presságios tirados de fatos puramente fortuitos. Apego exagerado e/ou infundado a qualquer coisa; poder mágico das coisas;

(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, questão 552;

(3) Idem, questão 555;

(4) Kardec, Allan. Revista Espírita “1859”, Brasília, Ed. Edicel, 1999;

(5) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, questão 555;

(6) Kardec, Allan. O Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2006, capítulo 19, item 6.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.