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Depósitos de sal evidenciam a existência de água em um passado remoto e podem oferecer provas de alguma forma de vida. Breno Henrique de Sousa comenta.

  • Data :01/07/2008
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Depósitos de sal podem oferecer pistas sobre vida em Marte, diz estudo

da Efe , em Washington

Depósitos de sal descobertos em Marte evidenciam a existência de água em um passado remoto e podem oferecer provas de alguma forma de vida no planeta vermelho, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira pela revista “Science”.

Os depósitos de minerais de cloreto foram descobertos por uma câmera instalada na sonda Odyssey, que viaja em órbita marciana.

Por meio da câmera do Themis (Sistema de Imagem de Emissão Termal da Odyssey, na sigla em inglês), os cientistas da Universidade do Havaí, da Universidade Estadual do Arizona e do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato, na sigla em inglês), da Nasa (agência espacial dos EUA), descobriram cerca de 200 lugares no hemisfério sul de Marte com características que revelam a existência dessas jazidas minerais.

“A Themis nos permite olhar com detalhes o espectro infravermelho termal, que é o melhor para encontrar depósitos de sal longínquos da órbita”, disse Philip Christensen, cientista da Universidade Estadual do Arizona.

Cores

As reservas de sal aparecem nas latitudes médias e baixas do planeta, onde o terreno é muito antigo e cheio de crateras, afirmaram os cientistas em seu relatório.

Segundo Mikki Osterloo, da Universidade do Havaí, os cientistas fizeram a descoberta ao perceber mudanças de cores nas imagens proporcionadas por Themis.

“Comecei a observar esses lugares porque mostravam um azul intenso em um conjunto de imagens, verde em um segundo conjunto e laranja amarelado em outro”, disse a geóloga, autora principal do relatório.

Segundo Christensen, muitos dos depósitos se encontram em conchas nas quais desembocam uma série de canais.

“Esses são os tipos de características, como as da Terra, que revelam o fluxo de água durante um tempo prolongado”, disse.

Quente e úmido

Os cientistas dizem acreditar que os depósitos de sal se formaram entre 3,5 bilhões e 3,9 bilhões de anos, época em que o planeta era provavelmente muito mais úmido e quente.

Christensen afirma que “por sua natureza, os depósitos de sal apontam para a existência de muita água, que pode ter existido em lagoas antes de sua evaporação”.

“Isso é crucial. Para a vida é indispensável que haja um habitat que se mantenha durante algum tempo”, acrescentou.

Por outro lado, existe o que o cientista qualificou como “efeito de concentração”.

Os depósitos estão em conchas sedimentares e, provavelmente, qualquer rastro de material orgânico se dispersou com o fluir da água.

No entanto, durante um tempo muito longo, “a água que fluiu até a bacia pôde concentrar os materiais orgânicos e é possível que agora estejam bem preservados no sal”, declarou a autora do estudo.

Notícia publicada na Folha Online , em 20 de março de 2008.

Breno Henrique de Sousa comenta*

A Conquista do Espaço

O homem sempre busca ultrapassar as fronteiras do desconhecido, seja no micro ou no macrocosmo. Esta curiosidade natural nos faz caminhar na direção de grandes respostas e de novas perguntas que até então não tinham sido feitas. As religiões são impulsionadas pelo mesmo móvel das ciências – entenderem a origem e a razão de nossa existência no universo – mas divergem quanto aos seus métodos, pelo menos no que se trata de ciências e religiões tradicionais.

Para o Espiritismo, nunca houve este conflito entre ciência e religião e as conquistas da ciência, ao invés de enfraquecer a fé dos espíritas, fortalecem e dão força aos seus postulados. Diz-nos Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. I, Item 8): A ciência e a Religião são duas alavancas da inteligência humana; uma revela as leis do mundo material e a outra as do mundo moral. Tendo, no entanto, essas leis o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se. Se fossem a negação uma da outra, uma necessariamente estaria em erro e a outra com a verdade, portanto Deus não pode pretender a destruição de sua própria obra. A incompatibilidade que se julgou existir entre estas duas ordens de idéias provém apenas de uma observação defeituosa e de excesso de exclusivismo, de um lado e de outro. Daí um conflito que deu origem à incredulidade e à intolerância.

Agora a ciência avança para comprovar a existência de vida biológica, ou sinais de existência remota de vida, no planeta Marte. Esta descoberta, que se dará mais cedo ou mais tarde, em Marte ou em outro planeta, e virá fortalecer o postulado espírita da “pluralidade dos mundos habitados” e de que Deus semeia o universo de vida e não apenas o nosso pequeno planeta. Se há vida biológica, é possível também, que em outros planetas, em condições favoráveis como a Terra, tenha surgido vida inteligente que se encontra em estado mais ou menos avançado que em nosso planeta. Esta não é apenas uma elucubração de idealistas e visionários, existe na astronomia uma fórmula para calcular o possível número de planetas habitados em nossa galáxia e destes, quantos possivelmente podem ter vida inteligente.

Um ponto polêmico nestas descobertas é o fato das obras espíritas fazerem referência a existência de vida em planetas como Marte e Júpiter, mas é preciso também entender que “vida” no ponto de vista da espiritualidade, não se resume apenas a biologia do nosso plano físico. No Espiritismo, a vida recebe uma conceituação mais ampla, sua origem está no plano espiritual e no princípio espiritual, e uma das dimensões em que se apresenta é a matéria. Por isso, quando lemos a respeito de habitações e cidades nestes planetas, devemos entender que elas existem em condições semelhantes as de nossas colônias espirituais aqui na Terra, como o que lemos, por exemplo, em obras como Nosso Lar, do espírito André Luiz.

Para quem está menos familiarizado com os conceitos espíritas, parece absurda a idéia da existência de cidades no plano espiritual. Hoje a ciência já vislumbra realidades que tornam possível a existência de outros planos de vida. Teorias como a dos universos paralelos (Teoria M) ou dos campos morfogenéticos (Rupert Shaldrake) falam respectivamente da existência de realidades paralelas e de fatores não físicos que agem sobre os processos biológicos até então conhecidos.

Familiaridade. Esta palavra é chave no que se refere aos nossos preconceitos ou repulsa a certas informações. Tudo que nos é familiar nos parece comum e possível, mesmo que seja fantástico e incomum. A hipótese da existência de um plano espiritual e de espíritos não é mais improvável que a da existência da própria vida biológica. Uma célula viva é formada dos mesmos vinte aminoácidos que compõem todos os seres vivos do universo e a função destes aminoácidos, por sua vez, depende da ação de mais ou menos duas mil enzimas que ativam estes aminoácidos. Segundo Jean Guitton (Deus e a Ciência – Nova Fronteira, 1999) os biólogos foram levados a calcular a probabilidade de um milhar de enzimas diferentes se aproximarem de modo ordenado até formar uma célula viva ao longo de bilhões de anos de evolução e chegaram ao incrível número de 101.000 possibilidades contra 1, o que equivale a dizer que essa chance é nula e que a vida parece dever-se a algum milagre, tantas são as condições necessárias para viabilizá-la.

Aos poucos a humanidade se familiarizará com realidades como a existência de vida em outros planetas e a existência de um mundo espiritual, real e em constante intercâmbio com o mundo físico. É uma conseqüência natural do progresso, contra qual não importa quem se oponha, ciências ou religiões tradicionais e sectárias, conforme nos diz Allan Kardec: Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más. Quando estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se esforcem por mantê-las. Assim será, até que o homem tenha posto suas leis em concordância com a justiça divina, que quer que todos participem do bem e não da vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco.

  • Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.