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José Magalhães, morador de Araxá, se tornou conhecido depois que ensaiou o próprio velório. Ele diz que queria ver como ficaria se morresse. A esposa diz que soube da brincadeira depois de seis meses. Sonia Maria Ferreira da Rocha comenta.

  • Data :17/01/2010
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Morador de cidade mineira fez ensaio do próprio velório

José Magalhães diz que queria ver como ficaria se morresse. Esposa diz que soube da brincadeira depois de seis meses.

Do G1, com informações do Jornal Hoje

Um morador de Araxá (MG) se tornou conhecido na pequena cidade mineira depois que ensaiou o próprio velório. A cerimônia de velório de José Magalhães teve direito a flor, algodão no nariz e no ouvido, faixa pra segurar a boca, e até gente contratada para chorar.

“Eu queria ver como eu ficava”, diz o mineiro. Na época, 14 anos atrás, toda a cidade ficou sabendo do ensaio. “Eu estava lá e fiquei chorando, dizendo ‘coitadinho do Zé, morreu, gostava demais dele’”, disse Carmine di Mambro, amigo de Magalhães, que participou do falso velório.

Os meninos contratados para chorar no velório não conseguiam conter o riso. “Eu briguei com eles. Perguntei ‘vocês vieram aqui para chorar ou para rir?’”, afirma Magalhães. Segundo ele, quem entrou no velório, não desconfiou que se tratava de um ensaio.

“Depende da motivação. Até achei admirável alguém enfrentar com senso de humor a morte. Nesse sentido, não deixa de ser positivo”, diz o padre Manoel da Costa.

A esposa de José Magalhães diz que descobriu a brincadeira apenas seis meses depois do “ensaio”. “Eu comecei a sair com ele e começaram as brincadeiras dos amigos – ‘olha a esposa do morto-vivo’”, diz Maria Vilma Ferreira. Ela afirma que nunca viu as fotos do velório.

“Realizei meu sonho. Estou tranqüilo e agora vou partir para outra. Não quero parar”, diz Magalhães.

Notícia publicada no Portal G1 , em 14 de julho de 2009.

Sonia Maria Ferreira da Rocha comenta*

São várias as reações das pessoas quando o tema é a morte. E algumas até se negam a falar sobre o assunto. Mas é dificil ver alguém brincar com um assunto que deveria ser tratado com mais respeito do que a que vemos nessa notícia.

Esse assunto é tratado com várias interpretações e diferenças culturais e religiosas. As religiões também exercem grandes influências nas atitudes do ser humano. Cada religião tem sua visão própria com relação ao passamento para a outra dimensão de vida. Criando, até, um grande temor quando o assunto é desencarne.

Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno , trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.

Os livros Depois da Morte , de Léon Denis, e Obreiros da Vida Eterna , de André Luiz/Chico Xavier, também trazem muitas explicações sobre o interessante tema. Há, também, uma série enumerável de livros de mensagens enviadas por desencarnados aos entes queridos que ficaram. Entre eles, o famoso Jovens no Além , de 1975, recebido por Chico Xavier. O filme Joelma 23º andar , baseado no incêndio ocorrido em São Paulo, mostra bem a questão da continuidade da vida.

Não devemos nos preocupar em excesso com a morte. Ela faz parte do nosso processo evolutivo. A única preocupação, verdadeiramente, que devemos ter para uma boa morte é uma vida bem aplicada, como o perdão aos inimigos, o sentimento de dever cumprido e a clareza de consciência que têm um valor bem maior do que a preparação formal. Observe a morte de Sócrates: obrigado a beber cicuta, partiu com a consciência tranquila, enquanto os seus juízes deveriam sofrer as consequências daquela injustiça.

O Espírito Irmão X, no capítulo 4, do livro Cartas e Crônicas , lembra-nos de alguns detalhes sumamente valiosos para enfrentarmos a morte com tranquilidade. Diz-nos ele:

“Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer carne dos animais; Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Não se renda à tentação dos narcóticos; Deixe os testamentos em dia; Não se apegue demasiado aos laços consanguíneos. Convença-se de que se você não experimenta simpatia por determinadas pessoas, há muita gente que suporta você com muito esforço.” (Xavier, 1974)

Para o nosso querido espírito Bezerra de Menezes:

“A desencarnação é acontecimento sublime para os Planos Maiores, quando a alma liberta do cativeiro terreno se apresta ao voo espiritual, coroando-se de luzes pelo merecimento adquirido.”

Enfrentemos a morte com a mesma determinação e respeito com a qual enfrentamos a vida. Se, todas as noites, pudermos “morrer” tranquilos, o passamento definitivo não nos acarretará problema algum, pois o desprendimento fará parte de nossa natureza.

  • Sonia Maria Ferreira da Rocha reside em Angra dos Reis, RJ, estuda o Espiritismo há mais de 30 anos e é colaboradora regular do Espiritismo.net.