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O nascimento de um bebê com apenas 555 gramas foi o que poderia ser um caso considerado comum na medicina e, geralmente, trágico. Mas a sequência do episódio que virou noticia é encarado como um caso raro no Brasil. Carlos Miguel Pereira comenta.

  • Data :14/03/2009
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Bebê nascido com meio quilo vai para casa em SP

Cláudio Dias Direto de Araraquara

O nascimento de um bebê com apenas 555 gramas em julho deste ano foi o que poderia ser um caso considerado comum na medicina e, geralmente, trágico. A maioria morre pouco depois do parto. Muito pequeno, ele era um pouco maior que a palma da mão de um adulto. Algo como metade de um saquinho de açúcar. Mas a sequência do episódio que virou noticia é encarado como um caso raro no Brasil. Mesmo pequeno e prematuro, após três meses internado, João Gabriel, deixou a Santa Casa de Franca ontem, sem sequelas e pesando pouco mais de 2 kilos.

“Foi um milagre muito grande. Eu tive três hemorragias e, um dia de madrugada, a minha bolsa estourou e o liquido secou. Fui internada e fiquei 17 dias no hospital. Os médicos me disseram que as chances do meu filho sobreviver eram muito pequenas, só que eu tive muita fé. Acho que foi a fé que o manteve vivo”, diz a mãe, a dona-de-casa Doralice Correira, 30 anos. Ela teve complicações e os médicos tentaram o parto normal e, sem outras alternativas, fizeram a cesária após duas semanas.

Em 17 de julho, com 24 semanas, quase seis meses ou 168 dias de gestação e medindo 21 centímetros, João Gabriel nasceu com chances raras de vida.

Permaneceu sob acompanhamento médico por três meses no Centro de Terapia Intensiva (CTI) infantil do hospital. Médicos não puderam dar entrevista. A assessoria de imprensa da Santa Casa de Franca disse que o caso do menino é o mais impressionante já ocorrido na região. Segundos os médicos, ele tinha só 20% de chances de sobreviver. E conseguiu.

O peso médio de um bebê recém-nascido é de 2,9 kg. João Gabriel nasceu quase seis vezes menor.

De acordo com os médicos, hoje, o Brasil não dispõe de uma estatística atualizada envolvendo a mortalidade de bebês que nascem com baixo peso. As taxas sobre o tema excluem óbitos de crianças com peso inferior a 1 kg. De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa de Franca, dados internos do hospital apontam que, de janeiro a setembro deste ano, nasceram 2.645 bebês.

Destes, 53 tinham baixo peso, ou seja, vieram ao mundo com menos de 2,3 kg. Além disso, o total ainda revela que oito dos 11 que nasceram com menos de 1 kg não resistiram e morreram horas depois do parto. “O que torna o caso do menino João Gabriel importante e raro é o fato dele ter resistido mesmo sendo pequeno e por, até agora, segundo os exames, não apresentar nenhuma sequela”, diz a assessoria.

O pai do menino, o tratorista João Batista Martins Gonçalves, 42 anos, acredita que a recuperação do pequeno filho seja uma benção. “É incrível. Ele era pequenininho demais. Só de sair vivo já é maravilhoso. Sem nenhuma sequela ou doença ele pegou até os médicos de surpresa”, destaca o pai.

“Olha, foram três meses de agonia só que agora ele está aqui no sítio e muito bem”, brinca Gonçalves que mora com a família na zona rural de Restinga, cidade vizinha de Franca.

Doralice também não se controla de alegria. “Acabei de fazer o meu bebê dormir e ele está tão grande”, diverte-se a mãe indicando que o filho está com 2,1 kg. Por ter tomado medicamentos fortes no hospital a mãe não está amamentando. João Gabriel toma leite em pó.

A Santa Casa de Franca tem histórico semelhante neste tipo de nascimento. Em dezembro do ano passado, um outro bebê nasceu com 650 gramas. Ele teve alta em março deste ano.

Notícia publicada no Portal Terra , em 23 de outubro de 2008.

Carlos Miguel Pereira comenta*

Albert Einstein, bebê prematuro, Prêmio Nobel de Física e considerado pela Revista Time “O Homem do Século XX”, afirmou: “Existem duas maneiras de vivermos a nossa vida: uma é pensarmos que não existem milagres, outra é pensarmos que tudo é fruto de um milagre!”

A ciência e a tecnologia, com os seus consecutivos avanços e descobertas, quando são utilizados ao serviço da humanidade, da vida e do entendimento do nosso Universo, são mais do que uma alavanca do progresso, são instrumentos imprescindíveis para promovermos um mundo mais justo, equilibrado e amoroso, oferecendo novas oportunidades, horizontes e alternativas saudáveis a quem necessita. Muitos foram os que de forma empenhada, voluntária ou inconsciente ajudaram a criar condições para que a taxa de mortalidade infantil descesse ano após ano nos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento; foi através de incontáveis contribuições físicas e intelectuais, ao longo da história, que podemos hoje oferecer aos bebês, que nascem antes do tempo devido, uma oportunidade de sobrevivência cada vez maior, logrando fabricar “milagres” emocionantes como o que é relatado na notícia.

Um bem-haja a todos eles, artífices da Criação que colaboraram com a sublime obra de Deus, contribuindo com a sua pequena parte para a evolução num sentido mais amplo e global. Colaborar com Deus, realizar através das ações próprias o amor, o bem e a justiça. O que pode ser mais digno de nosso Pai celestial?

Mas, ao lermos a notícia, não conseguimos ficar indiferentes aos verdadeiros heróis da história. Meninos e meninas que, ao voltarem à vida física, são confrontados com dificuldades inesperadas e adversidades enormes, que parecem desproporcionadas ao frágil corpo que abriga a sua alma. Mas se o corpo é débil, o Espírito é valente, e é sempre com uma lágrima a embargar-nos o olhar que nos surpreendemos com a coragem, esforço e persistência com que estes meninos e meninas se agarram à vida, enfrentando obstáculos e superando barreiras aparentemente intransponíveis e que poderão mesmo se estender a toda a sua vida física. A sua luta, a sua persistência e as suas vitórias são uma verdadeira lição para todos: pais, familiares e amigos. Não existe dificuldade tão grande que a nossa vontade não possa vencer.

Esta persistência em viver, por parte dos filhos, é muitas vezes o que dá força aos pais dos heróis prematuros, que se sentem a viver uma prova tremenda, mergulhados num turbilhão de emoções que se intensifica a cada dia. A coragem, a confiança e a fé, tal como é dito pela mãe do pequeno João, são suportes inabaláveis e preponderantes para enfrentar a situação e ajudarem os seus filhos a resistir. E ao saírem vitoriosos da prova que tiveram que superar, estes pais estão mais capazes de valorizar o “milagre” com que foram agraciados, dedicando o seu melhor amor, carinho e atenção na educação dos pequenos heróis. Todas as crianças, independentemente de serem prematuras ou não, são pequenas heroínas que vêm para ajudar à construção de um novo mundo. O lamentável é que muitos pais ainda não tenham aprendido a reconhecer e a dar o devido valor ao “milagre” com que foram presenteados.

  • Carlos Miguel Pereira trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.