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Jovem autista tem habilidades especiais, como a facilidade para aprender uma língua e para decorar sequência de milhares de números. E luta para mostrar ao mundo que é uma pessoa normal. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :11/03/2009
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Inglês consegue aprender um idioma em uma semana

Jovem autista tem habilidades especiais, como a facilidade para aprender uma língua e para decorar sequência de milhares de números. E luta para mostrar ao mundo que é uma pessoa como qualquer outra

REDAÇÃO ÉPOCA

Daniel Tammet é um homem capaz de feitos extraordinários. Aos 29 anos, fala 11 línguas e se diz capaz de aprender qualquer uma delas em uma semana. Além disso, consegue decorar e recitar milhares de números em seguida, como a sequência de dígitos do pi, o termo matemático infinito. Essas capacidades incríveis são acompanhadas, no entanto, de problemas. Tammet sofre de Síndrome de Asperger, um tipo de autismo, e é um “savant”, um autista com habilidades especiais, mas com dificuldades de interagir e demonstrar emoções.

Além do inglês nativo, Tammet fala fluentemente alemão, francês, islandês e esperanto, além de conhecer os idiomas espanhol, lituano, romeno, estoniano e galês. Em um documentário feito para mostrar suas habilidades, ele aprendeu o finlandês em exatamente uma semana. Tammet também ficou famoso por ter recitado os primeiros 22.514 dígitos do pi, e escreveu um livro – Nascido em um dia azul – em que contou os dramas de sua infância.

Segundo Tammet, essas sequências de números surgem em sua mente como paisagens. Em outros casos, de números específicos, Tammet os relaciona com outros números. “Eu só entendo o número 338, por exemplo, em termos de 13. Eu consigo visualizar automaticamente que 338 é 13 ao quadrado multiplicado por dois. As pessoas fazem esse mesmo tipo de relação com palavras, mas eu consigo fazer com números também”.

Em um perfil publicado nesta segunda-feira (26) no jornal britânico The Times , Tammet tenta se afastar do estereótipo daquele que talvez seja o único savant famoso do mundo, o americano Kim Peek, que inspirou o personagem Raymond Babbitt, do filme Rain Man, com o qual Dustin Hoffman venceu o Oscar de melhor ator em 1988. “Eu não sou Rain Man”, diz.

Depois de uma infância com episódios muito complicados, como não conseguir escovar os dentes por conta do barulho que a escova produz em contato com os dentes, Tammet passou a lutar para tentar parecer uma pessoa normal. Aprendeu a conversar olhando no olho do interlocutor e a cumprimentar as pessoas, coisas que geralmente os savants não fazem. Foi professor de inglês na Lituânia, onde namorou um homem, e hoje vive em Avignon, na França, com Jerome, seu namorado. E ganha a vida como escritor. “Os savants são marginalizados e tratados como uma coisa mística, mas as pessoas como eu são humanas”, diz.

Matéria publicada na Revista Época , em 26 de janeiro de 2009.

Claudia Cardamone comenta*

Tammet, ao afirmar que “… as pessoas com eu são humanas”, está respondendo à questão 371 de O Livro dos Espíritos :

“A opinião de que os cretinos e os idiotas teriam uma alma de natureza inferior tem fundamento?

  • Não. Eles têm uma alma humana, frequentemente mais inteligente do que pensais, e que sofre com a insuficiência dos meios de que dispõe para se comunicar, como o mudo sofre por não poder falar”.

Muitas vezes o autista ou o savant quer muito se relacionar com as pessoas, mas não consegue por uma limitação orgânica que ainda não conhecemos por completo. Sabemos que são provas as quais estes espíritos são submetidos, e os espíritos nos dão a explicação, na questão seguinte:

“372. Qual é o objetivo da Providência, ao criar seres desgraçados como os cretinos e os idiotas?

  • São os Espíritos em punição que vivem em corpos de idiotas. Esses Espíritos sofrem com o constrangimento a que estão sujeitos e pela impossibilidade de manifestar-se por intermédio de órgãos não desenvolvidos ou defeituosos”.

“É necessário distinguir o estado normal do estado patológico. No estado normal, o moral supera o obstáculo material. Mas há casos em que a matéria oferece uma tal resistência que as manifestações são entravadas ou desnaturadas, como na idiotia e na loucura. Esses são casos patológicos e em tal estado a alma não goza de toda a sua liberdade. A própria lei humana a isenta de responsabilidade dos seus atos.” – ensina Kardec, comentando a resposta da questão 372-a.

“373. Qual o mérito da existência para seres que, como os idiotas e os cretinos, não podendo fazer o bem nem o mal, não podem progredir?  

  • É uma expiação, imposta ao abuso que tenha feito de certas faculdades; é um tempo de suspensão”.

Se raciocinarmos um pouco, chegaremos a um ponto que demonstra a teoria de que o autista é um espírito que não deseja encarnar-se e assim, se mantém isolado de tudo e de todos, criando seu próprio mundo. Por quê? Porque além do que disseram os Espíritos, que é uma punição ou expiação, lembremos a questão 345:

“A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento da concepção? Durante esse primeiro período o Espírito poderia renunciar a tomar o corpo que lhe foi designado?

  • A união é definitiva, no sentido em que outro  Espírito não poderia substituir o que foi designado para o corpo, mas, como os laços que o prendem são mais frágeis, fáceis de romper, podem ser rompidos pela vontade do Espírito que recua ante a prova escolhida. Nesse caso, a criança não vinga.”

Ora, se o espírito não quer encarnar, ele não precisa se submeter a uma vida de sofrimento como um autista, se ele pode simplesmente romper os laços que o unem ao corpo em desenvolvimento.

Não acredito que o espírito passe dezenas de anos apenas ignorando a vida ao seu redor. Existe muito sofrimento e demonstra ser uma prova difícil. Num mundo onde todos querem ser diferentes, especiais, querem se destacar, Tammet tem que lutar muito para parecer uma pessoa normal.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.