Carregando...

  • Início
  • Escrever sobre emoções pode aliviar dores de vítimas de câncer

Para alguns pacientes com câncer, colocar as emoções no papel pode ajudar a diminuir a dor e aumentar o bem-estar, segundo um estudo de pesquisadores americanos. Carlos Miguel Pereira comenta.

  • Data :13/11/2008
  • Categoria :

Escrever sobre emoções pode aliviar dores de vítimas de câncer

da Reuters , em Nova York

Para alguns pacientes com câncer, colocar as emoções no papel pode ajudar a diminuir a dor e aumentar o bem-estar. É o que afirma um estudo do Tufts-New England Medical Center, em Boston (EUA), publicado no “Journal of Pain & Symptom Management”.

Segundo a equipe liderada por Soledad Cepeda, escrever sobre a situação também auxilia as vítimas da doença a se conhecer e a entender melhor suas necessidades.

Os pesquisadores dividiram 234 pacientes de câncer aleatoriamente em três grupos: para um, foram solicitados relatos em texto; outro teve de responder a um questionário sobre dor e sintomas; e o último permaneceu apenas com o tratamento básico, sem perguntas ou textos. Todos eles sofriam de dores em níveis no mínimo moderados.

O primeiro grupo teve de escrever sobre como o câncer afetava suas vida durante 20 minutos por semana, por três semanas.

No início do estudo e uma vez por semana, durante oito semanas, todos os participantes preenchiam um questionário sobre seu bem-estar e classificavam seu nível de dor.

Em geral, os que fizeram relatos por escrito registrando suas emoções demonstraram sentir menos dor do que o restante. O mesmo efeito não foi registrado naqueles que escreveram textos, mas não externaram seus sentimentos.

O estudo sugere que a expressão das emoções pela escrita, especificamente, ajuda os pacientes a lidar com a dor. Mas também é possível, segundo os pesquisadores, que os pacientes mais graves tenham mais dificuldades em escrever sobre seus sentimentos.

Notícia publicada na Folha Online , em 21 de julho de 2008.

Carlos Miguel Pereira comenta*

Os mais poderosos fármacos não vêm embalados, não possuem receita médica, nem efeitos secundários. São valiosíssimos instrumentos que estão à disposição de todos para a promoção do seu crescimento, conhecimento e equilíbrio, mas que poucos utilizam de forma cuidada.

Escrever sobre o que sentimos é um recurso, mais poderoso do que imaginamos, para ultrapassar muitos dos problemas íntimos e perturbações que nos abalam. Leva-nos a admitir quem somos e não percebemos, liberta-nos dos medos, das mágoas e dos ressentimentos que nos prendem os movimentos e dos quais conhecemos muito pouco. Muitas vezes nem conseguimos explicar de onde é que eles vêm e como nasceram. Escrever ajuda a cimentar idéias e objetivos, porque colocar no papel as nossas emoções é desabafar e partilhar o nosso mundo.

Não é de estranhar que os pacientes que escrevem sobre as suas emoções revelem um maior bem-estar. Nós vivemos sem nos apercebermos de quem realmente somos, ignorando conscientemente os sentimentos que cultivamos, as emoções que emitimos, mentindo a nós mesmos e aos outros, modificando a nossa maneira de ser para tentar agradar a gregos e a troianos, impedindo que iniciemos a primeira fase do nosso trabalho de superação das dificuldades: o reconhecimento e aceitação da existência dessas adversidades e do que sentimos verdadeiramente em relação a elas. Porque só conseguimos enfrentar, ultrapassar e vencer aquilo que admitimos que existe.

Ao escrevermos sobre nós e o que sentimos, analisamos, meditamos e sobretudo pensamos na pessoa que somos e em que nos estamos a tornar. Ao ganharmos coragem para enfrentar a descoberta do nosso verdadeiro eu, ao colocarmos a lupa sobre nós mesmos, damos um passo de gigante na compreensão do que nos desassossega e do que precisamos fazer para vencer essa perturbação. Se ignorarmos ou sobrevalorizarmos as nossas fragilidades, mantemo-nos inseguros e perturbados, mas à medida que formos tomando consciência dos nossos sentimentos e emoções, à medida que os formos aceitando como naturais, tornamo-nos mais fortes, preparados e confiantes para enfrentar e ultrapassar essas e outras adversidades.

  • Carlos Miguel Pereira trabalha na área de informática e é morador da cidade do Porto, em Portugal. Na área espírita, é trabalhador do Centro Espírita Caridade por Amor (CECA), na cidade do Porto, e colaborador regular do Espiritismo.net.