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Enfermeira disse que Baya Bakari, a adolescente que sobreviveu à queda do Airbus A310, nas Ilhas Comores, recupera-se bem. Primeiras imagens dela no hospital foram divulgadas nesta quarta. Jorge Hessen comenta.

  • Data :14/07/2009
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Garota que sobreviveu a queda de avião em Comores está consciente

Enfermeira disse que menina de 14 anos recupera-se bem. Primeiras imagens dela no hospital foram divulgadas nesta quarta.

Do G1, em São Paulo

Baya Bakari, a adolescente franco-comorense de 14 anos que sobreviveu à queda do Airbus A310 nas Ilhas Comores está consciente no hospital, informou nesta quarta-feira a agência de notícias Associated Press. Uma enfermeira que trata da garota afirmou que ela está “se recuperando bem”.

O pai da menina disse que a filha mal podia nadar, mas conseguiu aguentar até a chegada do resgate. O avião da empresa Yemenia Air caiu no Oceano Índico pouco antes do pouso nas Ilhas Comores, com 153 pessoas a bordo. Até agora a menina foi a única sobrevivente encontrada.

O pai da garota afirmou que falou com a filha por telefone após o acidente e que ela deixou Paris com a mãe para visitar a família em Comores. “Ela é muito quietinha, nunca pensei que pudesse escapar assim”, disse ele.

“Sua saúde não está em perigo. Ela está calma apesar do choque que sofreu”, disse à agência Reuters o cirurgião Ben Imani.

Joseph Yousouf, tio da menina, disse que ela também sofreu uma fratura na clavícula.

Notícia publicada no Portal G1 , em 1º de julho de 2009.

Jorge Hessen comenta*

A jovem Baya Bakari de 14 anos foi a única sobrevivente da queda do Airbus A310  da empresa Yemenia Air que caiu no Oceano Índico pouco antes do pouso nas Ilhas Comores, com 153 pessoas a bordo. Historicamente, ocorreram outros acidentes aéreos que tiveram um único sobrevivente, a exemplo de Vesna Vulovic, a aeromoça sérvia que estava em um avião que explodiu sobre a ex-Tchecoslováquia em um suposto atentado terrorista em janeiro de 1972.(1) Dias antes, na véspera do Natal de 1971, um avião de passageiros também explodiu depois de ser atingido por um raio sobre a Amazônia peruana. Todos morreram, à exceção da jovem Juliane Koepcke, de 17 anos, que caiu de uma altitude de cerca de 3 mil metros, ainda presa ao assento com o cinto de segurança.(2) História semelhante é a de George Lamson Jr, que tinha 17 anos quando sobreviveu à queda do Lockheed L-188 Electra da Galaxy Airlines, que matou as outras 70 pessoas a bordo, em janeiro de 1985. Os episódios de sobreviventes nestas circunstâncias incluem a de uma criança de quatro anos que escapou da queda do voo 255 da Northwest Airlines em agosto de 1987, em que mais de 150 pessoas morreram no acidente, segundo os organizadores de um memorial pelas vítimas da catástrofe. Em 1995, uma menina de nove anos foi a única sobrevivente da explosão em pleno ar de um avião na Colômbia. Em 1997, um menino tailandês escapou de um acidente que matou 65 pessoas durante um voo da Vietnam Airlines. Em 2003, uma criança de três anos foi a única sobrevivente de um acidente aéreo no Sudão que matou 116 pessoas. Lamentemos, sem desespero, quantos se fizeram vítimas de desastres que nos confrangem a alma.

A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontam são igualmente nossos. Esses fatos nos remetem a refletir sobre ideias de cientistas materialistas que creem que a sobrevivência “não é uma questão de destino”, pois mais de 90% dos acidentes aéreos têm sobreviventes hoje em dia, graças aos “avanços tecnológicos”(!!!…) e no conhecimento desses episódios. A justificatica de avanços tecnológicos não respondem plenamente a questão sobre as causas de uns morrerem e outros sobreviverem na mesma cena trágica.

Como se processa a convocação dos encarnados para o evento da desencarnação coletiva? Qual a explicação espiritual para o fato de pessoas saírem ilesas das catástrofes, algumas até mesmo perdendo o embarque do meio de transporte a ser acidentado? As respostas são baseadas nas premissas de que o acaso não pode reger fenômenos inteligentes e na certeza da infalibilidade da Lei Divina, agindo por conta de espíritos prepostos, sob a subordinação das entidades superiores. “A cada um será dado segundo as suas obras”. Ensinam os espíritos que justiça sem amor é como terra sem água, sintetizando, através da comparação simples e forte, qual é o pensamento da espiritualidade superior sobre o tema, o que significa que a justiça é perfeita porque Deus a fez assistida pelo amor, para que os endividados não sejam aniquilados.

A Doutrina dos Espíritos, embasada em O Livro dos Espíritos, não respalda a ideia de fatalidade, merecendo por isso leitura e reflexão.(3) Então, qual a finalidade desses acidentes que causam a morte conjunta de várias pessoas? Como a Justiça Divina pode ser percebida nessas situações? Por que algumas pessoas escapam, como vimos acima? Lembrando que fatalidade, destino, azar são palavras sempre citadas em situações como essa.

Porém, Fatalidade? Destino? Azar? são palavras que não combinam com a Doutrina Espírita, da mesma forma que a “Sorte” daqueles que escapam desse tipo de situação. Mas que conceitos estão por trás dessas palavras? O Livro dos Espíritos explica sobre a fatalidade, e, entre outras informações, destaca-se o fato de que “a fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria consequência da posição em que se encontra. Em verdade, fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podemos fugir”.(4) Quando é chegado o momento de retorno para o Plano Espiritual, nada nos livrará e, frequentemente, sabemos o gênero de morte por que partiremos daqui, pois isso nos é revelado quando fazemos a escolha desta ou daquela existência. Não esqueçamos que somente os acontecimentos importantes e capazes de influir nossa evolução moral são previstos pelo Criador, porque são úteis à nossa purificação e à nossa instrução.

Nas mortes coletivas, como no caso tão dramático ocorrido nos recentes desatres aéreos, encontraremos uma justificativa lógica para os respectivos acontecimentos, se colocarmos em prática os conhecimentos que só a Doutrina Espírita nos pode fornecer, para confirmar que até mesmo nesses DESASTRES a Lei de Justiça se faz presente, pois como nos afirma a Doutrina Espírita, não há efeito sem uma causa que o justifique.

Todos os nossos irmãos que pereceram pelo efeito devastador das quedas das aeronaves carregavam consigo motivos para se ajustarem com a Lei, a fim de quitar seus débitos com a Justiça Divina que não falha jamais, encontrando aí a oportunidade sublime do resgate libertador. “Salvo exceção, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que têm uma tarefa comum reunidos numa existência, já viveram juntos para trabalharem pelo mesmo resultado, e se acharão reunidos ainda no futuro, até que tenham alcançado o objetivo, quer dizer, expiado o passado, ou cumprido a missão aceita”.(5)

Vamos encontrar no Livro Chico Xavier Pede Licença, no capítulo 19, intitulado “Desencarnações Coletivas”, as sábias explicações para o fenômeno das mortes coletivas, quando o benfeitor Emmanuel, responde pergunta endereçada a ele por algumas dezenas de pessoas em reunião pública realizada na noite de 22/08/1972, em Uberaba, MG, que aqui transcrevemos: “Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos [queda de aeronave]? Responde Emmmanuel: - “Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliada à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio”.(6)

Como se processa a provação coletiva [resgate]? O mentor do Chico ainda esclarece: “Na provação coletiva verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas da dívida do pretérito para os resgates em comum, razão porque, muitas vezes, intitulais “doloroso caso” às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais”.(7) Diante de tantos lúcidos esclarecimentos não podemos ter mais quaisquer dúvidas de que a Justiça Divina exerce sua ação exatamente com todos aqueles que em algum momento contrariaram a harmonia da Lei de Amor e Caridade e, por isso mesmo, cedo ou tarde se defrontarão inexoravelmente com a Lei de Causa e Efeito, ou se preferirem com a máxima proferida pela sabedoria popular: “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”.

É importante destacar que em O Evangelho Segundo o Espiritismo, o mestre lionês assinala: “Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, frequentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento”.(8)

Diante do exposto, afirmamos que a função da dor é ampliar horizontes, para realmente vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio. Por isto, diante dos compromissos “cármicos”, em expiações coletivas ou individuais, lembremo-nos sempre de que a finalidade da Lei de Deus é a perfeição do Espírito, e que estamos, a cada dia, caminhando nesta destinação, onde o nosso esforço pessoal e a busca da paz estarão agindo a nosso favor, minimizando ao máximo o peso dos débitos do ontem.

Fontes:

(1) Vesna, que recebeu um prêmio da organização Guinness World Records pela “mais alta queda do espaço sem paraquedas”, despencou de mais de 10 mil metros de altitude junto com uma parte da fuselagem do avião, para cair nos montes nevados da hoje República Checa;

(2) Acredita-se que os fortes ventos que sopravam de baixo para cima suavizaram a queda, fazendo o assento descer em espiral e não em queda livre. A adolescente alemã passou 11 dias vagando na selva, sem comida, em busca de civilização;

(3) Kardec, Allan. O Livros dos Espiritos, RJ: ed Feb, 1999, questões 851 a 867, do Livro III, capítulo X;

(4) Idem;

(5) Kardec, Allan. Obras Póstumas, RJ: Ed Feb, 1993, Segunda Parte, pág. 215, no Capítulo: Questões e problemas;

(6) Xavier F Candido / Pires j. Herculano. Chico Xavier pede Licença, no capítulo 19, “Desencarnações Coletivas”, SP: Ed GEEM, 1972;

(7) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed Feb 1972,  perg. 250;

(8) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, item 9, cap. V.

  • Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.