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Um bom exemplo para se debater o assunto foi o que aconteceu numa escola particular e tradicional de São Paulo: um estudante levou um revólver calibre 38 para a escola para mostrar aos colegas. José Antonio M. Pereira comenta.

  • Data :28/10/2009
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Educação deve ser um trabalho conjunto entre escola e família

Um bom exemplo para se debater o assunto foi o que aconteceu numa escola particular e tradicional de São Paulo: um estudante levou um revólver calibre 38 para a escola para mostrar aos colegas.

A família não quer aparecer. Por telefone, o pai falou sobre o caso. “Meu filho encontrou uma arma em casa, arma que eu tinha quando morava em fazenda e contou aos amigos mais próximos que tinha essa arma e os amigos duvidaram dele. Ele então, pegou essa arma, pôs na mochila e levou para escola e mostrou para esses amigos no banheiro”, diz o pai.

O pai contou ainda que quando ele e a esposa descobriram o que aconteceu procuraram imediatamente a direção do colégio. “Não poderíamos abafar nada. Tínhamos que mostrar a ele que o ato que ele cometeu foi um ato não certo. Ele não poderia, ele tinha que pensar nas consequências que isso traria e não só na dúvida dos colegas”, continua o pai.

Uma professora especialista em psicologia da Educação disse que a família agiu da forma mais acertada possível porque assumiu o erro e mostra para a criança o exemplo do que ensina.

“Ela vê os pais sofrerem por um ato seu, mas assumirem consequências”, diz Neide Siasi, especialista em Educação.

A direção da escola não quis gravar entrevista, mas em nota disse que lamenta o fato e que está tomando medidas pedagógicas.

Segunda a nota, qualquer atitude em relação ao aluno só será tomada depois de muita reflexão e consideração. A direção afirmou ainda que intensificou os debates sobre violência. O caso chamou a atenção e dividiu a opinião dos pais.

“Deve ser tratado isso de alguma maneira para que isso não volte a acontecer nem com ele nem com outros”, diz João Medina, engenheiro.

“O culpado é o próprio pai. Na opinião da minha família é expulsar o menino”, diz Perlete Barbaghian, dona de casa.

“Acho que a gente demora para perceber na vida que as consequências são sérias; acho que é até uma coisa inocente de uma criança de 13 anos”, diz Adriana Pena, empresária.

Notícia publicada no site do Jornal Hoje , em 26 de março de 2009.

José Antonio M. Pereira comenta*

O título da matéria me causou espanto, num primeiro momento. Mas, por mais óbvio que possa parecer, a maioria de nós, pais, não participa muito da educação de nossos filhos junto à escola.

Os tempos modernos trouxeram suas vantagens tecnológicas, aumentando nosso conforto, diminuindo distâncias, agilizando coisas que antes gastávamos um tempo enorme para fazer. Mas, em nome dessa modernidade, trocamos muitos hábitos tradicionais, que são bons para nós, por uma praticidade que nem sempre representa um bem. É o suco pronto, a comida congelada, o esporte longe da natureza… E deixar os filhos na escola o quanto antes e o maior tempo possível, para podermos cuidar de nossas vidas, sem tempo. É assim que muitas vezes, sem pensar muito no assunto, as famílias deixam a cargo da escola uma parte da educação que lhes compete. Não posso falar como educador, já que não sou profissional da área, mas posso falar como espírita, seguidor de uma doutrina cuja base se assenta na educação, e como pai, que talvez não tenha feito o melhor em termos de relacionamento com a escola dos filhos.

Meditando sobre a notícia do menino que levou uma arma para escola – e que graças a Deus, não teve maiores consequências – podemos concluir algo de bom. Que nos cabe não só participar mais da escola, providenciar a educação moral na agremiação religiosa que a família achar melhor, proporcionar a prática esportiva e o acesso à cultura, mas, acima de tudo, educar os filhos no lar, na condição de tutores de sua caminhada no mundo. E aí entram não só recursos, como o culto do evangelho no lar, o diálogo acima das punições, a paciência que não espera resultados imediatos, a autoridade de pais que temos, mas, acima de tudo, o exemplo, a atitude diária. Isso tudo sem desprezar a amizade e o amor, sem os quais nenhum processo educativo poderá funcionar de verdade.

  • José Antonio M. Pereira coordena o ESDE e é médium da Casa de Emmanuel, além de integrante da Caravana Fraterna Irmã Scheilla, no Rio de Janeiro. Também é colaborador da equipe do Serviço de Perguntas e Respostas do Espiritismo.net.

Colaborou: Marcelo Abreu - Professor da Faculdade de Educação da UERJ & da UCB. Coordenador da disciplina Pesquisa em Educação e Construção do Projeto Político-Pedagógico IV - UERJ / CEDERJ.