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  • Maioria dos jovens entre 10 e 14 anos já usaram pulseirinhas do sexo

Estudo realizado pela Secretaria de Estado da Saúde na Casa do Adolescente de Heliópolis, na zona sul, indica ainda que mais de 60% dos adolescentes diz desconhecer o significado das pulseiras. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :25/08/2010
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Pesquisa indica que maioria dos jovens entre 10 e 14 anos já usaram pulseirinhas do sexo

FERNANDA PEREIRA NEVES DE SÃO PAULO

Cerca de 90% de garotas com idades entre 10 e 14 anos ouvidas em pesquisa em São Paulo disseram já ter usado o acessório conhecido como pulseirinha do sexo. O estudo, realizado pela Secretaria de Estado da Saúde na Casa do Adolescente de Heliópolis, na zona sul, indica ainda que mais de 60% dos adolescentes diz desconhecer o significado das pulseiras.

Já entre os garotos da mesma faixa etária, quase 55% afirmaram já ter usado os acessórios. Ao todo, foram ouvidos 174 adolescentes e jovens entre 10 e 24 anos entre os meses de abril e maio deste ano.

De acordo com a médica Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa de Saúde do Adolescente da secretaria, o fato de muitos adolescentes usarem as pulseiras corresponde à necessidade de autoafirmação e de ser aceito no grupo.

Já na faixa etária de 15 a 19 anos, 38% das meninas afirmaram já ter usado as pulseirinhas, enquanto apenas 8,5% dos meninos admitiram o uso.

Do total, apenas 5,7% nunca tinham ouvido falar das pulseiras. Além disso, 89% dos entrevistados que afirmaram já terem utilizado as pulseiras informaram que deixaram de usá-las.

As pulseiras surgiram na Inglaterra e, recentemente, viraram mania no Brasil. O enfeite também é usado em um “jogo”. Quem arrebenta o acessório recebe uma retribuição sexual da dona da pulseira. Se ela for roxa, vale beijo de língua; a preta, sexo.

Notícia publicada na Folha.com , em 8 de junho de 2010.

Claudia Cardamone comenta*

As pulseiras podem ser vistas como a banalização das relações amorosas. Para estes jovens, beijar alguém na boca não significa mais nada além de um prazer momentâneo, e este prazer está mais ligado à sua autoafirmação do que ao beijo propriamente dito.

O sexo, o prazer e as relações tornaram-se um  ‘jogo’ onde não existem vencedores. Mas este tipo de jogo não é uma novidade. Lembro que na minha adolescência havia um ‘jogo’ semelhante: “Pêra, Uva, Maçã ou Salada Mista”, onde se escolhesse pêra era um aperto de mão, uva um abraço, maçã um selinho e salada mista um beijo na boca. Normalmente jogávamos quando sabíamos que havia alguém a fim de alguém.

As pulseiras seriam a mesma coisa. Se um menino tímido estivesse a fim de uma menina, romper a pulseira poderia ajudar.

Lembro de uma frase dita pelo Jô Soares, em que sua mãe falava que a sujeira está na cabeça das pessoas, e este é o problema maior das pulseiras. Ao ver uma menina usando pulseiras pretas e brancas, um rapaz poderia achar que ela quer fazer sexo e, ao arrebentar uma das pulseiras, exigir a prenda, quando na verdade ela usava apenas as pulseiras nas cores do seu time de futebol.

Como espíritos em evolução, nossa maior dificuldade é, e ainda será por muito tempo, aprender a nos relacionarmos. Precisamos aprender a conversar, não trocar ou fornecer informações, mas sentar e expor nossos sentimentos, nossas imperfeições. O problema não está nas pulseiras, mas naqueles que a usam de forma errada. E se elas não existirem usarão de outro artifício para alcançar as suas satisfações.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.