Carregando...

  • Início
  • Perfil de homicida e vítima não muda

Há 6 anos, jovens estão no centro dos assassinatos em SP, que na maioria das vezes ocorrem à noite e na zona sul. Jovens na faixa etária de 18 a 25 anos lideram as estatísticas das vítimas de homicídio e de assassinos. André Luiz Rodrigues dos Santos comenta.

  • Data :04 Mar, 2009
  • Categoria :

Perfil de homicida e vítima não muda

Há 6 anos, jovens estão no centro dos assassinatos em SP, que na maioria das vezes ocorrem à noite e na zona sul

Josmar Jozino

O estudante Alexandre Andrade Reyes tinha 18 anos quando foi assassinado a tiros pelo comerciante Ismael Vieira da Silva, de 23 anos, após uma briga de trânsito na noite de 27 de maio do ano passado, no Jabaquara, zona sul de São Paulo. Ambos tinham algo em comum: se enquadravam na faixa etária de 18 a 25 anos. Jovens nessa faixa etária lideram, ao mesmo tempo, as estatísticas das vítimas de homicídio (33,6%) e de assassinos (40,8%). Apesar da redução nos homicídios, esse perfil não muda na capital desde 2003.

Também se apurou que 55% dos assassinos identificados pela polícia tinham antecedentes criminais e 73,9% das vítimas conheciam os matadores. Em 32,72% dos casos, os crimes ocorreram a menos de 500 metros de distância da casa das vítimas e em 24,46%, na mesma distância da residência do bandido.

Esses números integram um estudo feito pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que analisou 327 inquéritos policiais de homicídios dolosos com autoria conhecida, entre 2006 e 2007 - em 2003, a mesma análise levou em conta 576 inquéritos. A pesquisa constatou que a zona sul continua a ser a mais violenta - com 39% dos assassinatos cometidos na área da 6ª Delegacia Seccional (Santo Amaro), responsável por 13 distritos policiais.

Segundo a pesquisa, também 39% dos assassinatos nos últimos dois anos ocorreram aos sábados e domingos - eram 36% em 2003. O dia com menor incidência continua a ser a terça-feira, com 8% dos assassinatos. A análise verificou ainda que 36% dos crimes foram cometidos das 18 horas às 23h59 - eram 45% há cinco anos.

O DHPP concluiu que 21,4% das mortes ocorreram por vingança. Depois aparecem motivos fúteis, com 20,2%; desavenças e brigas em bar ficaram com 8,9% e dívidas ou outros problemas relacionados a drogas com 6,7%. Em 66% dos casos, os assassinos usaram arma de fogo. Esse número era de 89% há cinco anos e caiu após as campanhas de desarmamento.

Os homens representaram a maioria das vítimas (85,9%); 52% eram brancos; 57,4% solteiros; 61,62% naturais de São Paulo; 46,7% concluíram o ensino fundamental; 22,73% ganhavam de 2 a 3 salários mínimos e 32,6% estavam desempregados. Já no caso dos assassinos identificados, 96,3% são homens; 49,2% pardos; 58,7% são solteiros; 65% naturais de São Paulo; 51,4% terminaram o fundamental e 40% estavam desempregados.

Aventura

O coronel da reserva da PM e ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho considera que o jovem continua a ser a principal vítima de homicídio porque se envolve mais em atividades de risco. “Eles são mais impulsivos, ousados, imaturos emocionalmente e excitáveis. Gostam de aventuras.”

O coronel ressalta que, nos Estados Unidos e Canadá, pesquisas apuraram que 50% dos jovens provocam o agressor. “Eles desafiaram, insultaram e foram mortos”, afirma. “O jovem não tem freio social. Além disso, está em pleno vigor físico, e, na maioria das vezes, promove a cultura da violência e ainda consome drogas”, completa o delegado-divisionário do DHPP, Marcos Carneiro.

Já para a socióloga Sandra Carvalho, da ONG Justiça Global, o jovem está mais exposto a um processo de criminalização. “Prova disso é que a maioria da população carcerária brasileira é formada por rapazes.”

Segundo Carneiro, o DHPP esclarece 47% dos homicídios na capital. O delegado ainda atribui a queda contínua no número de homicídios - de 12% só nos primeiros nove meses do ano - ao fato de o homicídio passar a ser considerado crime hediondo e à campanha do desarmamento, na década de 90. “Anteriormente, o porte ilegal de arma era contravenção. A pessoa flagrada pagava multa e depois ia embora. Agora é crime.”

Notícia publicada no estadao.com.br , em 3 de janeiro de 2009.

André Luiz Rodrigues dos Santos comenta*

A natureza humana, mais que mera teoria nas bancadas acadêmicas e científicas, revela-se com clareza no dia a dia das pessoas, com suas atitudes e consequências. Elas são movidas pelos seus impulsos, tendências, vivências, valores, etc, todas convivendo dentro do mesmo cenário, cujas estruturas todos partilham.

Entretanto, estudando essas estruturas terrenas com mais detalhamento, temos o mundo separado por setores, com suas respectivas atividades, nas quais cada ser encarnado se adapta a fim de desenvolver-se. “Semelhantes se atraem”, nos diz o provérbio popular. Para esse ser, o mundo em que vive oferece oportunidades de lazer, trabalho, estudo, moradia, relações sociais, etc, sempre de acordo com suas afinidades, onde terá oportunidade de cumprir com seu planejamento evolutivo, individual ou coletivamente.

Dentro desse contexto, percebe-se que o Espírito cria e recria situações, das mais variadas, para si mesmo e para os outros, construindo sua trajetória terrena impulsionado pela Lei de Causa e Efeito, ou seja, para cada atitude tomada o leva a uma inevitável resposta, compatível com a natureza de sua ação. Essa, inicialmente, a origem das venturas e desventuras do mundo.

Através dessas observações, podemos, então, estudar as causas e começar a compreender tudo o que acontece à nossa volta, que vem como efeito.

A notícia acima nos traz informações de comportamentos, e as respectivas consequências, de jovens – antes, Espíritos reencarnados que passam pela fase em que o despertar da consciência torna-se mais acentuada, acompanhado pelos impulsos e tendências que já traz em si, além das influências do meio em que se encontra. Sabemos que o meio não determina o destino de ninguém, mas, certamente, o influencia.

Os dados estatísticos apresentados direcionam nossas atenções para uma região metropolitana de São Paulo com características de baixo poder aquisitivo, ausência de centros educacionais e de lazer e alta concentração de famílias. O estudo era específico sobre ela, pois a taxa de violência é significativa, mas, ampliando essa análise, vemos que a juventude moderna se comporta da mesma forma em todas as regiões do mundo, e esse é um modelo comportamental histórico.

Por exemplo, pesquisas sobre indivíduos detidos para averiguação do uso de bebidas alcoólicas e de entorpecentes, a acidentes incapacitantes (automobilístico, motociclístico, arma de fogo, mergulho, etc) e com outras inúmeras situações que expõem as pessoas a algum tipo de risco desnecessário, a imensa maioria envolve jovens – homens, com idade entre 15 e 25 anos, como vítimas ou responsáveis.

O Espiritismo estuda, acima da natureza humana, a complexa natureza do Espírito. Dentro da esfera terrena, nessa fase da vida, ele aventura-se por caminhos nem sempre lícitos ou saudáveis, mas o desejo de percorrê-lo torna-se, às vezes, mais forte. Nasce o desejo incontrolável de abraçar o mundo, conquistá-lo, correr riscos, quebrar as regras, etc… Essa é sua característica mais marcante.

Diante disso tudo, a educação familiar e a evangelização torna-se um grande instrumento para fazer aflorar junto à essa força criadora o entendimento e as responsabilidades sobre tudo o que diz respeito aos seus compromissos espirituais enquanto encarnado. Direcionando-a, a transformação interior acontece com muito mais eficácia.

“Nossos filhos são espíritos”… E precisam de direção.

*André Luiz Rodrigues dos Santos é paulista, espírita desde 1991, militar e professor. É membro da Equipe Espiritismo.net, atuando nas áreas de Atendimento Fraterno, divulgação e estudos doutrinários no meio virtual.