Carregando...

  • Início
  • SP: livro sobre vítimas de acidente da TAM pode ser recolhido

Familiares das vítimas do acidente do vôo 3054 da TAM ajuizaram ação na Justiça paulista pedindo indenização e concessão de liminar para recolher exemplares do livro mediúnico ‘Voo da Esperança’, de Woyle Figner Sacchetin. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :21 Jan, 2010
  • Categoria :

SP: livro sobre vítimas de acidente da TAM pode ser recolhido

Chico Siqueira Direto de Araçatuba

Familiares das vítimas do acidente do vôo 3054 da TAM ajuizaram ação na Justiça paulista pedindo indenização e concessão de liminar para recolher exemplares do livro “Voo da Esperança”, no qual um médium defende a tese de que os passageiros morreram, porque tinham de pagar dívidas de vidas passadas. Segundo o autor, Woyle Figner Sacchetin, as vítimas seriam os “algozes de Gália”, um exército mercenário romano que teria queimado pessoas vivas 60 anos Antes de Cristo.

O acidente da TAM ocorreu em 18 de julho de 2007, na região do aeroporto de Congonhas, quando o Airbus, que vinha de Porto Alegre, perdeu o controle na aterrissagem, saiu da pista e bateu num prédio da TAM Express, causando a morte de todos os 199 passageiros.

A ação foi impetrada pela professora Carmem Caballero, que teve duas filhas, Júlia Elizabete, 14 anos, e Maria Isabel, 10 anos, além da mãe, Maria Elizabete, 65 anos, mortas no acidente. “A família ficou profundamente abalada por este livro. Ela ainda se recupera das perdas e agora aparece este livro para trazer mais sofrimento”, disse o advogado Marco Aurélio Bdine, que defende Carmem.

Segundo o advogado, “ao invés de trazer a misericórdia, o livro, pelo contrário, tenta justificar as mortes trágicas como punição”. “Essas pessoas que morreram eram inocentes e não podem ser culpadas, depois de mortas”, afirmou. Bdine citou trechos do livro como: “ontem vocês queimaram seres humanos, hoje veem seus corpos queimados”, frase que é atribuída pelo autor ao espírito de Santos Dumont. Ou “a providência divina, em sua sabedoria infinita, não colocou neste avião espíritos inocentes, mas almas seriamente comprometidas com um passado de erros”. Conforme Bdine, o livro, embora sem dar nomes, também faz referência direta aos familiares de Carmem, quando relata a morte de seu irmão em acidente automobilístico. De acordo com o advogado, os autores (escritor e editora) não pediram autorização para a família.

Além do pedido de liminar para recolher os exemplares nas livrarias e bancas, a ação pede o pagamento de indenização no valor de mil salários mínimos (cerca de R$ 465 mil). “A liminar serve para que o livro pare de circular até que o mérito da ação seja julgada, o que pode demorar”, disse. A ação seria distribuída quarta-feira no Fórum de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, onde mora Carmem. Bdine disse que Carmem, em viagem, não comentaria o assunto.

O autor

O gerente administrativo e jurídico da editora Lachâtre, Henrique Serafim Júnior, disse ter ficado sabendo hoje, pela imprensa, da ação que tramita no Fórum de Rio Preto. Segundo ele, a editora espera receber um comunicado oficial para se manifestar sobre o assunto. Ele não soube dizer se o autor do livro já foi informado da ação. “Não consegui falar com ele ainda”, disse Serafim. A reportagem ligou para Sacchetin, mas uma pessoa que atendeu - e disse se chamar Renato e ser irmão do escritor - afirmou que ele não poderia atender à ligação e que retornaria. Até as 16h40, Sacchetin não havia retornado.

De acordo com Serafim, a editora Lachâtre é especializada em publicar livros espíritas. O “Voo da Esperança” teve duas impressões, a primeira com 3 mil exemplares e a segunda, com 7 mil exemplares. Segundo ele, por enquanto não há previsão de nova edição em futuro próximo.

Notícia publicada no Portal Terra , em 16 de dezembro de 2009.

Claudia Cardamone comenta*

Eu nada posso comentar sobre este livro, pois não tenho conhecimento de seu conteúdo, mas gostaria de comentar a ideia de uma frase citada aqui: “ontem vocês queimaram seres humanos, hoje veem seus corpos queimados”. Este pensamento pode ser verdadeiro ou não. Se pensarmos em alguém que foi morto por tiros oriundos de uma metralhadora, em que época terá matado outras pessoas desta mesma forma?

A morte não é um castigo, é apenas o término de uma experiência humana na Terra. Interpretar como castigo esta experiência, comum a todos os seres vivos do planeta, depende do espírito de cada um e do seu grau evolutivo.

Em O Livro dos Espíritos , Kardec nos esclarece:

“A fatalidade está, portanto, nos acontecimentos que se apresentam ao homem como consequência da escolha da existência feita pelo Espírito, mas pode não estar no resultado desses acontecimentos, pois pode depender do homem a modificação do curso das coisas, pela sua prudência; e jamais se encontra nos atos da vida moral.

É na morte que o homem é submetido, de uma maneira absoluta, à inexorável lei da fatalidade, porque ele não pode fugir ao decreto que fixa o termo de sua existência, nem ao gênero de morte que deve interromper-lhe o curso.”

Isto significa que todos os passageiros escolheram desencarnar no dia 18 de julho de 2007 num acidente aéreo? Claro que não. Significa que alguns haviam escolhido desencarnar devido à uma explosão, outros a um acidente, etc. Eles poderiam evitar o acidente? Sim, mas jamais poderiam evitar o gênero de morte. Se não morressem no dia 18, morreriam em outro acidente aéreo, ou mesmo numa outra forma de explosão, se este foi o gênero de prova escolhido. Não por ser um castigo, mas por terem sido eles mesmos que escolheram, porque era útil ao seu próprio adiantamento. Além disto, devemos lembrar que a prova se estende a todos os envolvidos: amigos, familiares, socorristas, etc. Nada ocorre sem a permissão de Deus e Ele nada faz de inútil.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.