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Através de fertilização in vitro, menina Chloe, de dois anos, residente no subúrbio de Chigado, se livrou do câncer de cólon. Procedimento ainda é caro, e mexe com questões éticas e religiosas. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :23 Jun, 2010
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Medicina genética garante fim de doenças hereditárias potencialmente perigosas

Através de fertilização in vitro, menina Chloe se livrou do câncer de cólon. Procedimento ainda é caro, e mexe com questões éticas e religiosas.

Amy Harmon Do ‘New York Times’

Enquanto Chad e Colby Kingsbury olham sua filha de 2 anos brincando no tanque de areia, em sua casa no subúrbio de Chicago, não deixam de pensar um milhão de vezes: Chloe nunca ficará doente.

Como todos os pais, eles queriam que a filha chegasse ao mundo com as mesmas chances que a maioria das crianças. Mas havia um problema. “Em minha família, há um gene de câncer que matou minha mãe, meus dois tios. Tenho dois primos que estão com a doença”, diz Chad.

Este gene pode levar a uma forma de câncer de cólon que afeta a pessoa no meio da vida; normalmente por volta dos 45 anos. Ele possui o gene e, segundo as leis da genética, havia 50% de chances de passar para seus filhos.

Muitas pessoas com o gene não manifestam o câncer. E, se a doença for diagnosticada e tratada cedo, a taxa de sobrevivência é de 90%. Ainda assim, o risco mostrou-se alto demais diante das opções disponíveis.

O casal conheceu um procedimento médico cada vez mais comum: o P.G.D. (Diagnóstico Genético Pré-implantacional). Nele, os futuros pais fazem fertilização in vitro e selecionam apenas os embriões que não possuem estes genes potencialmente perigosos. “O P.G.D. pega um embrião em estágio inicial, retira uma célula, examina atrás de mutações genéticas e, se o embrião não possui mutações, é implantado e se torna um feto”, explica o doutor Dr. Kenneth Offit, diretor de genética no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center.

O processo exigiu que Colby tomasse injeções frequentes de hormônio e sofresse uma extração de óvulos dolorosa. E, para pagar pelo procedimento, o casal teve de usar mais de US$ 10 mil de suas economias. Um fato que, segundo os médicos, pesa muito.

O P.G.D. está disponível desde os anos 90. Mas com este conhecimento difundido, mais pessoas estão optando por esta escolha. O doutor Offit sugere que parte disso tem a ver com o desejo dos casais de controlar o próprio destino, em vez de deixar a natureza seguir seu curso. “Nos últimos anos, percebi cada vez mais que muitos desses jovens têm uma sensação de poder ao assumir o controle quando percebem que podem ter filhos que não carregarão as mesmas mutações que eles, seus pais, seus avós e muitas gerações passadas”.

Segundo o casal, parte da dificuldade foi explicar para outras pessoas sobre a ideia de interferir na natureza. Isso significou passar por cima de preocupações religiosas de suas famílias, e convencer amigos de que aquilo não era algo da ficção científica. “Explicar o processo que nem nós mesmos entendíamos parecia algo de um filme espacial e diziam: por que vão fazer isso?”, diz Colby.

Um em cada 200 americanos carrega uma mutação genética que os tornam suscetíveis a ter câncer de seio e cólon. Dois tipos de câncer hereditários que já podem ser testados. Mas quanto mais os cientistas aprendem sobre a genética do câncer e outras doenças hereditárias, mais os dilemas ficam complexos.

E essa discussão já está acontecendo. Mas enquanto isso, casais como Colby e Chad seguem o desejo de ter filhos livres de doenças que assolam suas famílias. Eles, inclusive, já estão planejando ter mais um filho.

Notícia publicada no Portal G1 , em 10 de abril de 2010.

Claudia Cardamone comenta*

Na resposta da questão 258, de O Livro dos Espíritos , os Espíritos dizem que são os próprios espíritos que escolhem o gênero de provas que desejam sofrer, e, na questão 259, afirmaram que, apesar de escolherem o gênero, não escolhem todas as tribulações da vida, estas serão consequências das próprias ações.

Ainda neste livro, nas questões 853 e 853-a, os Espíritos disseram: “Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos”. […] “Mas quando chegar a tua hora de partir, nada te livrará. Deus sabe com antecedência qual o gênero de morte por que partirás daqui, e frequentemente teu Espírito também o sabe, pois isso lhe foi revelado quando fez a escolha desta ou daquela existência”.

Refletindo nestas colocações, podemos perceber que se um espírito escolheu como prova passar por um câncer como o gênero de morte pelo qual desencarnará, nada poderá ser feito para evitar, talvez não saiba o tipo de câncer que terá. Mas não podemos pensar de forma alguma que qualquer tentativa de evitar o sofrimento de outra pessoa seja em vão. Primeiro, porque as provas existem para exercitar também a nossa inteligência, e depois, ninguém aqui sabe o momento e o gênero de morte que o outro vai vivenciar.

A medida em que vamos trabalhando para fornecer as necessidades básicas e desenvolvendo técnicas e equipamentos que minimizam ou ajudam o homem a superar as provas da vida, vamos também progredindo intelectual e moralmente.

Sabendo que a filha poderia desenvolver uma espécie de câncer, transmitida hereditariamente, os pais fizeram de tudo para tentar impedir isto e minimizar as provas dela. E o mérito está nisto: lutar pelo bem estar do outro.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.