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Ficar enfurecido porque o seu vizinho de trânsito fez uma barbeiragem qualquer não provoca nenhum dano a ele. Em você, entretanto, as conseqüências podem ser bem graves. Saiba como a meditação pode auxiliar nestes momentos.

  • Data :10/01/2008
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Por uma direção mais zen

Mente quieta e coração tranqüilo podem evitar o estresse e doenças graves.   Texto: Adriana Bernardino

Esbravejar, xingar e ficar enfurecido porque o seu vizinho de trânsito fez uma barbeiragem qualquer não provoca nenhum dano a ele. Em você, entretanto, as conseqüências podem ser de três tipos: estresse físico, psicológico e social. Além disso – como se não fosse pouco – você pode desenvolver um quadro de hipertensão arterial.

O médico Dirceu Rodrigues Alves, chefe do departamento de Medicina Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), alerta que ao se irritar “a produção de adrelina no organismo aumenta, podendo gerar um quadro de hipertensão arterial seguido de um acidente vascular cerebral (derrame cerebral) ou infarto”, explica.

Ainda não está convencido a rever seu comportamento ao volante? Lá vai mais um motivo: Alves complementa que “os que insistirem nesse estado emocional regularmente podem ganhar um quadro de hipertensão crônica”.

Os tipos de estresse

Entenda de que forma os estresses físico, psicológico e social afetam você, segundo Alves:

“O estresse físico é aquele cansaço que sentimos ao dirigir por muito tempo ou ao ficarmos parados em um congestionamento. O psicológico acomete as pessoas que levam para a direção a briga com o parceiro, com o chefe, com a empregada etc. e também aquelas que já ficam irritadas só de imaginar o trânsito que terão pela frente. Já o estresse social é gerado por preocupações com compromissos marcados, contas a vencer e atrasos”, explica o médico.

Já está estressado só de pensar em tudo isso? Calma, há medidas eficazes para combatê-los. E, o que é melhor, são totalmente gratuitas e não dependem de mais ninguém, a não ser você mesmo, para executá-las.

Menos estresse, mais zen

Há séculos, a meditação era utilizada por monges, santos, padres e outros religiosos como um meio para chegar a Deus. Atualmente, essa prática conquistou adeptos que nada têm a ver com religião, e é indicada até mesmo por médicos como forma de equilibrar a mente e o físico.

O jornalista Heródoto Barbeiro, há 40 anos praticante de meditação Zazen (também conhecida por meditação vazia, praticada pela tradição Zen Budista), diz que, para evitar o estresse, sempre leva em consideração o que pode estar ocorrendo na vida de outros motoristas, se eles dirigem de forma agressiva.

“A meditação ajuda a entender a dor que outras pessoas podem estar sentindo e o reflexo no modo de dirigir. Ela ajuda a controlar o próprio estresse e a ter equilíbrio, como, por exemplo, refrear os desejos de vingança ou revide”, diz Heródoto.

O jornalista, que passa aproximadamente três horas por dia no trânsito (“atravesso a cidade de um canto a outro, ainda que more perto dos meus empregos fixos”), diz que é muito calmo ao volante. “Não reajo à maneira agressiva de as pessoas dirigirem.”

Uma dica de Heródoto para os motoristas que querem se tornar mais pacientes e tolerantes é equilibrar a mente. “Ela é uma péssima motorista. Solta, comete todo tipo de infração e ainda pode pôr vidas em risco. Respire fundo e respeite a todos, inclusive àqueles que a gente acredita que dirigem mal”, aconselha.

Heródoto Barbeiro tem uma Kombi com o sugestivo adesivo “Só os loucos me acompanham.”

“De certa forma, atraio os ‘loucos’ porque me identifico com eles. Sou um transgressor de regras, coisa que alguns caracterizam como loucura. Minha Kombi é a condução para eu ir e voltar do meu sítio na Serra do Mar, afinal, eu sempre sou um ‘Barbeiro’ no volante”, brinca.

Opinião semelhante à do jornalista tem a monja Isshin, da Comunidade Zen Budista. “Não julgar o outro motorista muda a sintonia do pensamento”. Para evitar esse condicionamento à crítica, a monja sugere, por exemplo, que se invente histórias explicando um possível outro lado da situação.

“Procuro pensar que aquele que, de repente, me deu uma fechada, é uma pessoa boa, e, se ela está agindo assim, é porque talvez esteja com um problema sério”, diz Isshin. A monja recomenda que, se for impossível tentar entender por que o outro motorista agiu como agiu, o mais saudável é inventar histórias boas sobre ele. “Como nós, o outro é um ser humano que só quer a felicidade”, diz.

A monja alerta para o fato de muitas pessoas estarem viciadas em estados de raiva. “Há pessoas que são cronicamente raivosas e só querem um motivo para brigar. Mesmo nesses casos é bom mantermos a calma e não levarmos para o lado pessoal. Tais pessoas vão descontar sua raiva na primeira pessoa que aparecer”, diz Isshin.

Uma prática simples e que dá ótimos resultados, segundo a monja Isshin, é fazer micromeditações ao volante. “A meditação não nos faz perder a percepção a nossa volta; ao contrário, ela nos ajuda a manter a atenção no presente”, explica.

Segundo a monja, é ideal escolhermos em que colocar nossa atenção. “Enquanto dirigimos, podemos focar a atenção na respiração e nos desligarmos dos pensamentos desnecessários. Não somos obrigados a viajar com o pensamento”, ensina.

Assim, da próxima vez que você levar uma fechada ou algo ainda mais irritante, respire e concentre sua atenção no bem.

Lembra-se da canção do compositor Walter Franco que fez sucesso nos anos 70? “Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e coração tranqüilo”.

Notícia publicada no portal WebMotors .