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Uma empresa americana, com unidades nos Estados de Nova Jersey e Ohio, está alugando cães farejadores para que pais preocupados possam fazer uma ‘inspeção’ no quarto dos filhos em busca de drogas. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :27/11/2008
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Pais alugam cães para farejar drogas de filhos nos EUA

Uma empresa americana está alugando cães farejadores para que pais preocupados possam fazer uma “inspeção” no quarto dos filhos em busca de drogas.

A empresa Sniff Dogs, com unidades nos Estados de Nova Jersey e Ohio, aluga os cães e seus tratadores por US$ 200 por hora.

A dona da empresa, Debra Stone, disse à rede de televisão americana ABC que os cinco cães da Sniff Dogs têm um faro tão sensível que podem descobrir vários tipos diferentes de drogas, incluindo heroína, cocaína, metanfetamina e ecstasy.

Os cães também seriam capazes de sentir cheiro de maconha a uma distância de cinco metros e traços da erva na roupa mesmo se a droga tiver sido fumada duas noites antes.

Um dos cães, um pastor alemão chamado Ali, passou oito anos trabalhando na divisão de narcóticos da polícia americana antes de se aposentar e agora só se dedica ao trabalho na empresa.

Serviço discreto

A Sniff Dogs diz que oferece um serviço “discreto” e evita o desconforto dos pais que exigem que os filhos se submetam a um teste para comprovar que não usam drogas, já que os cães podem ser utilizados até mesmo sem o conhecimento dos jovens.

“A maioria dos jovens nega (que usa drogas), e aí o que você faz?”, perguntou Pat Winterstein, uma das usuárias do serviço, à ABC. Ela tem três filhos, o mais jovem de 14 anos.

“Não saber é preocupante”, diz a americana. “É bom saber que há algo que você pode fazer.”

Por outro lado, o psicólogo americano Neil Bernstein, autor do livro How to Keep Your Teen out of Trouble (“Como Manter o seu Adolescente Longe de Problemas”, em tradução livre), adverte que o uso dos cães da Sniff Dogs pode ser invasivo demais e atrapalhar a relação entre pais e filhos.

“Quando os pais fazem isso, desgastam a confiança”, afirmou Bernstein.

O site da Sniff Dogs diz que o serviço pode também ser usado por empresários interessados em saber se seus funcionários estão usando drogas no local de trabalho.

Notícia publicada na BBC Brasil , em 24 de outubro de 2008.

Claudia Cardamone comenta*

Quem iria contratar um cachorro para farejar o quarto do filho, em busca de drogas? Provavelmente uma pessoa doente. Pode parecer estranho, mas, como disse Pat Winterstein, não é preocupante o filho usar drogas, o que é preocupante é não saber, não ter o que fazer. Ou seja, é a necessidade de controlar o outro, e esta necessidade vai de encontro com um dos principais princípios da doutrina espírita, que é o livre-arbítrio.

Como exigir respeito de um jovem a quem não respeitamos? Não é só o jovem que precisa de ajuda, mas a família como um todo, pois os pais não estão sabendo lidar com esta situação. Afinal, o filho disse que não usa drogas, porque os pais não podem dar um voto de confiança? Eu não estou questionando como se deve tratar o problema do vício das drogas, mas o descontrole familiar chegou ao ponto de tratar os próprios filhos como criminosos e não como seres amados, doentes, que precisam de nossa ajuda. Veja bem, são cães policiais aposentados!

É uma total inversão do princípio básico de inocência, onde o indivíduo é inocente até que se prove o contrário. Na cabeça destas pessoas, que sofrem tormentos incalculáveis, não existem inocentes, existem aqueles que assumem e aqueles que mentem. E é este pensamento que destrói qualquer possibilidade de relação franca, aberta e fraterna.

E o mesmo ocorre nas relações de trabalho, onde o empregador trata seus funcionários, não como parceiros, mas como criminosos em potencial, colocando-se em prontidão para um possível flagrante. Será que num ambiente assim, poderia se desenvolver uma relação sadia e fraterna entre as pessoas envolvidas?

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.