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Quando as pessoas se deixam seduzir pela oração de uma figura carismática, áreas do cérebro responsáveis pelo ceticismo tornam-se menos ativas, conclui estudo que analisou a resposta das pessoas a orações. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :30/04/2010
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Cérebro “desliga” em resposta a oração de cura

da New Scientist

Quando as pessoas se deixam seduzir pela oração de uma figura carismática, áreas do cérebro responsáveis pelo ceticismo e vigilância tornam-se menos ativas. Essa é a conclusão de um estudo que analisou a reposta das pessoas a orações proclamadas por alguém que supostamente possui poderes de cura divina.

Para identificar os processos cerebrais subjacentes à influência de pessoas carismáticas, o estudioso Uffe Schjodt, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e seus colegas procuraram cristãos pentecostais, que acreditam que algumas pessoas têm poderes divinos de cura, sabedoria e profecia.

Utilizando ressonância magnética funcional, o pesquisador e seus colegas realizaram uma varredura nos cérebros de 20 pentecostais e 20 não crentes, enquanto tocavam orações gravadas. Os voluntários foram informados de que seis das orações foram lidas por um não cristão, seis por um cristão comum e seis por um curandeiro. Na realidade, todas foram lidas por cristãos comuns.

A atividade cerebral monitorada pelos pesquisadores mudou apenas nos voluntários devotos, em resposta às orações. Partes do córtex pré-frontal e do córtex cingulado anterior, que desempenham papeis fundamentais de vigilância e ceticismo ao julgar a verdade e a importância do que as pessoas dizem, foram desativadas enquanto as orações ouvidas eram dos supostos curandeiros. As atividades diminuíram em menor medida quando no alto-falante falava, supostamente, um cristão normal.

O pesquisador disse que isso explica porque alguns indivíduos podem exercer mais influência sobre os outros, e conclui que a habilidade para isso depende fortemente de noções preconcebidas de sua autoridade e confiabilidade.

Não está claro se os resultados se estendem a líderes religiosos, mas Schodt especula que regiões do cérebro podem ser desativadas de forma semelhante em resposta a médicos, pais e políticos.

Notícia publicada na Folha Online , em 27 de abril de 2010.

Claudia Cardamone comenta*

Parece que a ciência conseguiu explicar o que é e o que acontece com o que chamamos fé cega. Que ela existe, todos sabiam, mas a ciência parece que agora conseguiu provar.

A fé cega é acreditar em algo dito por alguém a quem julgamos acima de qualquer suspeita, e esta pesquisa vem demonstrar que quando isto ocorre nós desligamos o sistema de vigilância de nosso cérebro e por isso somos muitas vezes levados ao erro.

É uma crítica muito comum no meio espírita, de que muitas pessoas possuem esta fé cega com relação a alguns médiuns, principalmente, e estudiosos. Alguns irão defender que uma ideia está certa porque foi escrita por fulano, outros irão defender que é uma mensagem elevada por ter sido trazida pelo médium tal. Muitos de nós ainda alimentamos estas noções preconcebidas e agimos de acordo com elas.

Enfim, está provado nesta pesquisa que a fé cega é sempre nossa responsabilidade, somos nós que decidimos quando devemos desligar a nossa vigilância ou não. Não adianta reclamar que fomos iludidos e enganados, pois nós mesmos que permitimos.

É quase como alguém reclamar que seu computador está infectado com vírus e quando questionado porque não ligou o anti-vírus responder: Porque achei que aquele site ou email era seguro. A decisão é sempre nossa.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.