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  • Ex-defensora da eutanásia muda de posição diante da própria doença

Portadora de um câncer incurável, a oncologista Sylvie Menard, de 60 anos, mudou sua posição em relação à eutanásia. Claudia Cardamone comenta.

  • Data :10/02/2008
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Ex-defensora da eutanásia muda de posição diante da própria doença

Uma semana antes de a Assembléia Geral da ONU pedir ao mundo o fim da pena de morte, o jornal italiano Avvenire estampava a notícia procedente de Milão sobre a oncologista Sylvie Menard, de 60 anos, que, por conta de um câncer incurável na medula, acabou por mudar sua posição em relação à eutanásia, outra forma de “assassinato” aprovado em alguns países.

Antes partidária dessa medida para pôr fim ao “sofrimento” dos pacientes, a parisiense, que dirige o Departamento de Oncologia Experimental do Instituto de Tumores de Milão, onde trabalha desde 1969, declarou em um congresso recente que, desde que se descobriu doente, sua perspectiva sobre o tema mudou. “O que verdadeiramente querem os enfermos de câncer é a luta contra a dor, não a luta pró-eutanásia”, afirmou.

Portadora de um câncer descoberto em abril de 2005, Sylvie declarou: “Algo em mim reagiu. Ainda sem meta de cura, prolongar a vida por alguns anos, de improviso, converteu-se em mim em algo fundamental; quero viver até o final”.

Notícia publicada no Jornal Folha Espírita , em janeiro de 2008.

Claudia Cardamone comenta*

Esta pequena nota encontrada no jornal supra citado nos permite diversos comentários.

Podemos neste fato perceber o verdadeiro sentido das provas neste mundo. Sylvie não descobriu-se portadora de um câncer incurável para sofrer as amarguras da doença, mas esta prova, provavelmente, tinha como objetivo maior fazê-la compreender o que se passava emocionalmente com portadores de doenças incuráveis. Defensora de uma prática incorreta, não necessariamente criminosa, devido ao atenuante de se considerar caridoso amenizar, ou, como podem acreditar alguns de seus defensores, terminar com o sofrimento de entes queridos, ela volta seu testemunho para que se possa repensar esta prática.

A dor é o ponto chave, deste procedimento. Para alguns indivíduos a dor é interpretada como insuportável e o desejo de morrer é apenas o de se ver livre desta dor. Outro indivíduo pode sentir uma dor de mesma intensidade, porém interpretá-la como apenas uma forte dor.

Podemos levantar um outro questionamento interessante, sobre qual dor a eutanásia tem como objetivo “aliviar”, a dor daquele que sofre com a doença ou a dor daquele que sofre com o sofrimento alheio? Quem de nós consegue assistir ao sofrimento de um ente querido impunemente?  A maior caridade da eutanásia seria eliminar o sofrimento dos familiares, e sendo normalmente decidida por eles, não poderíamos também considerá-la uma prática egoísta?

No Aurélio, eutanásia tem dois significados similares: morte serena, sem sofrimento e prática, sem amparo legal, pela qual se busca abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável. Podemos perceber então, que eutanásia não significa eliminar a dor, mas abreviar a vida e é aí que ela infringe a Lei de Deus. A vida é então considerada como dispensável caso não possua saúde plena ou possibilidade desta.

  • Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.