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  • Homem acha na rua carnê junto com valor da prestação e paga a conta

Antonio Carlos Muniz dos Santos, de 54 anos, dá um belo exemplo de como é possível construir um mundo mais justo e melhor para todos, sem obter o menor lucro com isso. Sergio Rodrigues comenta.

  • Data :03/03/2009
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Homem acha na rua carnê junto com valor da prestação e paga a conta na Serra catarinense

Antonio Carlos Muniz dos Santos encontrou os R$ 170 em um envelope jogado no chão

Pablo Gomes

No dicionário, honestidade significa honradez, dignidade, decência, pureza, virtude. Infelizmente, muita gente jamais saberá o verdadeiro significado, mesmo porque nem lhe interessa saber. Bem diferente de um lageano batalhador, pai de família e que não precisa recorrer à gramática para saber o que é ser honesto.

Corretor de imóveis, pai de três filhos e morador do Bairro Bom Jesus, em Lages, na Serra Catarinense, Antonio Carlos Muniz dos Santos, de 54 anos, dá um belo exemplo de como é possível construir um mundo mais justo e melhor para todos, sem obter o menor lucro com isso.

Manhã de quinta-feira passada, dia 13, ele passava pela rua Coronel Córdova, bem no Centro da cidade, quando se deparou com um envelope no chão. Ao abrir o papel, encontrou uma fatura de uma loja de eletrodomésticos, que venceria dois dias depois, e R$ 170,00 em dinheiro que, em tempos de crise, podem até ser tentadores.

Mesmo sem um único centavo no bolso até para almoçar, e como não encontrou o telefone de contato do titular da fatura, não pensou duas vezes, e foi até o estabelecimento comercial pagar a conta, no valor de R$ 167,07, de alguém que nem conhecia. Deixou o número do seu telefone no caixa, e foi trabalhar com o troco de R$ 2,93 no bolso.

Mal sabia Antonio que, pouco antes de encontrar o envelope, o relojoeiro Edgar Goebel, de 50 anos, residente no bairro Popular e também numa “pendenga” financeira, era quem havia perdido aqueles valorosos R$ 170,00.

A prestação da loja, a sexta de um total de 12, referentes a uma geladeira que Edgar comprou para sua casa, havia caído junto com o dinheiro do bolso da calça do relojoeiro, quando ele foi pegar o celular. Edgar ficou desesperado, procurou no carro e até mesmo na rua, mas como não encontrou, emprestou R$ 170,00 de um amigo e foi até a loja no dia seguinte. Ao chegar no caixa, uma surpresa: a conta estava paga.

— Que louco paga uma conta que não é dele? — pensou Edgar.

Até ser informado da atitude exemplar de Antonio, pegar o telefone e ligar para o desconhecido.

— Fiz questão de agradecê-lo, parabenizá-lo e conhecê-lo pessoalmente, pois eu acreditava que pessoas honestas assim não existiam, a não ser em contos de fada. Agora sei que existem de verdade, e se existissem mais, não viveríamos em um mundo com tanto sofrimento.

O encontro ocorreu na segunda-feira, acompanhado de um forte abraço. A honestidade de Antonio é tão grande que ele ainda quis devolver os R$ 2,93 de troco da fatura da loja. Edgar recusou, mas não teve condições de dar uma recompensa em dinheiro a Antonio, que mesmo voltando para casa sem nenhuma moeda, obteve o seu grande lucro.

— Receber o telefonema do Edgar me agradecendo emocionado, saber que ele também é um pai de família batalhador e que agora seremos grandes amigos é a minha recompensa.

Notícia publicada no Diário Catarinense , em 19 de novembro de 2008.

Sergio Rodrigues comenta*

Sem qualquer ponta de dúvida, trata-se dum exemplo dignificante a ser seguido por todos. Não pelos valores materiais envolvidos no episódio, mas pela significação do gesto. Demonstra que, apesar das vicissitudes que a vida nos apresenta todos os dias, pessoalmente e através da mídia informativa, o número de pessoas de bem ainda é grande, talvez até maior do que supomos, ao constatarmos tanta desonestidade. Certamente, esse homem já entendeu a importância de estar consciente do cumprimento dos deveres perante seus semelhantes e perante Deus. Já goza, na medida em que a vida terrena permite, a felicidade dos que já se despojaram de sentimentos e paixões inferiores e do apego às coisas materiais. Já não tem a ambição que ocasiona a desgraça de muitos. É no pouco que se revela o caráter e que se pode deduzir a reação quando a situação envolver valores mais representativos.

Infelizmente, semelhante fato não é devidamente divulgado pela mídia, preocupada com a audiência que fatos escandalosos podem proporcionar. O bem ainda não dá “ibope”. O que conquista a atenção do público, ensejando altos índices de audiência e, consequentemente, lucros publicitários, ainda é o mal, é a violência banalizada, são as atitudes nada éticas e despudoradas de governantes. De todo modo, a semente fica lançada e poderá frutificar no futuro.

  • Sergio Rodrigues é espírita e colaborador do Espiritismo.Net.