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Por questão de segurança, delegado decidiu não tirar suspeito da delegacia. Policiais devem ouvir moradores de região onde parte do corpo da vítima teria sido jogada. Jorge Hessen comenta.

  • Data :07/08/2008
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Suspeito de matar jovem inglesa recebe ligação da mãe

Por questão de segurança, delegado decidiu não tirar suspeito da delegacia. Policiais devem ouvir moradores de região onde parte do corpo da vítima teria sido jogada.

Glauco Araújo Do G1, em Goiânia*

Mohammed D’Ali Santos, de 20 anos, o principal suspeito de ter matado e esquartejado a jovem inglesa Cara Marie Burke, de 17 anos, recebeu uma ligação da mãe na manhã deste sábado (2). Segundo o advogado, Carlos Trajano, Ivany Carvalho dos Santos, que vive na Inglaterra, está muito revoltada com o ocorrido. “Ela me disse que está se sentido muito mal. Ela alega que, se estivesse no Brasil, ao lado o filho, esse crime não teria acontecido.”

O irmão de Santos, Bruce Lee, viaja para o Brasil na próxima semana para acompanhar o caso de perto. “É mais uma forma de prestar apoio ao rapaz. Ele só não veio antes porque não achou passagem aérea da Inglaterra para o Brasil”, disse o advogado.

Cara foi morta e esquartejada no fim de semana passado. Santos foi preso na quinta-feira (31). Os policiais que o prenderam gravaram uma confissão do rapaz e ainda uma tentativa de suborno. Ainda de acordo com a polícia, ele voltou a confessar que matou a jovem em depoimento formal, na sexta-feira (1º).

Os bombeiros pretendiam levar Santos até o local onde os membros de Cara teriam sido jogados neste sábado, mas o delegado Jorge Moreira, da delegacia de homicídios, disse o rapaz não deve sair da delegacia onde está preso, por questão de segurança. O delegado afirmou ao G1 que pretende pedir a transferência do suspeito.

A Polícia Civil deve ouvir donos de chácaras da região onde partes do corpo da jovem inglesa teriam sido jogadas, em Bonfinópolis (GO), a cerca de 30 quilômetros de Goiânia. De acordo com ele, o objetivo é saber se os moradores viram pacotes suspeitos ou sentiram cheiro de material em decomposição nos últimos dias.

Defesa

Para o advogado Trajano, não há como mudar o quadro de réu confesso de Santos. “Ele confessou que cometeu o crime, mas o que vou trabalhar é a questão de que ele vinha de quatro dias ininterruptos de consumo de cocaína. Acredito que ele nem saiba ainda o que realmente fez. Aos poucos, o efeito permanente dos entorpecentes se afasta e a personalidade dele volta ao normal”, disse ao G1 .

O advogado afirmou ainda que, na carceragem da Delegacia de Homicídios, o rapaz confessou que já chegou a usar gás de cozinha para se drogar. “Quando ele não tinha as drogas que costumava usar, ele cortava a mangueira do gás e cheirava aquilo até desmaiar.”

O advogado disse que a personalidade agressiva e o vício em drogas do cliente podem ser conseqüências do sentimento de perda do pai. “O pai dele era um cabo da Polícia Militar, que foi assassinado em 1989. Ele, apesar de não conhecer o pai, sentiu muito a perda e passou a usar drogas.”

Desde pequeno, segundo o advogado, Santos atirava pedras em viaturas. “Era um sinal de revolta pela perda do pai policial. Depois disso, ele teve alguns problemas com furto e roubo e até com outra tentativa de homicídio, quando adolescente”, disse Trajano.

Ele não concorda com a possível transferência do cliente. “O delegado pode ter necessidade de ouvir o menino novamente e isso pode atrapalhar o próprio trabalho de investigação.”

Entenda o caso

Os investigadores afirmam que Cara teria ameaçado contar à polícia e também à família de Santos que ele estaria envolvido com drogas. A polícia diz que ele confessou o crime. O rapaz teria dito, em depoimento preliminar, que matou a garota, foi a uma festa e, depois, esquartejou o corpo.

O tronco da jovem inglesa foi encontrado na segunda-feira (28), dentro de uma mala, perto da BR-153, às margens de um rio. A arma usada no crime, uma faca, e luvas cirúrgicas foram encontradas pela polícia em um bueiro na rua onde mora o suspeito. O material foi levado para perícia.

A polícia espera a localização dos membros da vítima para formalizar a identificação de Cara. Até agora, o reconhecimento do corpo foi feito apenas pela tatuagem que ela fez nas costas.

A polícia também investiga a possível participação de uma segunda pessoa no crime. Ela teria ajudado a esconder o corpo da estrangeira.

Amizade e protesto

Na página de Santos, no Orkut, até sexta-feira (1º), internautas haviam deixado mais de 6 mil mensagens de protestos e pedidos de justiça.

A amizade de Cara com ele preocupava os amigos que a inglesa fez em um bairro da periferia de Goiânia. “Todo mundo falava e sabia que o Mohammed não era uma pessoa boa pra ela, porque todo mundo sabia que ele mexia com droga”, conta uma amiga.

Segundo as pessoas que conviviam com a jovem estrangeira, Santos não tinha emprego e não estudava. “Ele não fazia nada. É uma pessoa que não se importa muito com o que está acontecendo ao redor dele. Tanto faz se ele dormir, se ele comer, se é dia, é noite. Pra ele, tanto faz”, conta uma testemunha, que não quis se identificar.

*(Com informações da TV Anhanguera)

Notícia publicada no Portal G1 , em 2 de agosto de 2008.

Jorge Hessen comenta**

EDUCAR OS FILHOS, EIS O DESAFIO PARA UM MUNDO SEM VIOLÊNCIAS

Jornais, redes de TV, revistas, rádios, Internet noticiaram um crime horroroso ocorrido recentemente em Goiânia. Um jovem usuário de drogas confessou que matou e esquartejou uma jovem inglesa em seu apartamento. O advogado da família do assassino tentou explicar que a personalidade agressiva e o vício em drogas do cliente podem ser conseqüências do sentimento de “perda” do pai (um policial morto em  serviço). Mas o assassino, além de viver às expensas da mãe, não tinha emprego, não estudava, não fazia nada e conseqüentemente não se importava muito com o que estava acontecendo ao seu redor, segundo amigos próximos.

Diante do macabro episódio, a mãe da jovem inglesa assassinada afirmou que temia o envolvimento da filha com o tráfico e uso de drogas. O pai da moça, segundo parentes, nunca esteve presente para ajudar na sua educação. Sabe-se que a moça morta esteve um ano internada em instituição para tratamento de viciados, na Inglaterra. Para a mãe, sua “filha não era um anjo”, mas não merecia morrer assim, pois ainda tinha toda a vida pela frente, mas por causa de um “monstro humano” não poderá realizar seus sonhos. Desabafou a mãe da vítima.

A violência contra a jovem inglesa, embora bárbaro, e em cuja explicação não é tarefa simples, nos obriga a ilações diretas que passam invariavelmente pela questão da educação dos nossos filhos. Antes de quaisquer comentários, sabemos que se faz mister uma revisão nos processos educativos dos nossos rebentos para melhoria da sociedade. Como adeptos do Espiritismo, devemos ministrar a educação espírita a nossos filhos e não podemos deixar de fazê-lo sob qualquer pretexto. Os Espíritos nos elucidam que a fase infantil, em sua primeira etapa (até os sete anos aproximadamente), é a mais importante para todas as bases educativas, razão pelo qual não podemos esquecer nossos deveres de orientação aos filhos. Como o encarnado traz muito da experiência de vida anterior, em nenhuma hipótese essa primeira etapa deve ser encarada com indiferença. Até porque a errônea idéia de que a criança deve desenvolver-se com a máxima noção de liberdade pode dar margem a trágicas conseqüências.  “A criança livre é a semente do celerado. A própria reencarnação se constitui, em si mesma, restrição considerável à independência absoluta da alma necessitada de expiação e corretivo”. (1)

Portanto, os pais devemos ensinar a tolerância mais pura, mas não desdenhemos a energia quando seja necessária no processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das tendências e a diversidade dos temperamentos. Como ilustra Emmanuel: “Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio, para que sejam igualmente amparados no mundo, na hora de amargura que os espera, comum a todos os espíritos encarnados. Nos problemas da dor e do trabalho, da provação e da experiência, não deve dar razão a qualquer queixa dos filhos, sem exame desapaixonado e meticuloso das questões, levantando-lhes os sentimentos para Deus, sem permitir que estacionem na futilidade ou nos prejuízos morais das situações transitórias do mundo. Cumprindo esse programa de esforço evangélico, na hipótese de fracassarem todas as suas dedicações e renúncias, compete às mães incompreendidas entregar o fruto de seu labores a Deus, prescindindo de qualquer julgamento do mundo, pois que o Pai de Misericórdia saberá apreciar os seus sacrifícios e abençoarão as suas penas, no instituto sagrado da vida familiar.” (2)

Portanto, os pais espíritas devem conduzir energicamente os filhos para a educação de evangelização espírita. Qualquer indiferença nesse particular, segundo Emmanuel, “pode conduzir a criança aos prejuízos religiosos de outrem, ao apego do convencionalismo, e à ausência de amor à verdade.” (3) Destarte, agir contrariamente a essas normas é abrir para o criminoso de ontem a mesma porta larga para os excessos de toda sorte, que conduzem ao aniquilamento e ao crime. “Os pais espiritistas devem compreender essa característica de suas obrigações sagradas, entendendo que o lar não se fez para a contemplação egoística da espécie, mas, sim, para santuário onde, por vezes, se exige a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.” (4)

Como devemos fazer para cumprirmos evangelicamente os nossos deveres, conduzindo os filhos para o bem e para a verdade? Os pais devem ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família. A missão dos pais, principalmente da mãe, resume-se em dar sempre o amor de Deus, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. Nos labores do mundo, existem aquelas (mães) que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente particularista; contudo, é preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte da ternura. “A mãe terrestre deve compreender antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus.” (5)

Os filhos, quando crianças, registram em seu psiquismo todas as atitudes dos pais, tanto as boas quanto às más, manifestadas na intimidade do lar. Por esta razão, os pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente, buscando um diálogo franco com os filhos, sobretudo amando-os, independentemente de como se situam na escala evolutiva. Coincidentemente, ou não, os jovens que dependem exageradamente dos tóxicos (como no caso de Goiânia), são pouco amados pelos pais, sentem-se deslocados no grupo familiar ou se consideram pouco atraentes, etc. Por estas e muitas outras razões, os pais devem transmitir segurança aos filhos através do afeto e do carinho constantes. Afinal, todo ser humano necessita ser amado, gostado, mesmo tendo consciência de seus defeitos, dificuldades e de suas reais diferenças.

Outro posicionamento a ser observado é nunca partir para atitudes extremas, como por exemplo: violência verbal, violência física ou, ainda, movidos por extrema impaciência, expulsar um filho de casa. Qualquer ato precipitado dos pais poderá reverter contra eles mesmos, futuramente, e lançá-los à dor do arrependimento tardio. Convém que não se esqueçam, principalmente, de que a oração fervorosa é a mais poderosa ferramenta de que o homem dispõe como solução contra quaisquer sugestões do mal. Por falar em solução, existem várias maneiras paralelas de ajuda aos que dependem da droga: tratamento médico; terapias cognitivas e comportamentais; psicoterapias; grupos de auto-ajuda, a considerar: Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos, etc. As famílias que se deparam com um drama desses no lar, em primeiro lugar devem procurar forças em Deus e em Jesus, porque Ele não veio somente para os sãos, mas, fundamentalmente, para os enfermos.

O Espiritismo não propõe soluções específicas, reprimindo ou regulamentando cada atitude, nem dita fórmulas mágicas de bom comportamento aos jovens. Prefere acatar, em toda sua amplitude, os dispositivos da lei divina, que asseguram a todos o direito de escolha (o livre-arbítrio) e a responsabilidade conseqüente de seus atos. Por todas essas razões, precisamos aprender a servir e perdoar; socorrer e ajudar os jovens entre as paredes do lar, sustentando o equilíbrio dos corações que se nos associam à existência e, se nos entregarmos realmente no combate à deserção do bem, reconheceremos os prodígios que se obtêm dos pequenos sacrifícios em casa por bases da terapêutica do amor.

Desde os primeiros anos, deve-se ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. Urge salientar que quando os filhos são rebeldes e incorrigíveis, impermeáveis a todos os processos educativos, “os pais, depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no trabalho de orientação educativa dos filhos, que sem descontinuidade da dedicação e do sacrifício, esperem a manifestação da Providência Divina para o esclarecimento dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da compreensão e do sentimento.” (6)

Referências:

  1. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 17ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995;

  2. idem;

  3. idem;

  4. idem;

  5. idem;

  6. idem.

** Jorge Hessen é natural do Rio de Janeiro, nascido em 18/08/1951. Servidor público federal lotado no INMETRO. Licenciado em Estudos Sociais e Bacharel em História. Escritor (dois livros publicados), Jornalista e Articulista com vários artigos publicados.