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‘O problema não é falta de dinheiro, é falta de companhia’, diz secretária municipal. Um dia após a estréia, serviço recebeu cerca de 230 ligações. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :31/05/2008
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‘Disque-solidão’: Rio oferece psicólogo para solitários

‘O problema não é falta de dinheiro, é falta de companhia’, diz secretária municipal. Um dia após a estréia, serviço recebeu cerca de 230 ligações.

Daniella Clark Do G1, no Rio

Mulheres de classe média, solteiras ou separadas, de 40 a 55 anos. Esse é o perfil de quem vem procurando o recém-lançado serviço telefônico da Prefeitura do Rio “Eu preciso de você”, uma espécie de disque-solidão (veja os números abaixo), que funciona 24 horas. Desde quinta-feira (10), a Secretaria municipal de Assistência Social já registrou 230 telefonemas, a maioria feitos de dia.

Do outro lado da linha, dois agentes comunitários e uma pedagoga encaminham quem está em busca de companhia para centros de convivência e agendam visitas domiciliares. As primeiras visitas começarão a ser feitas a partir da próxima semana.

“A maioria dos que procuram o serviço são mulheres de classe média, de bairros como Tijuca, Vila Isabel e da Zona Sul do Rio. O problema não é falta de dinheiro para ir ao teatro, por exemplo. É falta de companhia”, explicou o secretário municipal de Assistência Social, Marcelo Garcia.

Em busca de um namorado

A assistente social Ana Claudia Sampaio conta que, apesar de 90% das ligações partirem de mulheres de 40 a 55 anos, já recebeu telefonemas de um rapaz de 22 anos e de uma senhora de 80. O serviço registrou 140 ligações no primeiro dia e 90 até as 15h20 desta sexta-feira (11).

Muitas ligações partem de municípios da Baixada Fluminense, onde não poderão ser feitas visitas, e há telefonemas até mesmo de São Paulo e do Recife.

“O público mais idoso liga reclamando da falta de afeto da família, da falta de convivência com os filhos. Já o pessoal mais jovem está buscando um relacionamento, reclamam que não conseguem namorado”, contou Ana Claudia.

Baile será realizado em maio

Segundo Garcia, o projeto foi criado após um teste feito com um número de celular, que não parou de receber ligações durante os dois dias em que ficou disponível. Ao detectar a demanda, a secretaria passou a oferecer dois números fixos e um celular, para atendimento 24 horas.

As visitas domiciliares serão feitas por psicólogos e assistentes sociais dos 49 centros de assistência social do município. Segundo Ana Claudia, metade das pessoas que ligaram para o serviço pediram visitas domiciliares. Além disso, uma vez por mês será organizado um baile, já batizado de “Xô solidão”. O primeiro será realizado na segunda quinzena de maio.

Confira os telefones:

Durante o dia: (21) 2503-2372 e (21) 2503-2376. Durante a noite: (21) 3292-7438. Celular (durante o dia, até 20h): (21) 9923-0944.

Notícia publicada no Portal G1 , em 22 de maio de 2008.

Claudia Cardamone comenta*

A prefeitura do Rio lança um serviço telefônico que tem como objetivo auxiliar aqueles que sentem solidão.

Em “O Livro dos Espíritos”, no capítulo VII, Da Lei de Sociedade, os Espíritos falam da necessidade da vida social. Afirmam que Deus fez o homem para viver em sociedade, que não deu inutilmente ao homem a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação. Afirmam também que o homem deve progredir, mas não sozinho, não o pode fazer porque não possui todas as faculdades.

Pela reportagem, muitas das pessoas que procuraram este serviço, reclamaram da falta de companhia, de afeto da família, de convivência com os filhos e de um namorado. Elas estão solitárias?

De acordo com o Dicionário Aurélio, solitário é aquele que está desacompanhado, isolado, que não se adapta à sociedade, misantrópico (misantropo é aquele que evita a convivência, que é solitário). Assim, fico pensando quando nos sentimos solitários, o que nós fazemos para resolver este problema? Sentados numa sala vazia, reclamamos que não encontramos ninguém para nos fazer companhia, nossos parentes nem ligam para nós, e vamos cada vez mais afundando numa baixa vibração. Mas será verdade?

Se perguntarmos a uma pessoa solitária: “Você não conhece ninguém?”, será mesmo que ela vai responder “Não”? Há uma boa chance dela afirmar que conhece algumas pessoas, e se perguntarmos porque não se relaciona com elas, poderemos ouvir algo como: “Não suporto fulano, ciclano é muito chato, fulaninha está casada, etc.” Todos nós, sem exceção, reencarnamos com uma prova em comum, a mais difícil de todas, que é aprendermos a nos relacionar com o outro, seja ele quem for. E quando nos afastamos desta prova, nossa consciência nos indica isto, e sofremos.

Esta iniciativa é muito boa, pois é um instrumento a mais para apreendermos a nos relacionar melhor.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.